Agricultura Orgânica
Hoje fui ao primeiro dia do encontro de Agricultura Orgânica da UCS.
Acho que posso considerar este como meus movimentos iniciais rumo à terceira fase da minha linha de pesquisa.
Em um primeiro momento, eu estava interessado na certificação do sistema de gestão ambiental na indústria. Depois, até por causa dos resultados desta primeira pesquisa, fiquei curioso com a gestão ambiental à montante na cadeia de suprimentos - ou seja, o que as empresas faziam para melhorar ou garantir o desempenho ambiental de seus fornecedores.
Num futuro próximo, minha investigação vai rumar para olhar para a cadeia produtiva como um todo, da produção mais básica (onde? Insumos? Grãos? Carne? Ainda não sei) até a ponta, na gôndola do supermercado. Talvez, com uma parceria com alguém de Marketing / Comportamento do Consumidor, até possamos tentar entender um pouco a cabeça de quem compra e, no fim das contas, determina como as coisas acontecem na cadeia.
Foi uma primeira aproximação de um objeto de pesquisa com o qual eu tenho pouca intimidade. Historicamente, eu me interesso pelo funcionamento de grandes empresas. Na área da produção primária, seja de grãos, de gado ou de cana, a grande empresa chama-se "fazenda", e é nela que acredito que deva focar. Bem, dependendo da conotação ideológica, também chamam a grande empresa agrícola de "latifúndio", onde se pratica o que chamam de "agricultura convencional" (em oposição à "agricultura alternativa"?).
Até hoje, eu achava inconsistente querer estudar grandes empreendimentos e alimentos orgânicos. Hoje ouvi uma história interessante. O Paulo D'Andrea, proprietário de uma empresa que faz, há mais de dez anos, um "fermento" para controlar a diversidade microbiológia no solo (Microgeo) contou que uma grande fazenda de cana em São Paulo, com mais de sete mil hectares, mantém mil hectares com "cana orgânica", sem qualquer certificação. Objetivo: nenhum relacionado a mercado, normalmente associados à produção orgânica (acesso a consumidores exigentes) e, obviamente, nem ideológicos, como parece ser a norma do setor. A preocupação parece ser meramente operacional: processar eficientemente os dejetos da propriedade. Opa! Interessou. Vou investigar mais a fundo esta história.
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O que eu entendi da parte técnica (acho que estou ficando meio bom neste negócio de "pescar" coisas no meio de um monte de palavreado que não entendo nada - nunca tinha ouvido falar em rizosfera!):
* A raiz da planta é circundada e penetrada por centenas de bactérias e fungos, que se alimentam dos dejetos da planta e a protegem do ataque de outras bactérias e fungos que degeneram a planta.
* Cada bactéria é especialista em poucos tipos de plantas. Por ter entre 1 e 3 enzimas, elas não podem processar uma grande diversidade de alimentos (no caso, os polissacarídeos que a raiz da planta exuda).
* Com a redução da biodiversidade vegetal, causada pelo Homem (leia-se: monocultura), reduz-se a biodiversidade também das bactérias. Alguns agrotóxicos (herbicidas, inseticidas, etc.) também matam estas bactérias, deixando o solo sem vida microbiológica.
* Esta redução torna o solo (e as plantas) mais suscetíveis ao ataque de "pragas" (talvez a grande praga seja o próprio Homem... vai saber...)
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Isto posto, tenho de confessar que, racionalmente, não deveria ter ido. Estou atolado até o pescoço de coisas para fazer: artigos para finalizar, provas para elaborar, aulas para preparar. Enfim, tudo, menos alocar tempo escasso para um projeto de longo prazo... De qualquer maneira, eu aprendi uma coisa quando eu trabalhava como consultor. Eu costumava dizer que o trabalho no cliente era dinheiro no curto prazo, a prospecção de clientes (e atividades relacionadas, como participar de eventos de negócios) era dinheiro no médio prazo e aprendizado era dinheiro no longo prazo.
Hoje, como pesquisador, meu "dinheiro" é minha produção científica: artigos e orientações de alunos. Cada artigo que eu mando para um periódico, é claro, será uma produção no curto prazo. Cada aluno que oriento, e cada projeto de pesquisa que eu executo (ou seja, coleto dados) é produção no médio prazo. E projetos novos, ainda em gestação, são produção no longo prazo. Se eu não tiver tempo alocado para cada uma destas atividades, vai ter um "buraco" na minha produção, em algum momento, agora ou no futuro. É um equilíbrio delicado, mas eu vou ter que buscar.
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