Minha sogra e eu tínhamos uma brincadeira. Quando falávamos ao telefone e estávamos há muito sem nos vermos, eu sempre dizia "Eu tenho uma coisa para te falar. Mas não conta para ninguém, porque pode arruinar minha reputação... Eu sinto muita falta tua." Nossa brincadeira era que seria vergonhoso para quem quer que seja admitir que gosta da sogra... Ela adorava quando eu contava piadas de sogra. Aquelas em que a sogra é uma jararaca que nenhum genro aguenta.
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Tirei foto desse carro e mandei para ela com a mensagem "O cara pintou uma foto da sogra no carro!"
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A verdade é que eu gostava muito dela. Hoje estamos há cinco meses sem ela, e ainda sinto sua falta. Espero que ela ainda esteja mantendo nosso segredo... Há um tempo atrás, colhi umas vagens de ingá, que é um feijão azedo mas com uma polpa doce. Acho que só nós dois gostávamos naquela casa. Tentei comer e não consegui... Também nunca mais comi sagu. Disse que quando ela morresse não comeria mais, porque eu gostava muito do dela, e muito pouco do sagu dos outros. Até agora minha profecia se concretizou.
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Ela como gostava: rindo, no meio de gente e fazendo festa. Atrás, uma das paixões dela: o chope! |
A saudade a gente não mata, dizia ela. Se cultiva. Se não sentimos mais saudades de uma pessoa, é porque não temos mais sentimentos por ela. E sentimentos assim como eu tinha por ela a gente não perde assim tão fácil. E com o sentimento, a saudade. A saudade dura muito. Mas o sofrimento é opcional. E eu opto por não sofrer, a maior parte do tempo. Às vezes sofro, quieto, não conto para ninguém. Como costumava brincar com ela: não conta para ninguém. Pode soar esquisito a pessoa sofrer de saudades da sogra... :-D
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Ela espalhava tempero verde e felicidade por onde passava |
Não é só do sagu que eu vou sentir falta. Para quem eu conto as piadas de sogra agora?
2 comentários:
:.(. Que saudade da vó Elly! <3
Sempre!
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