quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Reveillon de Iuri e Nara _ by Iuri and Nara

[Início do post: autoria do Iuri]

Neste final de ano resolvemos, a Nara e eu, fazer um réveillon diferente. Deixamos em casa os computadores, e fomos para um lugar onde nossos celulares não pegavam. A ideia era ir sem destino. Na verdade, sem programação nem planejamento, pois tínhamos um destino: o Uruguai. Por esta razão, ao invés de fazer um post para cada dia e evento, como deveria ser mais apropriado para a leitura, vamos fazer um único post com todas as nossas aventuras.

O roteiro inicial era bastante ambicioso. Incluía sair de São Leopoldo, ir até o Chuí, depois Punta Del Este, Montevideo, Colonial Del Sacramento, depois pegarmos uma balsa e irmos a Buenos Aires. Depois, voltar pelo interior do Uruguai, passando por Rio Branco/Jaguarão e retornando para São Leopoldo. Decidimos, na semana anterior, cortar a ida à Argentina porque iria envolver planejamento: comprar antecipadamente passagens na Buquebus, ter um dia certo para chegar em Colonia, etc. Resolvemos sair sem maiores planos, apenas com um roteiro básico. Na véspera de sairmos, ainda na noite do dia 25 de dezembro, eu tive um estalo de como baixar os mapas do Uruguai para o GPS. Finalmente consegui fazer isto, pois é uma dificuldade encontrá-los. Se alguém tiver interesse nos detalhes técnicos, faça um comentário que eu explico como fiz.

Dia 26/12 (segunda-feira): saímos sem pressa para o Chuí. Eu nunca tinha ido para lá, acho. Não tenho lembrança destes free-shops. Fui duas vezes para o Uruguai (1990 e 1997), mas sempre de ônibus. Uma vez direto a Montevideo (1990) e outra para Punta Del Este (1997). Chuí é uma cidade que não existe, na prática.

Ficamos em um pequeno hotel, onde conversamos com um senhor, nativo daquela cidade. Ele nos contou que a cidade tem 5.000 habitantes no papel, que foram arregimentados para poderem se emancipar de Santa Vitória do Palmar. Disse, também, que o povo não tem emprego formal, então, embora não se veja pessoas miseráveis, todos recebem cestas básicas porque não têm comprovação de renda. Segundo esse senhor, durante o inverno, o posto de saúde da cidade vive cheio de gente para consultar, mas no verão, o posto fica quase obsoleto, pois todos trabalham como camelôs, ou como guardas de carros para atender aos turistas. Não há um “centro”, como estamos acostumados em outras cidades. Tudo ocorre na rua da fronteira com o Uruguai. É muito estranho, pois tem uma rua de duas mãos no lado brasileiro e outra rua de duas mãos no lado uruguaio, onde ficam todos os free-shops e cassinos. As duas ruas (brasileira e uruguaia) são separadas por um canteiro central, como se fosse uma só avenida.

Outra coisa incrível para quem vai para o Chuí é a estrada.

Seguimos pela BR-116 até a ponte do Guaíba, depois até Pelotas, onde paramos para conhecer a praia do Laranjal. Depois, seguimos até Rio Grande, onde se entra na BR-471.

Passamos por dentro da reserva ecológica do Taim, que é um cenário lindo, com bandos de capivaras tomando banho de rio e de sol e criando seus filhos em paz, apenas incomodadas pelos motoristas apressados que atropelam as bichinhas que se arriscam atravessar a rodovia. Ao todo, a BR-471 é1 um trecho de 220km sem posto de gasolina e quase nenhuma casa. Portanto, tem que sair de tanque cheio de casa e bexiga vazia.

[2ª parte: autoria da Nara]

Dia 27/12 (terça-feira): Acordamos cedo, tomamos o café da manhã no pequeno hotel, pedimos algumas informações ao proprietário e partimos para mais um dia de viagem. Fomos conhecer o Forte de São Miguel, mas não conseguimos entrar, visto que o local abre para visitas de quartas a domingos e era terça-feira. Apesar disso, conseguimos tirar algumas fotos e perceber a beleza do local e da construção. Ao lado, foto do ambiente interno, tirada através das grades do portão do Forte de São Miguel.

Depois disso, fomos abastecer o carro, no lado brasileiro, onde a gasolina é um pouco menos cara do que no lado uruguaio. Eu validei meu cartão de crédito para poder usá-lo no Uruguai, o Iuri trocou alguns reais por pesos (o bastante para pagar pedágios e para pequenos gastos no país vizinho). Almoçamos num restaurante do lado brasileiro, em Chuí (foto do almoço, ao lado - hehehe) Aliás, como descobrimos depois, as porções no Uruguai são quase tão grandes quanto as canadenses. Depois, fomos ver os preços dos free-shops uruguaios. Compramos apenas algumas coisinhas básicas e comestíveis (chocolates – hehe) para seguir viagem a Punta Del Este. Logo depois de sairmos do centro da cidade de Chuy (lado uruguaio), chegamos à aduana, onde nos cadastramos, apresentando, ou a carteira de identidade, ou o passaporte (eles não aceitam outro documento de identificação pessoal, tal como carteira de motorista), e apresentamos a carta verde, que libera o carro para trafegar no Uruguai. A carta verde pode ser adquirida em Chui, mas nós já tínhamos providenciado antes da viagem, através do nosso corretor de seguros, o que agilizou nossa entrada no país vizinho (porque algumas coisinhas foram sim, planejadas - risos).

Na sequência, fomos conhecer a barra do Chuy, onde o rio e o mar se encontram. É um lugar lindíssimo e aconteceu uma coisa engraçada. Estávamos a poucos quilômetros da aduana, onde nos cadastramos e passamos por um pequeno prédio, onde pedimos informações sobre como chegar à barra de Chuy (foto à esquerda). O informante nos disse para seguirmos em frente e chegamos a esse belo lugar. Creio que andamos em torno de 1 quilômetro até chegar á barra. Tiramos algumas fotos e retornamos à estrada, pois tínhamos que trilhar uma longa estrada até Punta Del Este (nosso destino do dia). Ao chegarmos no tal postinho de informações, fomos barrados pelo mesmo senhor que nos tinha dado informação na ida para a barra. Ele pediu nossos documentos e a carta verde. Descobrimos que tínhamos re-entrado no Brasil e que, agora, estávamos de novo, entrando em solo uruguaio. Foi muito engraçado.

Dali, seguimos até o Forte de Santa Teresa (foto à direita), onde também tiramos algumas fotos externas, pois esse local também é aberto a visitas, apenas de quartas a domingos. Desse ponto em diante, seguimos direto até Punta Del Este, curtindo a excelente estrada, a rota 9, cujo único pedágio, custa 10 pesos, ou R$ 5,00. Já tínhamos gasto em torno de R$ 30,00 de pedágios no RS, trafegando em estradas não tão boas... Chegamos em Punta Del Este, em torno de 20h30min. Tinham nos dito que não conseguiríamos mais hotel, sem ter feito reserva antecipadamente. Por isso, nossa bagagem contava com barraca, colchonete, travesseiros e todos os apetrechos básicos para um acampamento. Começamos a busca por hospedagem. O primeiro hotel que visitamos foi o Concorde, com ótima localização. Eles só tinham um apartamento, com três camas de solteiro. O preço da diária era meio salgado, tendo superado nossas expectativas. Fomos a outros hoteis e vimos que os preços eram todos parecidos, mas poucos tinham acomodação para essa noite. Alguns tinham acomodação para duas noites, mas já tínhamos decidido ficar em Punta Del Este até o ano novo. Na viagem, decidíramos não seguir ate Montevideo.

A capital do país ficaria para outra oportunidade, pois iríamos curtir bastante essa linda praia de Punta. Ficamos com medo de perder a oportunidade de ficar no hotel Concorde e não estávamos dispostos a buscar um camping e ter que montar todo o acampamento. Chegamos de volta no hotel Concorde (foto à esqierda) em torno de 21h30min e fechamos com eles as diárias até 01 de janeiro. Tomamos um banho e saímos para jantar: optamos pelo restaurante La Pasiva, na av. Juan Gorlero (vejam minha cara de cansada na foto à direita, no La Pasiva). Depois disso, caminhamos de volta ao hotel e fomos dormir depois de um longo dia de viagem.

Dia 28/12 (quarta-feira): Tomamos o café da manhã e saímos para conhecer um pouco da cidade. Fomos ao supermercado Devoto, que o Iuri tinha encontrado no Google, e fizemos um rancho de comestíveis. Compramos pratos e talheres descartáveis, pães, manteiga, salame e queijo, frutas e sucos para fazermos algumas refeições no quarto do hotel (já tínhamos contratado um gasto elevado com as diárias do hotel – hehe). No Devoto, vimos um enorme tacho, onde estava sendo feito uma paeja. Decidimos comprar uma porção de paeja para duas pessoas e comer no hotel, durante o almoço. Do estacionamento do supermercado, vimos um casal sentado no gramado, numa sombra, comendo sua paeja e decidimos fazer um

piquenique na praia. Saímos dali e encontramos o lugar ideal, uma prainha à margem do rio Del Plata, com palmeirinhas no gramado. Estacionamos o carro, descemos com as duas cadeirinhas de praia que tínhamos no porta-malas, nossa comida, pratos e talheres descartáveis, sucos... Nos deliciamos com aquela paeja maravilhosa, sentindo aquela brisa indescritível... Depois desse almoço chiquérrimo, voltamos ao hotel e dormimos o resto da tarde – hehehe. À tardinha fomos dar uma caminhada pela praia, voltamos ao hotel para comer um sanduíche (nossa janta) e, novamente, saímos para caminhar no porto. Vimos os leões marinhos tentando dormir nas pedras das docas.

Dia 29/12 (quinta-feira): Nesse dia fomos conhecer Piriápolis, um amor de cidade. Primeiro almoçamos em Punta, o Iuri comeu um “Chivitos” e eu comi um “milanesa em pan”, um enorme bife á milanesa dentro de um super sanduíche com alface e tomate. O Iuri teve que comer de garfo e faca porque não tinha abertura de boca suficiente – hehehehe. Pegamos a estrada (rota 10) e seguimos em direção a Piriápolis. Essa é uma cidade planejada por seu fundador: Francisco Piria (http://pt.wikipedia.org/wiki/Piri%C3%A1polis).



A praia é muito bonita e as construções também, especialmente o Argentino Hotel. Tomamos um chimarrão na calçada à beira mar e depois de caminharmos um pouco.

Depois do chimarrão, fomos tomar um sorvete na Heladeria el Faro. Ali estava sentado um senhor que nos lembrou muito de um ilustre conhecido cubano: Fidel Castro (vide foto à direita) – risos.

Na volta de Piriápolis, paramos num belvedere à beira mar, para contemplarmos a bela paisagem natural, adornada por um espetacular condomínio de luxo. Nesse paradouro encontramos um professor da UFRGS, Paulo Terra, que estava fazendo a mesma viagem que nós, mas de motocicleta. Dali, seguimos para Punta Ballena, onde visitamos a Casa Pueblo, um atellier construído pelo artista plástico Carlos Paez Villaros. As fotos falam por si mesmas a respeito dessa grandiosa obra de Carlos Villaros. Em torno de 21 horas, o sol se pôs sobre o mar, acompanhado de uma poesia com fundo musical, declamada (gravada) pelo próprio artista plástico, Carlos Villaros.

Muita gente assistiu a esse espetáculo junto conosco. Entre essas pessoas, 4 mulheres mineiras que tinham ido até lá, de táxi, pois estavam hospedadas num hotel em Punta Del Este. Oferecemos carona e as levamos de volta à Punta Del Este. Fizemos nossa boa ação do dia...

Dia 30/12 (sexta-feira): Véspera da véspera de ano novo. Tivemos uma ideia brilhante: Como tínhamos decidido seguir viagem de volta a São Leopoldo no dia 1º de janeiro, bem cedinho, resolvemos sair para dançar na noite de 30 de dezembro. Assim, poderíamos dormir cedo na noite seguinte, logo após assistirmos aos fogos de ano novo.



A sexta-feira foi um dia cheio, como todos os outros (cheio de coisas boas!). Fomos visitar o farol de José Inácio, no balneário de mesmo nome. Lugar muito bonito, impressionante pela natureza e pela construção do próprio farol. Tomamos chimarrão num deck sobre os cômoros de areia na beira da praia de José Inácio. Voltamos para nosso hotel, tomamos banho e comemos um sanduíche com suco. Saímos para uma caminhada no entardecer. Queríamos chegar até o farol de Punta Del Este, há umas três ou quatro quadras de nosso hotel. Ficamos maravilhados com uma pequena pracinha, cercada por vários prédios: uma igreja católica, um pequeno hotel (Smalleast hotel), algumas casas e o farol. Pegamos um cartão do hotel e decidimos que é para lá que vamos quando voltarmos a Punta Del Este. Descobrimos os horários das missas de ano novo e voltamos para o hotel. Fomos dormir um pouco (agendamos o despertador para 22h30min, afinal, iríamos sair para dançar e precisávamos descansar um pouco antes disso). Quando o relógio despertou, o Iuri perguntou: “será que 23 horas era um bom horário para irmos dançar?”. Eu respondi que, pensando melhor, achava que seria mais prudente sairmos pela meia noite, afinal, o barzinho onde iríamos ficava a duas quadras do nosso hotel, seguindo na direção do porto. Decidimos descansar mais um tempo e, à meia noite, estávamos na rua, bem produzidos (eu de vestido, maquiagem, salto alto; o Iuri de calça jeans, camisa social e sapatos). Chegamos ao tal barzinho e vimos muita gente jantando. A recepcionista veio com cardápios e nos convidou para jantar. Meio constrangidos, dissemos a ela que pretendíamos dançar e ela, mais constrangida ainda, disse que as músicas para dançar não começariam antes das 2 da manhã. Bem, o que fazer? Voltar ao hotel e aguardar no saguão é lógico... Sentamos no sofá do saguão do hotel e começamos a folhear umas revistas até que o sono nos dominou. Subimos para nosso quarto, eu retirei a maquiagem e fomos dormir.

Dia 31/12 (sábado): Na manhã do dia 31, embora não tivéssemos dançado na noite anterior (ou teríamos dançado? This is the question...), dormimos até mais tarde. Tomamos café da manhã e fomos ao supermercado “Disco” comprar reforço de comida para nosso jantar de Revellion. Aproveitamos para comprar o almoço: um bife à milanesa dentro de um sanduíche. Fomos até a beira do rio Del Plata e, sob uma palmeira, fizemos essa refeição. Acho que dormimos a tarde inteira, depois disso. À tardinha, tivemos nosso jantar de ano novo: sanduíche, bolo de frutas e suco de frutas. Às 20 horas fomos à missa de ano novo na igreja da pracinha perto do Farol. A missa foi muito linda, com reflexões sobre os própsitos de ano novo e a igreja estava completamente cheia. Voltamos para o hotel, arrumamos nossas malas e, perto da meia noite, pegamos nossas cadeirinhas de praia, uma garrafinha de champanhe que estava no frigobar do nosso quarto de hotel e nos dirigimos ao porto. Muita gente se aglomerou no deck às margens do rio Del Plata, próximo às lanchas, no porto.

Pouco antes da meia noite começou o espetáculo de fogos de artifício sobre nossas cabeças e ao longo da praia. Tomamos nosso champanhe sem taças, no bico da garrafa e foi um ano novo completamente diferente de todos os anteriores – risos. Lembramos que, há 4 anos, passamos a virada de ano de 2007 para 2008 em London, Ontario, no Canadá, assistindo a shows musicais e de roller na neve, com nossos amigos Mary-Anne, Zenon, Steve e Larissa. O tempo passa, mas as lembranças boas permanecem em nossas memórias e corações.

Dia 1º/01/2012 (domingo): Levantamos às 7h30min, tomamos café da manhã, fechamos a conta do hotel, carregamos o carro e saímos. No caminho, abastecemos o carro (só o suficiente para chegar a Chui, no RS, pois o preço é bem mais alto no Uruguai). Seguimos viagem rumo a Chuy, onde almoçamos no único restaurante que estava aberto. Uma parilla. Fomos até a loja da Neutral (free-shop) e compramos uma porção de chocolates, doce de leite, e alguns eletro-domésticos. Passamos facilmente pela alfândega, nem pediram para verificar nossas compras.

Depois, pegamos aquele longo trecho da BR-471... Claro que sentimos, os dois, a bexiga incomodar, talvez por sabermos que não havia nada por quilômetros. Foi um trecho mmmuuuuito longo de estrada. Era isto, ou compartilhar o WC das capivaras. Conseguimos um posto na entrada de Pelotas.

No caminho de volta, paramos em Cristal para um lanche e decidimos ir direto a Imbé, onde estava meu filho Lucas, aniversariante do dia. Chegamos a Imbé pouco antes da meia noite, a tempo de dar um abraço de aniversário no Lucas. Ficamos em Imbé até depois do almoço do dia seguinte e voltamos para nossa casa em São Leopoldo. Fim dessa jornada que cumpriu sua missão de ser, efetivamente, FÉRIAS!