A Segunda Garopaba
No feriado do dia dos Professores, a Nara e eu fomos para Garopaba. Este ano, a conjunção dos astros nos permitiu sair na sexta-feira, 12 de outubro, feriado nacional, e voltar na segunda-feira, 15.
Foi um feriado "profilático": com o mar ainda frio, tempo bonito e muito cansados, ficamos em uma pousada bem central, de frente para o mar, na praia de Garopaba mesmo. A foto que abre este post é da Nara em frente da nossa pousada. Deixamos o carro estacionado na pousada o tempo todo e só tiramos ele para voltar. De resto, fizemos tudo à pé. Deu até para tomar um vinho no restaurante, à noite, sem stress.
A primeira vez que eu fui à Garopaba foi em 1986. Os pais do meu amigo Tibério têm casa lá, e eu era colega de Julinho* do Tibério. Gostava muito de todos da família. Fui vários verões para esta praia. Mergulhava de snorkel com o irmão mais novo do Tibério, caminhava e conversava muito com o Tibério, e saía à noite com os amigos da irmã dele, a que ainda era solteira. Gostava muito de conversar com a mãe dele. Mas era pelo pai do Tibério, o seu Abade, que tu tinha um carinho todo especial. Gostava dele como a um tio. Muitas vezes ficávamos, eu e ele, de papo na varanda daquela casa em Garopaba. Aprendi muitas coisas com ele. Por exemplo, como pedir um favor a alguém.
Os anos foram passando. Com o tempo, infelizmente, eu fui me distanciando da família do Tibério. Apesar de gostar de todos e sentir falta deles, nunca achava tempo para vê-los. Paralelamente a isto, Garopaba tinha perdido a graça para mim. Nunca tinha associado uma coisa com a outra antes, mas hoje eu conecto os pontos e vejo como as duas coisas estão ligadas.
Não lembro direito quando foi a primeira vez que a Nara e eu fomos a Garopaba. Fomos algumas vezes para umas cabanas que o Fábio, do X do Brito, de Taquara, aluga. Fomos também na pousada que a Venilda, de Taquara, mantinha lá - a Pousada da Tia Vê. Um ano foi muito engraçado. Era 2006, e eu estava fazendo doutorado. Alugamos algo como dez dias, mas eu não tinha conseguido terminar um artigo para uma disciplina. Levei o laptop, carregado de literaturas em PDF, para terminar lá. Eu ainda não era bem acostumado a ler em tela, mas não quis levar os artigos impressos. Além disto, não havia internet móvel, 3G, etc. Ou havia e nós não tínhamos. Enfim, choveu durante os quatro primeiros dias. No quarto dia, eu terminei o artigo, gravei em um "pendrive" e levei até a lan house para enviar por email. Os dias seguintes foram de muito sol e aproveitamos o tempo! Parecia que São Pedro estava dando uma força para eu terminar o tal de artigo.
Bem, a Nara adora ir a Garopaba comigo. Ela diz que é nosso refúgio. Desta vez, neste feriado, eu refleti muito sobre isto. Eu gosto de uma segunda Garopaba. Aquela da minha juventude não existe mais. O pai do Tibério faleceu em 2010, e agora a família resolveu colocar a casa à venda. Passando na frente daquela casa, com a placa de "vende-se", vi que aquele tempo acabou, e com ele o significado que aquela praia tinha para mim.
Visitamos, e acho que visitaremos ainda muito, a nossa Garopaba. A minha segunda Garopaba.
* Colégio Júlio de Castilhos, Porto Alegre
Foi um feriado "profilático": com o mar ainda frio, tempo bonito e muito cansados, ficamos em uma pousada bem central, de frente para o mar, na praia de Garopaba mesmo. A foto que abre este post é da Nara em frente da nossa pousada. Deixamos o carro estacionado na pousada o tempo todo e só tiramos ele para voltar. De resto, fizemos tudo à pé. Deu até para tomar um vinho no restaurante, à noite, sem stress.
A primeira vez que eu fui à Garopaba foi em 1986. Os pais do meu amigo Tibério têm casa lá, e eu era colega de Julinho* do Tibério. Gostava muito de todos da família. Fui vários verões para esta praia. Mergulhava de snorkel com o irmão mais novo do Tibério, caminhava e conversava muito com o Tibério, e saía à noite com os amigos da irmã dele, a que ainda era solteira. Gostava muito de conversar com a mãe dele. Mas era pelo pai do Tibério, o seu Abade, que tu tinha um carinho todo especial. Gostava dele como a um tio. Muitas vezes ficávamos, eu e ele, de papo na varanda daquela casa em Garopaba. Aprendi muitas coisas com ele. Por exemplo, como pedir um favor a alguém.
Os anos foram passando. Com o tempo, infelizmente, eu fui me distanciando da família do Tibério. Apesar de gostar de todos e sentir falta deles, nunca achava tempo para vê-los. Paralelamente a isto, Garopaba tinha perdido a graça para mim. Nunca tinha associado uma coisa com a outra antes, mas hoje eu conecto os pontos e vejo como as duas coisas estão ligadas.
Não lembro direito quando foi a primeira vez que a Nara e eu fomos a Garopaba. Fomos algumas vezes para umas cabanas que o Fábio, do X do Brito, de Taquara, aluga. Fomos também na pousada que a Venilda, de Taquara, mantinha lá - a Pousada da Tia Vê. Um ano foi muito engraçado. Era 2006, e eu estava fazendo doutorado. Alugamos algo como dez dias, mas eu não tinha conseguido terminar um artigo para uma disciplina. Levei o laptop, carregado de literaturas em PDF, para terminar lá. Eu ainda não era bem acostumado a ler em tela, mas não quis levar os artigos impressos. Além disto, não havia internet móvel, 3G, etc. Ou havia e nós não tínhamos. Enfim, choveu durante os quatro primeiros dias. No quarto dia, eu terminei o artigo, gravei em um "pendrive" e levei até a lan house para enviar por email. Os dias seguintes foram de muito sol e aproveitamos o tempo! Parecia que São Pedro estava dando uma força para eu terminar o tal de artigo.
Bem, a Nara adora ir a Garopaba comigo. Ela diz que é nosso refúgio. Desta vez, neste feriado, eu refleti muito sobre isto. Eu gosto de uma segunda Garopaba. Aquela da minha juventude não existe mais. O pai do Tibério faleceu em 2010, e agora a família resolveu colocar a casa à venda. Passando na frente daquela casa, com a placa de "vende-se", vi que aquele tempo acabou, e com ele o significado que aquela praia tinha para mim.
Visitamos, e acho que visitaremos ainda muito, a nossa Garopaba. A minha segunda Garopaba.
* Colégio Júlio de Castilhos, Porto Alegre
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