Há vários anos, o Iuri tem participado do Decision Sciences Institute - DSI
- um congresso científico de administração e, esta foi a primeira vez que eu
consegui viajar com ele. Ops! Viemos para o mesmo destino, mas fizemos viagens
separadas. O Iuri se inscreveu no congresso e comprou suas passagens em agosto
e, somente em setembro, eu decidi que viria com ele. Não consegui passagens
para os mesmos vôos que ele, então, saímos no mesmo dia, 18 de novembro, em
horários diferentes. O Iuri embarcou às 17h45min, em direção ao Rio de Janeiro
e eu, às 19h03min, para São Paulo.
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Iuri embarcando em Porto Alegre |
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Tive que receber meus tíckets da United
Airlines e correr para a fila da Polícia Federal, pois, segundo o rapaz do
chekin, a fila estava grande e, apesar de ser apenas 21h30min e de que minha
chamada seria só às 22h10, era possível que não chegasse a tempo. Bem, a fila
dava umas 10 a 15 voltas e, no meio dela, tinha uns policiais federais com uns
enormes cães, aterrorizadores... Enquanto eu estava na fila, mudaram o meu
portão de embarque e eu não escutei o aviso. Passei pelos raios x e cheguei ao
portão previamente marcado e não tinha ninguém por lá. Fui perguntar a uma moça
da Air Canada e ela respondeu: "agora não posso falar, pois estou muito
ocupada". Fiquei esperando alguns segundos e saí pelo aeroporto,
perguntando a outras pessoas até que descobri que meu vôo sairia no próximo
portão. Ufa! Nunca fiquei tão feliz por encontrar uma fila enorme à minha
frente. (risos).
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Nara embarcada em Porto Alegre |
Subi a bordo e fui me acomodando no meu banco, graças a Deus,
tudo certo até ali (eu estava faminta! Com tanta correria, não deu tempo de
fazer um lanche no aeroporto. Mas, felizmente, a United Airlines serviu um
jantar gostoso, com mousse de chocolate, de sobremesa (em torno de 1 hora da
manhã, já que meu vôo partiu às 23h20min). Meu banco era no corredor, na
fileira central do avião e, ao meu lado, estava uma senhora e seu esposo. O
casal era um pouco fofinho e ela ocupou o braço direito do meu banco, o que não
me incomodou, já que eu podia usar o braço esquerdo. Lá pelas tantas, todos
foram se preparando para dormir e eu também o fiz. Escovei os dentes, coloquei
meu tapa-olho, coloquei o travesseiro do avião nas costas e o meu travesseiro
de pescoço, tirei os calçados e me cobri com o cobertor fornecido pela
companhia aérea. Minha vizinha de banco virou-se de costas para mim e ocupou
parte do meu assento. Meu primeiro pensamento foi: "era só o que me
faltava..." Mas aí, veio o segundo pensamento: "vou aproveitar as
costas dela e me escorar." Nossa! Dormi como um anjo, pois a mulher
era mais fofinha que o banco - risos. Eu sabia que chegaríamos a New York às 6
horas da manhã (horário local, porque no Brasil, já seriam 9 horas), então, às
5 horas, quando acordei, fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal, guardei
meu travesseiro de pescoço na mala de mão e fiquei esperando o café da manhã,
que aconteceu pelas 5h30min. O Iuri também tinha me avisado que eles
forneceriam um formulário para ser preenchido e entregue ao pessoal da
imigração. Peguei uma caneta na bolsa e tentei preencher o formulário, mas a
caneta não funcionou, de jeito nenhum. Esperei o marido da minha vizinha de
banco preencher o formulário dele e pedi a caneta emprestada. Comecei a
preencher e me mandaram fechar a mesinha do banco à minha frente, para que
pudéssemos aterrissar com segurança. Que medo de não conseguir... Nem sei como,
mas consegui preencher o tal formulário. O avião chegou ao solo às 6h10min e aí
começou o próximo desafio: passar pelo ghichê da imigração, entregar o
formulário, passagens, passaporte, etc. e responder às perguntas que o oficial
me fizesse. Passei nesse desafio e, aí, era só ver se a mala tinha
chegado e despachá-la de novo, para Seattle. Às 8h30min, eu já estava no avião
para Seattle, que levaria 5 horas para chegar ao destino. O horário previsto
para a chegada era 11h59min (horário local, pois, em New York seriam 15 horas
e, no Brasil, 18 horas. Eu não via a hora de servirem o almoço, pois o café da
manhã no avião anterior fora às 5h30min e eu estava faminta. Para minha
tristeza, o lanche oferecido nesse vôo deveria ser pago - era caro, mas eu
estava disposta a encarar, mas aí eu olhei o cardápio e só tinha uns sanduíches
de pão com queijo, ou uns snaks e decidi não comer. Bebi um copo de água que
estavam oferecendo gratuitamente. Tinha uma moça ao meu lado que comeu uma
"quentinha" e uma banana caturra, que tinha trazido a bordo. E eu
ali, com aquela fome!
Cheguei em Seattle em torno de 11h45min, desembarquei e
fui direto buscar minha mala, que, felizmente, chegou. Tentei voltar para onde
eu tinha visto várias cafeterias e lancherias, mas não consegui, pois aqueles
portões eram apenas para apanhar as bagagens e sair do aeroporto. Consegui
encontrar um pequeno quiosque, onde comprei um sanduíche de atum e uma coca-cola:
uma dupla maravilhosa!!! O Iuri chegou às 14 horas, no horário local e aí
começamos nossa jornada juntos!
Foi a primeira vez que fiz uma viagem
internacional sozinha. Ao chegar ao aeroporto de Guarulhos – SP eu
A viagem de Iuri
Eu comprei minha passagem para o congresso do DSI esse ano, e como eu achava
que não teria apoio para vir, acabei reservando um hotel mais barato do que o
Sheraton, onde o congresso vai acontecer. Geralmente, eu fico no hotel do
congresso, porque é muito mais prático. Mas dessa vez, eu só mandei um resumo
da pesquisa. É um trabalho de uma aluna minha, um experimento que ainda está em
andamento, e eu não tinha um artigo completo, com referencial, resultados,
discussão, etc., para enviar. Geralmente, os órgãos de fomento a pesquisa só
ajudam aqueles pesquisadores que mandam artigos completos. Mas qual é a graça
de vir a um congresso científico apresentar um trabalho finalizado, certo? Eu
mandei um trabalho em andamento, para receber feedback quando ainda é tempo.
Bom, voltando ao que interessa. Por causa dessa minha preocupação com a
verba, eu busquei num site de reservas online um hotel próximo e barato. O nome
dele é Ace Hotel, e eu quero fazer um post separado apenas para falar do hotel.
Mas como a Nara já disse, ela decidiu vir depois. Então, eu reservei algo que
eu ficaria bem sozinho, sem pensar muito nela naquele momento. Eu sou um cara
que não precisa de luxo. Uma cama limpa, um chuveiro quente e um quarto
silencioso é tudo o que eu preciso. Bem, tudo mudou quando a Nara decidiu vir.
Depois eu falo sobre isso.
Bom, a viagem: eu nunca fiquei tanto tempo dentro de um avião. Eu não fazia
nem ideia de onde era Seattle antes, e eu só queria vir no congresso. Foram
quatro voos: Porto Alegre-Rio de Janeiro-Houston-São Francisco-Seattle. Como
estamos no horário de verão no Brasil, estamos com seis horas de diferença. Ou
seja, como vamos dormir, no Brasil, por volta das 10 ou 11 horas da noite, isso
aqui é 4 ou 5 horas da tarde. Meio cedo para dormir, certo? Mas eu acho que
descobri um jeito legal para me ajustar rápido às mudanças de fuso horário
grandes. Mais adiante eu conto.
Há algum tempo atrás, houve um ataque terrorista em Boston e o cara estava
usando mochila. Num episódio de "Good Wife", eles estavam atrás de um
terrorista com mochila. Há poucos dias, houve um grande atentado terrorista em
Paris, e os americanos estavam preocupados com ataques nesse país. Uma repórter
sugeriu que as pessoas que fossem a uma das grandes partidas de futebol
americano evitassem usar mochilas. Eu sempre viajo de mochila! Para mim, é
quase certo usar uma. Dessa vez, eu levei medo. Resolvi usar minha pasta tipo
"carteiro" para viajar, além da minha mala de mão. Foi a melhor
viagem internacional que eu já fiz. Espaço para as pernas, eu conseguia me
movimentar bem entre os voos, sair e entrar nos aviões, foi ótimo. A mochila
vai ficar em casa, talvez para sempre. Ou talvez eu a doe para uma instituição
de suporte aos terroristas carentes (risos). Nem sei como poderia se chamar. Nos
Estados Unidos e Canadá, os brechós para carentes se chamam
"Goodwill" (boa vontade). Talvez eles pudessem montar uma alternativa
para terroristas chamada "Badwill"...
Tomei dois sustos no voo. O primeiro foi por uma bobagem. Na hora que eu
comprei minha passagem, havia uma opção "Suffix" e uma das opções era
"PHD". Pensei: "Sou doutor, certo? Vou botar isso." Errado.
O sistema achava que esse era meu sobrenome: GAVRONSKIPHD. Na hora de passar
meu passaporte e bater com a minha passagem, o sistema rejeitou porque eram
pessoas diferentes.... Minha sorte era que a atendente da United Airlines foi
simpática e ligou para os Estados Unidos e resolveu o problema. Vamos ver na
volta...
O outro susto foi na viagem. Como eu disse, foi uma viagem ótima, inclusive
por causa do estorvo que aquela mochila me causava e eu nunca tinha notado.
Dormi bem como nunca antes num voo. Foram 6 horas quase sem interrupção, com
exceção de uma pequena anormalidade. Eu havia dormido fazia coisa de uma hora,
talvez fosse 1h ou 1h30 da madrugada, e eu comecei a sentir um calorão. Isso é
estranho, porque eu geralmente sinto frio no avião. Acordei por causa desse
calorão, e isso também é estranho. Eu não acordo com nada - sou quase um
moribundo quando durmo. Eu fico tendo pesadelos por muito tempo antes de
acordar e perceber que eu estou com frio, com vontade de ir ao banheiro, que
tem um barulho estranho lá fora ou que a Nara está quase quebrando minha
costela tentando me acordar. Eu senti o calorão e acordei rápido. Abri o duto
de ar, tirei a touca e o cobertor, e o calorão aumentava. O suor começou a
escorrer da minha cabeça e eu não conseguia entender o que estava acontecendo.
Então, comecei a sentir um embrulho no estomâgo. Acordei o casal que estava do
meu lado (eu sento sempre na janela - durmo direto) e fui ao banheiro. Lá, eu
retornei ao avião parte da janta que eles me deram, por onde ela entrou, tomei
um pouco d'água, e voltei para o meu lugar. Magicamente, o mal estar passou e
eu dormi novamente, como se nada tivesse acontecido. No outro dia (mais tarde),
acordei como se nada tivesse acontecido, e nada mais de estranho se manifestou.
Mas antes de dormir, do caminho do banheiro de volta ao meu assento no avião,
fiquei pensando: e se esse negócio piorar? Eu estou no início da viagem, e
tenho de apresentar artigo, a Nara vai estar lá... Felizmente, também foi só um
susto.
Eu consegui me conectar, com o telefone, com o wi-fi grátis dos aeroportos e
fui mantendo o pessoal no Brasil informado dos meus passos pelo Whatsapp, como
no ano passado. Já a Nara não teve a mesma sorte. Mas eu não fiquei preocupado.
A Nara estava lá, bem tranquila, me esperando no aeroporto de Seattle. Chegando
lá, fizemos uma "selfie" no aeroporto e mandamos para os filhos, que
parecem ter respirado mais aliviados. Os filhos parecem achar, depois de uma
certa idade, que a gente não tem capacidade de fazer coisas desafiadoras. Bem,
do mesmo jeito que nós, pais, sempre temos medo de deixá-los fazerem coisas que
consideramos perigosas. Talvez seja o tal amor. Esse mesmo sentimento eu tinha
com o fato da Nara viajar sozinha, mas acho que minha confiança na capacidade
(e boa sorte) dela é maior que o medo.
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Iuri e Nara se reencontram em Seattle |