Viajando para Seattle
Há vários anos, o Iuri tem participado do Decision Sciences Institute - DSI
- um congresso científico de administração e, esta foi a primeira vez que eu
consegui viajar com ele. Ops! Viemos para o mesmo destino, mas fizemos viagens
separadas. O Iuri se inscreveu no congresso e comprou suas passagens em agosto
e, somente em setembro, eu decidi que viria com ele. Não consegui passagens
para os mesmos vôos que ele, então, saímos no mesmo dia, 18 de novembro, em
horários diferentes. O Iuri embarcou às 17h45min, em direção ao Rio de Janeiro
e eu, às 19h03min, para São Paulo.
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Nara embarcada em Porto Alegre |
Subi a bordo e fui me acomodando no meu banco, graças a Deus, tudo certo até ali (eu estava faminta! Com tanta correria, não deu tempo de fazer um lanche no aeroporto. Mas, felizmente, a United Airlines serviu um jantar gostoso, com mousse de chocolate, de sobremesa (em torno de 1 hora da manhã, já que meu vôo partiu às 23h20min). Meu banco era no corredor, na fileira central do avião e, ao meu lado, estava uma senhora e seu esposo. O casal era um pouco fofinho e ela ocupou o braço direito do meu banco, o que não me incomodou, já que eu podia usar o braço esquerdo. Lá pelas tantas, todos foram se preparando para dormir e eu também o fiz. Escovei os dentes, coloquei meu tapa-olho, coloquei o travesseiro do avião nas costas e o meu travesseiro de pescoço, tirei os calçados e me cobri com o cobertor fornecido pela companhia aérea. Minha vizinha de banco virou-se de costas para mim e ocupou parte do meu assento. Meu primeiro pensamento foi: "era só o que me faltava..." Mas aí, veio o segundo pensamento: "vou aproveitar as costas dela e me escorar." Nossa! Dormi como um anjo, pois a mulher era mais fofinha que o banco - risos. Eu sabia que chegaríamos a New York às 6 horas da manhã (horário local, porque no Brasil, já seriam 9 horas), então, às 5 horas, quando acordei, fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal, guardei meu travesseiro de pescoço na mala de mão e fiquei esperando o café da manhã, que aconteceu pelas 5h30min. O Iuri também tinha me avisado que eles forneceriam um formulário para ser preenchido e entregue ao pessoal da imigração. Peguei uma caneta na bolsa e tentei preencher o formulário, mas a caneta não funcionou, de jeito nenhum. Esperei o marido da minha vizinha de banco preencher o formulário dele e pedi a caneta emprestada. Comecei a preencher e me mandaram fechar a mesinha do banco à minha frente, para que pudéssemos aterrissar com segurança. Que medo de não conseguir... Nem sei como, mas consegui preencher o tal formulário. O avião chegou ao solo às 6h10min e aí começou o próximo desafio: passar pelo ghichê da imigração, entregar o formulário, passagens, passaporte, etc. e responder às perguntas que o oficial me fizesse. Passei nesse desafio e, aí, era só ver se a mala tinha chegado e despachá-la de novo, para Seattle. Às 8h30min, eu já estava no avião para Seattle, que levaria 5 horas para chegar ao destino. O horário previsto para a chegada era 11h59min (horário local, pois, em New York seriam 15 horas e, no Brasil, 18 horas. Eu não via a hora de servirem o almoço, pois o café da manhã no avião anterior fora às 5h30min e eu estava faminta. Para minha tristeza, o lanche oferecido nesse vôo deveria ser pago - era caro, mas eu estava disposta a encarar, mas aí eu olhei o cardápio e só tinha uns sanduíches de pão com queijo, ou uns snaks e decidi não comer. Bebi um copo de água que estavam oferecendo gratuitamente. Tinha uma moça ao meu lado que comeu uma "quentinha" e uma banana caturra, que tinha trazido a bordo. E eu ali, com aquela fome!
Cheguei em Seattle em torno de 11h45min, desembarquei e fui direto buscar minha mala, que, felizmente, chegou. Tentei voltar para onde eu tinha visto várias cafeterias e lancherias, mas não consegui, pois aqueles portões eram apenas para apanhar as bagagens e sair do aeroporto. Consegui encontrar um pequeno quiosque, onde comprei um sanduíche de atum e uma coca-cola: uma dupla maravilhosa!!! O Iuri chegou às 14 horas, no horário local e aí começamos nossa jornada juntos!
Foi a primeira vez que fiz uma viagem internacional sozinha. Ao chegar ao aeroporto de Guarulhos – SP eu
A viagem de Iuri
Eu comprei minha passagem para o congresso do DSI esse ano, e como eu achava que não teria apoio para vir, acabei reservando um hotel mais barato do que o Sheraton, onde o congresso vai acontecer. Geralmente, eu fico no hotel do congresso, porque é muito mais prático. Mas dessa vez, eu só mandei um resumo da pesquisa. É um trabalho de uma aluna minha, um experimento que ainda está em andamento, e eu não tinha um artigo completo, com referencial, resultados, discussão, etc., para enviar. Geralmente, os órgãos de fomento a pesquisa só ajudam aqueles pesquisadores que mandam artigos completos. Mas qual é a graça de vir a um congresso científico apresentar um trabalho finalizado, certo? Eu mandei um trabalho em andamento, para receber feedback quando ainda é tempo.
Bom, voltando ao que interessa. Por causa dessa minha preocupação com a verba, eu busquei num site de reservas online um hotel próximo e barato. O nome dele é Ace Hotel, e eu quero fazer um post separado apenas para falar do hotel. Mas como a Nara já disse, ela decidiu vir depois. Então, eu reservei algo que eu ficaria bem sozinho, sem pensar muito nela naquele momento. Eu sou um cara que não precisa de luxo. Uma cama limpa, um chuveiro quente e um quarto silencioso é tudo o que eu preciso. Bem, tudo mudou quando a Nara decidiu vir. Depois eu falo sobre isso.
Bom, a viagem: eu nunca fiquei tanto tempo dentro de um avião. Eu não fazia nem ideia de onde era Seattle antes, e eu só queria vir no congresso. Foram quatro voos: Porto Alegre-Rio de Janeiro-Houston-São Francisco-Seattle. Como estamos no horário de verão no Brasil, estamos com seis horas de diferença. Ou seja, como vamos dormir, no Brasil, por volta das 10 ou 11 horas da noite, isso aqui é 4 ou 5 horas da tarde. Meio cedo para dormir, certo? Mas eu acho que descobri um jeito legal para me ajustar rápido às mudanças de fuso horário grandes. Mais adiante eu conto.
Há algum tempo atrás, houve um ataque terrorista em Boston e o cara estava usando mochila. Num episódio de "Good Wife", eles estavam atrás de um terrorista com mochila. Há poucos dias, houve um grande atentado terrorista em Paris, e os americanos estavam preocupados com ataques nesse país. Uma repórter sugeriu que as pessoas que fossem a uma das grandes partidas de futebol americano evitassem usar mochilas. Eu sempre viajo de mochila! Para mim, é quase certo usar uma. Dessa vez, eu levei medo. Resolvi usar minha pasta tipo "carteiro" para viajar, além da minha mala de mão. Foi a melhor viagem internacional que eu já fiz. Espaço para as pernas, eu conseguia me movimentar bem entre os voos, sair e entrar nos aviões, foi ótimo. A mochila vai ficar em casa, talvez para sempre. Ou talvez eu a doe para uma instituição de suporte aos terroristas carentes (risos). Nem sei como poderia se chamar. Nos Estados Unidos e Canadá, os brechós para carentes se chamam "Goodwill" (boa vontade). Talvez eles pudessem montar uma alternativa para terroristas chamada "Badwill"...
Tomei dois sustos no voo. O primeiro foi por uma bobagem. Na hora que eu comprei minha passagem, havia uma opção "Suffix" e uma das opções era "PHD". Pensei: "Sou doutor, certo? Vou botar isso." Errado. O sistema achava que esse era meu sobrenome: GAVRONSKIPHD. Na hora de passar meu passaporte e bater com a minha passagem, o sistema rejeitou porque eram pessoas diferentes.... Minha sorte era que a atendente da United Airlines foi simpática e ligou para os Estados Unidos e resolveu o problema. Vamos ver na volta...
O outro susto foi na viagem. Como eu disse, foi uma viagem ótima, inclusive por causa do estorvo que aquela mochila me causava e eu nunca tinha notado. Dormi bem como nunca antes num voo. Foram 6 horas quase sem interrupção, com exceção de uma pequena anormalidade. Eu havia dormido fazia coisa de uma hora, talvez fosse 1h ou 1h30 da madrugada, e eu comecei a sentir um calorão. Isso é estranho, porque eu geralmente sinto frio no avião. Acordei por causa desse calorão, e isso também é estranho. Eu não acordo com nada - sou quase um moribundo quando durmo. Eu fico tendo pesadelos por muito tempo antes de acordar e perceber que eu estou com frio, com vontade de ir ao banheiro, que tem um barulho estranho lá fora ou que a Nara está quase quebrando minha costela tentando me acordar. Eu senti o calorão e acordei rápido. Abri o duto de ar, tirei a touca e o cobertor, e o calorão aumentava. O suor começou a escorrer da minha cabeça e eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Então, comecei a sentir um embrulho no estomâgo. Acordei o casal que estava do meu lado (eu sento sempre na janela - durmo direto) e fui ao banheiro. Lá, eu retornei ao avião parte da janta que eles me deram, por onde ela entrou, tomei um pouco d'água, e voltei para o meu lugar. Magicamente, o mal estar passou e eu dormi novamente, como se nada tivesse acontecido. No outro dia (mais tarde), acordei como se nada tivesse acontecido, e nada mais de estranho se manifestou. Mas antes de dormir, do caminho do banheiro de volta ao meu assento no avião, fiquei pensando: e se esse negócio piorar? Eu estou no início da viagem, e tenho de apresentar artigo, a Nara vai estar lá... Felizmente, também foi só um susto.
Eu consegui me conectar, com o telefone, com o wi-fi grátis dos aeroportos e fui mantendo o pessoal no Brasil informado dos meus passos pelo Whatsapp, como no ano passado. Já a Nara não teve a mesma sorte. Mas eu não fiquei preocupado. A Nara estava lá, bem tranquila, me esperando no aeroporto de Seattle. Chegando lá, fizemos uma "selfie" no aeroporto e mandamos para os filhos, que parecem ter respirado mais aliviados. Os filhos parecem achar, depois de uma certa idade, que a gente não tem capacidade de fazer coisas desafiadoras. Bem, do mesmo jeito que nós, pais, sempre temos medo de deixá-los fazerem coisas que consideramos perigosas. Talvez seja o tal amor. Esse mesmo sentimento eu tinha com o fato da Nara viajar sozinha, mas acho que minha confiança na capacidade (e boa sorte) dela é maior que o medo.
Iuri e Nara se reencontram em Seattle |