As xicaras do chá
Nara Maria Müller
Capão
da Canoa, 05 de abril de 2025
Há alguns dias eu
disponibilizei, para venda, 10 (dez) das xícaras da minha coleção composta por
20 (vinte).
As lindas xícaras pintadas à mão,
foram adquiridas ao longo de vários anos, desde a primeira edição do famoso e
requintado “CHÁ da XÍCARA” realizado pelas mulheres dos associados ao Rotary
Club de Taquara, no Rio Grande do Sul. Naquele período, quando teve início o
tradicional chá, em que os participantes apreciavam as guloseimas e levavam
suas xícaras para casa, o Rotary era um clube exclusivamente para sócios
homens. As esposas, então, compunham a chamada CASA DA AMIZADE, mantida pelo
clube.
Ou seria o contrário? Elas, as
mulheres da Casa da Amizade não estariam mantendo o clube de Rotary? Enfim, a
verdade é que elas tinham, sim, um papel muito importante na manutenção
financeira e social do Rotary Club, em muitas cidades do país e do mundo.
Em 1998 eu fui uma dessas
integrantes da Casa da Amizade, em Taquara em foi nesse período que uma colega
trouxe a ideia de criarmos o chá da xícara. Realizado, pela primeira vez em
1999, o evento se tornou um sucesso, durante vários anos. Nesse período eu
havia deixado a Casa da Amizade, mas compareci ao chá, como convidada. Até
2009, continuei prestigiando o chá da xícara, quando então, retornei ao clube,
como rotariana.
A cada edição, as mulheres da
sociedade taquarense disputavam a compra de seus convites e ficavam ansiosas
para conhecerem as suas novas xícaras que, pouco a pouco, ampliavam suas
coleções e enfeitavam suas cristaleiras.
As xícaras eram pintadas à
mão, por uma artesã do Litoral Norte. Eram lindas e caras. Mas eram um sucesso!
E o trabalho de higienizar essas xícaras, antes de cada edição do chá, era realizado por rotarianos, rotarianas e pelas integrantes da Casa da Amizade.
As xícaras da primeira edição
não tinham o fio dourado nas bordas, mas eram de uma beleza incrível. O chá da
xícara acontecia no mês de julho, em pleno inverno, no Clube Comercial, ou na
Sociedade 5 de Maio, de Taquara
As felizes participantes do
evento apresentavam seus convites e escolhiam suas mesas. Sobre as mesas
estavam elas, as xícaras, dentro de embalagens que escondiam sua beleza. Ah!
Era uma surpresa maravilhosa abrir aquela embalagem e desvelar a cor e a estampa
da xícara de cada edição. Às vezes aconteciam trocas entre as participantes de
uma mesa, que sempre buscavam pinturas de diferentes flores e cores para
complementarem aquelas xícaras que já estavam em suas cristaleiras, em casa.
Fotos 2 e 3: Eu e a Sofia (minha enteada) no chá de 2006
minha mãe e a Martha Araújo, no chá de 2009
Nos bastidores, os homens, os rotarianos faziam o chá – e que chá maravilhoso - cheio de segredos que nem as suas esposas conheciam!
As mulheres da casa da amizade
distribuíam os pratos de salgados e doces e também serviam o chá às convidadas.
Era lindo! Era mágico!
Em São Leopoldo, elas
continuavam expostas na minha estante / cristaleira. Quando mudei para
Tramandaí, sem espaço para a cristaleira, mantive as xícaras guardadas numa
caixa. Sempre imaginando-as numa nova cristaleira. Usei-as algumas vezes,
quando patronesse de chás em benefício de entidades como: Associação
Beneficente Tudo Posso, Liga Feminina de Combate ao Câncer, ou em eventos do março
por Elas, em Tramandaí. Mas elas voltavam para a caixa depois de lavadas.
Foto 10: preparando a mesa para o Chá da ABTP, em 2019.
Finalmente, em março de 2025, ao nos mudarmos para Capão da Canoa, mandamos fazer uma cristaleira. Mas é pequena, não caberiam as 20 xícaras. Aí veio a decisão de expor apenas 10 (dez) e deixar que as outras 10 (dez) fossem ornamentar outras casas.
A venda foi tão rápida que nem
deu tempo de me arrepender! Na verdade, eu planejei mais esse desapego, afinal,
não devemos manter o que não nos é útil, ou o que ocupa o lugar de outras
coisas. Sejam livres, minhas xícaras! E façam felizes as pessoas que agora as
têm!