segunda-feira, 20 de outubro de 2025
terça-feira, 30 de setembro de 2025
OUTUBRO ROSA – O MEU PROCESSO DE CURA
Nara Maria Müller
Tudo começou em dezembro de 2024,
quando fui à minha médica ginecologista, para o checkup anual. Ela pediu vários
exames, entre eles, mamografia e ecomamária. Nesse período não é muito fácil
conseguir agendamentos e os meus exames de imagem ficaram para 18 de janeiro.
E, foi na ecomamária que o laudista, dr. Eduardo, encontrou algo estranho e
pediu nova mamografia. Desta vez, ampliada.
Aí elas apareceram: as microcalcificações na mama esquerda. Mas não estavam espalhadas, estavam, sim, agrupadas. Aí acendeu um alerta e o laudista sugeriu uma biópsia.
A reconsulta
com a ginecologista estava marcada para o início de fevereiro e, ao olhar os
exames, ela sugeriu que eu procurasse um mastologista para receber as melhores
orientações. “Não precisas correr” – disse a médica – “mas não deixa de
consultar o mastologista”. Na saída, ela pediu à secretária que me enviasse o
número de um bom mastologista, seu conhecido.
Procurei no catálogo da UNIRAD - clínica
onde fiz os exames de imagem - e encontrei uma mastologista muito atenciosa, a
dra. Daniele. A consulta com ela foi em março e ela solicitou uma mamotomia –
uma punção para retirar as calcificações, orientada por mamografia. Pediu
urgência e já me advertiu que as clínicas que fazem esse tipo de exame são
poucas e não costumam fazer pelos planos de saúde. E mais: todas são na
capital, nenhuma em cidades de interior.
Comecei a procurar: primeiro num
hospital, depois no outro e a resposta foi a mesma: “não fazemos pela Unimed e
o preço é sete mil reais”.
Meu marido e eu recém estávamos
nos mudando de cidade e os gastos com mobília e eletrodomésticos estavam
levando nossas economias. Não estávamos em condições de pagar por esse exame,
mas ele era necessário. Descobrimos que a Unimed fazia esse exame e buscamos
mais informações.
Um dia fomos numa sede da Unimed,
em Porto Alegre e nos disseram que teríamos que ir à outra: a da 24 de outubro.
Não tínhamos tempo naquele dia, voltamos para casa e na semana seguinte,
conseguimos agendar a mamotomia lá na Unimed da 24.
O exame foi realizado no dia 10 de abril e o resultado só veio no dia 24: carcinoma ducto in situ. A palavra carcinoma é assustadora e eu confesso que me senti perdendo o chão sob meus pés. Saí do apartamento e caminhei até a praia, sentei-me num banco e, olhando o mar, pedi ajuda a Deus.
Precisava agendar horário com a mastologista e a clínica só tinha horário para o dia 05 de maio. Mandei mensagem para a doutora e ela me pediu para estar no consultório às 8 horas do dia 28 de abril. Ela iria me encaixar antes das outras consultas do dia. Isso me apavorou mais ainda porque percebi que ela considerava, realmente, urgente. Mas tentei manter a calma.
Num desses dias eu tive um sonho muito estranho: minha avó paterna - já falecida - me entregou um pacote com um presente e me disse para usar seu conteúdo. Ao abrir o pacote encontrei um terço de contas cor-de-rosa. Meu primeiro pensamento foi o de que eu já tinha um igual e o segundo pensamento foi o de que minha avó não era católica, portanto, não acreditava em Nossa Senhora. Acordei e contei o sonho ao Iuri. Decidimos que era hora de voltar às orações diárias do terço e, é claro, eu usaria o meu terço cor-de-rosa.
Segunda-feira estávamos no consultório, meu marido e eu e a doutora explicou que se tratava de um câncer em fase muito inicial e in situ, ou seja, localizado. Falou que o tratamento passaria por uma cirurgia para retirar as células malignas e, posteriormente, por algumas sessões de radioterapia. Por fim, ela disse que não opera pela Unimed e nos passou alguns nomes de profissionais que ela recomendava.
Para adiantar o processo, ela
solicitou todos os exames pré-operatórios, que eu fiz no dia seguinte. Ao sair
do consultório, consegui marcar uma consulta com a médica que atende na
oncologia do hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, a dra. Francine.
No dia 09 de maio, Iuri e eu
chegamos ao consultório da dra. Francine. Eu me encantei com ela e com suas
explicações sobre os procedimentos futuros. Ela pediu uma ressonância magnética
das duas mamas para se certificar de que o câncer estava somente naquele espaço
identificado na mamotomia. Fiz a ressonância no dia 16 de maio e a cirurgia foi
realizada no dia 29.
Um dia antes da cirurgia, a
anestesista entrou em contato comigo para me orientar sobre o pré-operatório.
Um amor de pessoa!
A setorectomia foi realizada no
dia 29 de maio, às 14 horas, sendo que, no mesmo dia, às 8h30 foi feito o
agulhamento – foi inserido um fio de cobre na mama, que circulou o clipe fixado
no dia da mamotomia. Esse seria o ponto central de onde a cirurgiã retiraria
alguns centímetros de material à volta. No final da tarde fui liberada e
voltamos para casa. O diagnóstico anatomopatológico da cirurgia ficou pronto no
dia 09 de junho: margens livres de células cancerígenas...

No dia 13 de junho eu tive consulta pós-operatória com a doutora Francine, a mastologista que me operou e ela indicou os médicos dr. Ricardo, oncologista e a dra. Débora, ambos do Hospital Mãe de Deus.
As duas consultas foram agendadas
para o dia 24 de junho. Primeiro eu consultei com a doutora Débora que olhou todos
os meus exames e diagnósticos pré e pós-operatórios e prescreveu cinco sessões
de radioterapia. Solicitou uma tomografia para marcação dos pontos da
radioterapia. Na sequência, tive a consulta com o oncologista que, teoricamente
me receitaria o anti-hormônio que eu deveria tomar durante cinco anos. O dr.
Ricardo explicou todos os prós e contras desse tratamento e pediu que eu
retornasse ao consultório após finalizar as cinco sessões de radioterapia. Ele
já tinha conversado com a mastologista e com a dra. Débora sobre o meu caso e
disse que levaria para um grupo maior de médicos para analisar a necessidade do
tratamento de cinco anos.
A tomografia foi agendada para o
dia 30 de junho e as marcações foram feitas com caneta azul. As cinco sessões
de radioterapia aconteceram do dia 07 a 11 de junho, uma sessão por dia.
Durante aquela semana eu fiquei hospedada na casa do meu irmão Miguel e cunhada
Dani e meu sobrinho Bernardo, em Porto Alegre. Estava muito nervosa, com medo de
possíveis dores, queimaduras etc. Medo do desconhecido.
Iuri me acompanhou até a clínica de radioterapia do Mãe de Deus, situada na rua Orfanotrófio, perto da UniRitter. Depois da primeira sessão, que foi supertranquila, conversamos com uma enfermeira que me receitou um creme para passar na mama, três vezes ao dia. Me deu algumas amostras grátis que duraram em torno de uma semana e meia. Ainda bem porque eu teria que usar esse creme por uns 45 dias, pelo menos e é bem caro. Comprei o creme que não é vendido em farmácias convencionais. Na segunda e a quarta sessão tive a companhia da minha cunhada Daniela, na terceira fui sozinha, de Uber, ouvindo histórias muito loucas dos motoristas – o da ida e o da volta. Na última sessão fui acompanhada pelo Iuri e depois disso voltei com ele para casa em Capão da Canoa.
Eu fiz fotos, após as sessões de radioterapia, ainda no vestiário da clínica, para mandar para a família mostrando como eu estava bem. Não lembrei de fazer fotos de todos os dias.
Preciso registrar a importância do carinho e amor da família naqueles momentos!
O tratamento de radioterapia foi bem tranquilo, sem dores, apenas com um pouco de vermelhidão e coceira – como se fosse uma alergia. Mas o creme dava conta de aliviar a coceira. Antes de sairmos da clínica, naquele último dia de radioterapia, tive consulta com a dra. Débora, que me deu o documento de alta. Ganhei uma medalhinha e um cartão da equipe da clínica e fiquei muito emocionada.
No dia 17 de julho tive reconsulta com o oncologista que me deu a notícia que eu esperava: não precisaria tomar o anti-hormônio pois o meu câncer era muito pequeno, não deixou metástases e a radioterapia foi suficiente para evitar recidivas a curto ou médio prazo. Mas ele recomendou, fortemente que eu fizesse exercícios físicos para auxiliar na recuperação e na qualidade da minha saúde e da minha vida. O dr. Ricardo me pediu para retornar a cada seis meses, para monitoramento.
No dia 25 de julho eu tive
reconsulta com a mastologista e fui liberada para retornar, também a cada seis
meses. Ela disse que eu não devo realizar mamografia antes desses seis meses
por conta da cirurgia e dos efeitos das radioterapias.
Consultei, novamente, com a dra.
Débora, no Centro de radioterapia, no dia 08 de agosto, um mês após as sessões
de radioterapia. Ela pediu para eu voltar em um ano.
Sobre os efeitos das sessões de
radioterapia, o que tenho a dizer é que a coceira perdurou por uns dois meses,
mas com intensidade suportável. Eu tenho inúmeros sinais na pele e eles sempre
incomodam um pouco. O incômodo ficou um pouco mais intenso durante esse
período. A dra. Débora, da radioterapia me recomendou consultar uma
dermatologista e já me passou o contato de uma conhecida da equipe que me
tratou no Mãe de Deus. Marquei a consulta para 03 de outubro.
Hoje, em 30 de setembro de 2025,
me sinto muito bem, sem coceiras, com uma cicatriz quase invisível e tocando a
vida em frente. Por isso, na véspera do início do mês de outubro, mês voltado à
prevenção do câncer de mama, resolvi postar a história do meu processo de cura.
Agradeço a Deus por ter me
acompanhado durante essa jornada. Agradeço ao dr. Eduardo, da Unirad de Capão
da Canoa que percebeu algo estranho e investigou até descobrir aquelas
microcalcificações que já eram uma sementinha de câncer. Meu processo de cura
iniciou naquele dia 18 de janeiro.
Mulheres, fiquem atentas ao seu corpo, façam seus exames de rotina, se toquem porque o câncer está sempre à espreita e, quanto antes for descoberto, mais rápida e facilmente será eliminado. Pratiquem atividades físicas e tenham uma alimentação equilibrada e sejam felizes!
Posted by
Nara
at
21:18
2
comments
quarta-feira, 20 de agosto de 2025
O VOO DA ALMA
Ela buscava uma resposta acerca
da alma de sua mãe, recentemente falecida. Numa tarde fria de sol, durante o
outono, ela fotografou o mar. Queria ter uma bonita capa para a página do
Facebook das mulheres do Litoral, entretanto aquela foto continha algo que a
surpreendeu e emocionou. Ela não vira a libélula embelezando a paisagem, mas a
enxergou na foto, voando em liberdade. Sentiu, então, a paz pela qual estava
ansiando.
Capão da Canoa, 20 de agosto de
2025
Posted by
Nara
at
16:35
0
comments
quinta-feira, 17 de julho de 2025
Depois da morte
Conto número 1
Por Nara Maria Müller
Naquela
tarde cinzenta, a fina e fria chuva caía lá fora, Sara via as gotas escorrerem
pela vidraça da janela da sala de estar. Sala que hoje estava cheia de gente,
com muitas conversas e choros por todos os cantos. Apesar de todo aquele
movimento, Sara tinha a sensação de que a sala estava vazia. Andou em direção à
cozinha e lá então, o silêncio e o vazio pareciam atravessar seu coração ainda
inconformado pela partida de sua mãe.
Mãe
que fora sua melhor amiga, sua protetora durante 15 anos, desde que nascera até
esse triste dia da despedida. Sara ouvira dizer que agora sua mãe era um anjo
e, que lá do céu continuaria sua tarefa de cuidar, de amar e de interceder pela
sua felicidade. Mas também ouvira dizer que, antes de ir para o céu, a alma de
sua mãe teria que passar um tempo purgando seus pecados até ter o direito de se
encontrar com Nossa Senhora e com Jesus.
-
Que pecados seriam esses? - Pensava Sara em meio às lágrimas que insistiam em
brotar e escorrer sobre suas faces.
-
Minha mãezinha não tinha pecados, ela viveu para amar e cuidar de mim e sempre
foi boa com todo mundo! Não, ela não merece ficar sofrendo no purgatório,
certamente vai direto para junto de Deus.
Tia
Rosa, vestida de preto da cabeça aos pés e com os olhos marejados se aproximou
de Sara, acolhendo-a com um abraço afetuoso, dizendo: - Vem, querida, vamos
tentar comer alguma coisa. Você está sem comer desde ontem e “ela” não quer que
você fique doente. Você e eu precisamos ser fortes e vamos honrar a vida que a
Elena viveu enquanto habitou a terra.
Sara
não sentia fome, mas acompanhou a tia até a mesa da sala de jantar. Algumas
amigas tinham trazido frutas e preparado um lanche. Serviu um chá e beliscou
uns biscoitos. Mas seu coração estava apertado. Sara tinha a sensação de que
seu estômago estava fechado. Nada parecia suprir aquela ausência
gigante que sentia.
Perguntou,
então para a tia Rosa se ela realmente acreditava que a sua mãezinha podia
vê-la de onde estava agora. – Será mesmo que ela está no céu cuidando de mim?
De nós?
Tia
Rosa abraçou-a e confirmou essa teoria, com firmeza. No seu coração,
entretanto, Rosa também pensava se essa era mesmo a verdade.
-
Vamos rezar pela alma dela todos os dias, assim, caso ela ainda esteja a
caminho do céu, terá forças para chegar mais rápido - disse a tia Rosa. Sara
experimentava uma sensação de cansaço, seu corpo não tinha forças para reagir.
Acabou adormecendo nos braços da irmã mais velha de sua finada mãe.
Enquanto
Sara dormia, agitadamente, Rosa chorava a morte de sua irmã, tão precoce e tão
repentina. – Minha pobre Elena, por que teve que ser assim?
No
dia anterior, Elena levantara-se apressada, preparara o café da manhã e lavara
umas roupas. Sentindo um orgulho imenso pela filha, Elena viu Sara embarcar no
ônibus que a levaria para a escola. Pensou em ir ao supermercado, mas antes
disso, resolveu trocar de roupa. Escolheu um vestido laranja, para combinar com
o outono que acabara de começar. Colocou seu perfume predileto (jamais saía sem
seu cheiro de jasmim) e partiu em direção ao supermercado. No caminho de volta,
sua bicicleta foi brutalmente atingida por um automóvel e Elena foi levada ao
Pronto Socorro da cidade. Sara foi avisada na escola e uma professora a
acompanhou até o hospital.
-
Os ferimentos foram muito intensos e o estado dela é grave - disse um dos
médicos da equipe de atendimento. – Ainda estamos avaliando os danos e os
procedimentos que deverão e poderão ser aplicados ao caso.
-
Posso vê-la? - Perguntou Sara, trêmula e chorosa, com o coração parecendo
querer sair pela boca.
-
Por enquanto, não. A equipe médica está cuidando dela e faremos todo o possível
para salvar sua vida. Tão logo consigamos estabilizá-la, você poderá vê-la.
Uma
enfermeira trouxe um chá e tentou acalmar Sara. Tia Rosa já estava chegando,
ela morava na cidade vizinha, há uns 20 quilômetros de distância. A professora
ficara ao lado de Sara, no hospital. Nesse momento, Sara não poderia ficar
sozinha, precisava de muito apoio.
Enquanto
esperava, Sara pensou no seu pai, que abandonara a mãe logo que ficou grávida.
Sara nunca o conheceu. Por onde andaria? Será que não se sentiria culpado por
nunca ter dado qualquer apoio à Elena durante esses 15 anos? Se estivessem
juntos, talvez Elena pudesse ter seu carro e não teria sido atropelada com sua
bicicleta.
Os
pensamentos pareciam desconectados, de vez em quando parecia que Sara estava
sonhando. Em certos momentos, as lágrimas escorriam em grande volume e,
soluçando, às vezes gritava que queria ver sua mãe. Passada uma hora,
aproximadamente, um médico jovem se aproximou de Sara e de sua tia Rosa, que já
tinha chegado, e lhes deu a pior notícia que a menina já tinha recebido em sua
vida: - Fizemos o possível, mas os ferimentos foram muito profundos e em várias
partes do corpo. Sinto muito por essa perda.
Após
uma noite e uma manhã de velório, o corpo de Elena foi enterrado no cemitério
da cidade onde moravam. Muitas pessoas compareceram: as primas, os primos, a
tia Rosa e seu esposo Pedro, todos os professores, a diretora e colegas da
escola onde Sara estudava. Também os vizinhos, os paroquianos da
igreja que frequentavam e, é claro, o padre Juvenal, que presidiu os atos
fúnebres.
-
Deus acolha a alma da nossa irmã Elena, que deixa a filha Sara, a irmã Rosa,
cunhado Pedro e 7 sobrinhos - dizia o padre Juvenal. Sara ouvia as palavras,
mas não conseguia absorvê-las, tantos eram os pensamentos que lhe vinham à
mente.
-
Eu não acredito que isso aconteceu. Mãe, eu nem consegui dizer o quanto te amo!
Você não teve tempo para me ver formada, nem para refazer sua vida. Eu não vou
conseguir viver sem você, mãe! Esses eram os pensamentos de Sara que, por vezes
saíam-lhe boca a fora.
Depois
do enterro, era hora de voltar para casa e enfrentar aquele vazio. E a chuva
fria e fina que não cessava, tornava o dia ainda mais sombrio e devastador.
Já
escurecera quando Sara acordou, ainda nos braços da tia. – Tia Rosa, eu tive um
sonho tão lindo, com a minha mãe. Ela estava sorrindo, com seu vestido
predileto, cor-de-laranja. Ainda posso sentir seu abraço quentinho e sua voz me
dizendo que sabe o quanto eu a amo. Será que ela é mesmo um anjo?
Ambas
sentiram um perfume que conheciam muito bem. Rosa e Sara sorriram e choraram
abraçadas.
Posted by
Nara
at
18:42
0
comments
segunda-feira, 7 de abril de 2025
As xicaras do chá
Nara Maria Müller
Capão
da Canoa, 05 de abril de 2025
Há alguns dias eu
disponibilizei, para venda, 10 (dez) das xícaras da minha coleção composta por
20 (vinte).
As lindas xícaras pintadas à mão,
foram adquiridas ao longo de vários anos, desde a primeira edição do famoso e
requintado “CHÁ da XÍCARA” realizado pelas mulheres dos associados ao Rotary
Club de Taquara, no Rio Grande do Sul. Naquele período, quando teve início o
tradicional chá, em que os participantes apreciavam as guloseimas e levavam
suas xícaras para casa, o Rotary era um clube exclusivamente para sócios
homens. As esposas, então, compunham a chamada CASA DA AMIZADE, mantida pelo
clube.
Ou seria o contrário? Elas, as
mulheres da Casa da Amizade não estariam mantendo o clube de Rotary? Enfim, a
verdade é que elas tinham, sim, um papel muito importante na manutenção
financeira e social do Rotary Club, em muitas cidades do país e do mundo.
Em 1998 eu fui uma dessas
integrantes da Casa da Amizade, em Taquara em foi nesse período que uma colega
trouxe a ideia de criarmos o chá da xícara. Realizado, pela primeira vez em
1999, o evento se tornou um sucesso, durante vários anos. Nesse período eu
havia deixado a Casa da Amizade, mas compareci ao chá, como convidada. Até
2009, continuei prestigiando o chá da xícara, quando então, retornei ao clube,
como rotariana.
A cada edição, as mulheres da
sociedade taquarense disputavam a compra de seus convites e ficavam ansiosas
para conhecerem as suas novas xícaras que, pouco a pouco, ampliavam suas
coleções e enfeitavam suas cristaleiras.
As xícaras eram pintadas à
mão, por uma artesã do Litoral Norte. Eram lindas e caras. Mas eram um sucesso!
E o trabalho de higienizar essas xícaras, antes de cada edição do chá, era realizado por rotarianos, rotarianas e pelas integrantes da Casa da Amizade.
As xícaras da primeira edição
não tinham o fio dourado nas bordas, mas eram de uma beleza incrível. O chá da
xícara acontecia no mês de julho, em pleno inverno, no Clube Comercial, ou na
Sociedade 5 de Maio, de Taquara
As felizes participantes do
evento apresentavam seus convites e escolhiam suas mesas. Sobre as mesas
estavam elas, as xícaras, dentro de embalagens que escondiam sua beleza. Ah!
Era uma surpresa maravilhosa abrir aquela embalagem e desvelar a cor e a estampa
da xícara de cada edição. Às vezes aconteciam trocas entre as participantes de
uma mesa, que sempre buscavam pinturas de diferentes flores e cores para
complementarem aquelas xícaras que já estavam em suas cristaleiras, em casa.
Fotos 2 e 3: Eu e a Sofia (minha enteada) no chá de 2006
minha mãe e a Martha Araújo, no chá de 2009
Nos bastidores, os homens, os rotarianos faziam o chá – e que chá maravilhoso - cheio de segredos que nem as suas esposas conheciam!
As mulheres da casa da amizade
distribuíam os pratos de salgados e doces e também serviam o chá às convidadas.
Era lindo! Era mágico!
Em São Leopoldo, elas
continuavam expostas na minha estante / cristaleira. Quando mudei para
Tramandaí, sem espaço para a cristaleira, mantive as xícaras guardadas numa
caixa. Sempre imaginando-as numa nova cristaleira. Usei-as algumas vezes,
quando patronesse de chás em benefício de entidades como: Associação
Beneficente Tudo Posso, Liga Feminina de Combate ao Câncer, ou em eventos do março
por Elas, em Tramandaí. Mas elas voltavam para a caixa depois de lavadas.
Foto 10: preparando a mesa para o Chá da ABTP, em 2019.
Finalmente, em março de 2025, ao nos mudarmos para Capão da Canoa, mandamos fazer uma cristaleira. Mas é pequena, não caberiam as 20 xícaras. Aí veio a decisão de expor apenas 10 (dez) e deixar que as outras 10 (dez) fossem ornamentar outras casas.
A venda foi tão rápida que nem
deu tempo de me arrepender! Na verdade, eu planejei mais esse desapego, afinal,
não devemos manter o que não nos é útil, ou o que ocupa o lugar de outras
coisas. Sejam livres, minhas xícaras! E façam felizes as pessoas que agora as
têm!
Posted by
Nara
at
15:24
0
comments
quinta-feira, 20 de março de 2025
A FORMATURA
Por Nara Maria Müller
Do alto daquele palco, sentada à mesa de formatura eu posso ver os formandos.
Dali eu posso ver uma pequena multidão sentada naquele auditório
abafado, todos emocionados e felizes.
Dali eu também posso ver a corrida frenética e cuidadosa dos fotógrafos
e cinegrafistas. Afinal, nenhum movimento pode ser perdido!
Alguns bebês de colo sendo chacoalhados por seus pais para que ficassem
comportados.
Comportados estavam muitos idosos, e lá pelas tantas uma senhora entra
auxiliada por um andador, ladeada por duas pessoas que a protegem e
orientam-lhe o caminho.
Formandos recebem seus canudos; ouvem-se os discursos emocionados das
oradoras e o juramento da turma. Ah, o juramento! Ele é proferido
automaticamente e eu sempre penso: Quantos se concentram no que estão dizendo?
Chega aquele momento emocionante de entregar uma flor aos familiares:
pais, esposos e esposas, namorados e namoradas, alguns avós.
Um músico surge tocando Aleluia. Formandos andando em meio aquela
pequena multidão, procurando pelos seus amados. E os amados ali, de pé,
esperando pelo abraço e pela flor... Abraços, choros, sorrisos... Quantas
histórias, fatos e lembranças passam pelas mentes de cada pessoa! Ah se
pudéssemos escutar cada um desses pensamentos!
Assim são as formaturas com seus rituais semelhantes, mas únicos porque
cada pessoa traz sua própria história, suas próprias dores, seus próprios
desafios vencidos e suas esperanças de que agora tudo será melhor.
E eu, dali de cima do palco, à mesa da formatura, sempre me emociono,
sempre choro e sorrio e sempre desejo que, de agora em diante, a vida desses
formandos seja de sucesso e de mais conquistas.
Porque a vida segue, as pessoas correm, a concorrência cresce e sempre é
preciso ser e saber mais.
Posted by
Nara
at
09:31
0
comments
terça-feira, 18 de março de 2025
As crônicas de Nara - parte V
NEW YORK, NEW YORK – a cidade que nunca dorme
Nova Yorque, nos Estados
Unidos é um dos destinos mais procurados por quem quer viajar para aquele país.
Diferente de Orlando, onde fica a incrível Disneylândia, Nova Yorque é um
destino especial para quem deseja fazer compras. Tudo o que tem de mais moderno,
tanto no mundo da moda, quanto na tecnologia, parece ser lançado por lá, antes
de ir para o resto do mundo.
O famoso cantor norte-americano,
Frank Sinatra – falecido em 1998 - cantava, lindamente uma música que
homenageia Nova Yorque: a cidade que nunca dorme.
Nova Yorque também foi o palco
da conhecidíssima série Friends, que agitou o mundo durante suas 10
temporadas. Quem não lembra do Café Central Perk e do charmoso
apartamento da Mônica Geller?
Não sei vocês, mas eu sempre
sonhei em conhecer Nova Yorque, ver a Estátua da Liberdade, badalar pela
cidade, visitar o Central Park e, é claro, fazer compras.
Bem...eu preciso contar
que estive duas vezes em Nova Yorque, mas nenhuma dessas visitas teve o glamour
que eu esperava. O máximo que eu consegui comprar por lá foram alguns cafés, uma
banana, uma maçã, talvez um donut¹ e um chocolate.
Minha primeira viagem a Nova
Yorque
Meu marido costumava
participar de congressos científicos nos Estados Unidos, uma ou duas vezes por
ano e eu nunca tinha oportunidade de acompanhá-lo devido ao meu horário de
trabalho. Mas num dado momento da vida profissional, eu resolvi me tornar dona do
meu tempo. Minha primeira viagem aos Estados Unidos, com o Iuri foi em novembro
de 2015, para Seatle. Como eu decidi meio em cima da hora, não consegui
mais viajar nos mesmos voos que ele, nem na ida e nem da volta. Cheguei um dia
depois dele e voltei um dia antes. E o voo de volta tinha uma parada em Nova
Yorque. Eu chegaria ao aeroporto da cidade que nunca dorme, às 5 horas da manhã
e meu voo para o Brasil sairia somente às 22 horas. Um dia inteiro em Nova
Yorque! Seria essa a minha grande oportunidade?
Como eu já tinha concluído
duas formações em Coaching e queria publicar uma reportagem numa revista
especializada, aqui no Brasil, eu programei uma entrevista com um coach novayorquino.
Nos encontraríamos num Co-working, mas um dia antes de eu chegar ele
cancelou o encontro por motivos de saúde na família. Fiquei chateada, mas
compreendi a situação e a entrevista aconteceu por e-mail.
A viagem de Seatle até
Nova Yorque foi muito cansativa e, ao chegar, imediatamente tentei embarcar
minha mala grande, mas como meu voo seria somente muito mais tarde, não me
permitiram fazer o checkin. Aliás, eu não podia nem ter acesso à parte
nobre do aeroporto. Tinha que ficar ali, no andar térreo, até, pelo menos às 17
horas. Procurei um lugar para guardar as malas. Pensei em dar um passeio pela
cidade, mas o guarda-malas só abriria lá pelas 7h30min e não aceitava pagamento
em cartão de crédito. Eu não tinha sequer um dólar em espécie e os saques pelo
cartão de crédito eram proibitivos, dado o valor absurdo da taxa cobrada.
E lá estava eu, com sono, com
fome e com aquelas duas malas: uma grande, aquelas de 32 quilos, sabem? A outra
era um pouco menor e ainda tinha mais uma mochila com meu netbook e
outras coisinhas. Eu sentava aqui, sentava ali, me escorava sobre as malas e
cochilava um pouco, procurava, em vão, um lugar onde pudesse acessar uma rede wifi.
Imaginem só, a minha situação de estar longe do meu mundo conhecido e sem
qualquer meio de comunicação com esse mundo! Eu estava incomunicável com
qualquer familiar e aquele lugar era horrível, cheio de pombos comendo as
migalhas de comida pelo chão, fazendo suas necessidades em qualquer lugar.
Taxistas e motoristas de Uber discutindo, gente andando para lá e para cá. Ao
longo do dia eu tomei uns dois cafés pequenos – quem conhece os cafés pequenos
nos Estados Unidos sabe que são grandes para nossos padrões. Por lá, eles não
têm nem ideia do que seja um “cafezinho”. Vocês conseguem imaginar isso? Comi uma banana daquelas enormes, pagando 1
dólar, cada, depois foi um biscoito, um sanduíche, uma maçã... Pelo menos as
cafeterias aceitavam cartão de crédito.
Fiquei 12 horas naquele
submundo de Nova Yorque, indo ao banheiro com toda aquela bagagem... Um sufoco.
Sabem como são aquelas cenas daquelas comédias em que os protagonistas são expostos
a situações estressantes e se metem em trapalhadas? Pois bem, assim foi o meu
dia em Nova Yorque.
Finalmente, às 17 horas eu fui
para o paraíso do aeroporto, pude subir para a área nobre e fazer o checkin.
Me liberei da mala grande e entrei numa lojinha perguntando para a atendente onde
eu conseguiria acesso à rede wifi. Precisava mandar notícias para o Iuri
e para a família. Nos aeroportos brasileiros a gente tem internet grátis, pelo
menos por uma hora. Mas não era o caso lá em Nova Yorque. A moça disse que eu
não encontraria wifi gratuito no aeroporto. Eu contei meu drama para ela
que, compadecida, pediu que eu lhe entregasse o meu celular. Discretamente, ela
digitou a senha da loja, cuidando para o proprietário não ver. Fiquei tão
agradecida que até comprei um chocolate na loja. Sabem quando a gente tem
aquela sensação de ter sido salvo e que deve sua própria vida a alguém? Saí
dali e me sentei no lugar mais próximo, onde ainda conseguia manter o acesso à
internet. Toda a família estava preocupada com a minha falta de notícias o dia
inteiro, mas tudo acabou bem. Embarquei no meu voo para o Brasil e viajei até
São Paulo. Acho que dormi a noite toda!
No aeroporto de São Paulo –
não lembro se era Guarulhos ou Congonhas, eu encontrei o Iuri que pegou um voo
umas 12 horas depois de mim, mas não teve que ficar aquelas horas todas preso
no porão do aeroporto de New York.
Enfim, quando a gente faz
coisas sem planejar antecipadamente, tem que se contentar com o resultado, que,
nem sempre é tão glamouroso quanto poderia ser.
Minha segunda viagem a Nova Yorque
Maio de 2019, nossa última
viagem internacional antes da pandemia. O destino era Boston, nos Estados
Unidos, onde Iuri e eu participaríamos de um congresso de Administração.
Nossa primeira parada foi em
Nova Yorque, aonde chegamos em torno de 10 horas da manhã. O voo para Boston só
sairia às 17 horas, mas deveríamos tomar um trem para ir de um aeroporto para o
outro. A estação era bem pertinho do Central Park e o Iuri me convidou
para dar uma caminhada até o parque. Cada um de nós carregava uma mala daquelas
grandes e duas bagagens de mão. Eu recusei o convite pois já sabia como era
ruim caminhar por horas puxando aquela bagagem toda. Então ele me convenceu a
dar uma caminhada por algumas quadras e acabamos fazendo um lanche, ao
meio-dia, num Mc Donalds. A refeição demorou mais tempo do que prevíamos
e o tempo ia passando. Caminhamos o mais rápido possível até a estação e o Iuri
correu até a bilheteria, enquanto eu fiquei pertinho dos portões com as duas
malas grandes e as bagagens de mão. Assim, ele poderia correr por dentro da
estação, que era enorme. Ele demorou um tempão até retornar e me entregou meu
tíquete. Correu com as suas malas e bagagens e cruzou a catraca. Eu passei o tíquete,
mandei as duas malas e a catraca trancou. Para passar para o outro lado, eu
precisaria de outro tíquete e não dava mais tempo de voltar e comprar. Fico
pensando em quantas pessoas já passaram por esse infortúnio que eu estava
passando. Seria eu a única tola no mundo?
O Iuri, apavorado me disse:
“pula por cima da catraca!” Eu dizia que não pularia, pois haviam seguranças
olhando e eu não queria ser presa em Nova Yorque. Mas a pressão era grande e eu
pulei sobre a catraca, sob os olhares dos seguranças. Acho que eles ficaram
penalizados e fizeram de conta que não tinham visto. Mas eu lembro de dizer
para o Iuri que ele não deveria ter feito isso com uma mulher de 60 anos de idade.
Hoje eu me arrependo de não ter deixado ele tirar umas fotos daquela cena,
porque deve ter sido muito engraçada!
O ônibus atrasou, nós
atrasamos e perdemos o voo para Boston. Ficamos sabendo que havia um voo
cancelado naquele mesmo dia e que a lista de espera por vagas nos próximos era
imensa. E, é claro, os passageiros do voo cancelado tinham prioridade. Nos
aconselharam a ficar num hotel e voltar na manhã seguinte, mas nós tínhamos que
estar em Boston, na manhã seguinte. Além disso, como professores universitários,
nossas verbas eram restritas e todos os gastos extras estavam fora de
cogitação.
Acho que conseguimos despachar
as malas grandes e ficamos somente com as duas bagagens de mão - cada um de nós
com as suas. Entramos na sala de embarque e, a cada voo para Boston, ficávamos
aguardando a possibilidade de embarcarmos. Pensem numa mulher furiosa com o
marido! Essa mulher era eu. Mais uma vez, Nova Yorque tinha sido hostil comigo.
Lá pelas tantas o Iuri me
perguntou se eu queria um lanche e eu disse que não queria coisa alguma. Ele
foi comprar algo e me trouxe um chocolate. Nem lembro se eu aceitei ou não –
hehehe.
Era quase meia noite quando
anunciaram a partida dos dois últimos voos para Boston. Iuri conseguiu vaga num
deles e eu no outro.
As viagens são assim mesmo.
Mesmo planejadas, às vezes surgem infortúnios, mas o jeito é encarar com leveza
que tudo dá certo no final.
O engraçado é que quando a
gente sabe que alguém vai viajar para o exterior, costuma pensar que tudo será
maravilhoso, não é mesmo? E, na maioria das vezes, mesmo que algumas coisas deem
errado, dificilmente eles nos contarão.
¹Um donut, doughnut, dónute, rosca ou rosquinha é um pequeno bolo em forma de rosca, popular nos Estados Unidos e de origem incerta. Consiste numa massa açucarada frita, que pode ser coberta com diversos tipos de cobertura doce e colorida, como por exemplo chocolate. Wikipédia
Posted by
Nara
at
16:10
0
comments
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
As Crônicas de Nara - parte I
As protanogistas desse abraço somos a Ana e eu. Quem é a Ana? Ela é uma amiga daquelas que se guarda no coração, por toda uma vida. A Ana é a minha homenageada na primeira crônica que escrevi para o meu futuro lançamento literário.
Que todos tenhamos muitas Anas em nossas vidas!
AS SOPAS DA ANA
Por: Nara Maria Müller
“Amigo é coisa prá se guardar
do lado esquerdo do peito.” Essa frase inesquecível faz parte da música
cantada, tão lindamente, pelo nosso querido Milton Nascimento. E eu acredito
que todos nós temos ou já tivemos um amigo do tipo que se guarda no lado esquerdo
do peito, dentro do coração. Você concorda comigo? Pois bem, neste texto eu
quero relembrar e homenagear uma amiga lá de Taquara, que guardo, com muito
amor, dentro do meu coração.
Lá pelos anos 2000 eu comprei
meu primeiro apartamento, em Taquara. Eu já tinha cometido alguns erros,
passado por várias dificuldades e continuava contando moedas e anotando minhas
contas numa velha agenda, para honrar as dívidas e para comprar o pão de cada
dia.
Naqueles dias eu tinha
conseguido uma nova oportunidade de carreira na FACCAT – Faculdades de Taquara,
onde eu trabalhava e cursava o Mestrado.
O salário aumentara
consideravelmente, mas eu tinha que pagar dívidas contraídas nos dois anos
anteriores, logo depois do divórcio. E, para poder assumir o novo cargo eu tive
que comprar um carro, ou seja, mais dívidas, mas isso eu conto em outra
história.
Mudei-me para o Edifício
Gabriela, bem no centro da cidade. O meu apartamento ficava no quarto andar de
um prédio sem elevador, mas com dois dormitórios e uma vaga na garagem. Eu
tinha certeza de que tudo melhoria dali para a frente.
Foi nesse período que eu
conheci a Ana, a vizinha que morava no mesmo prédio, com sua filha, Natália e o
TOB, o cachorrinho poodle. Nossos apartamentos eram de fundos, o dela no
terceiro e meu no quarto andar.
Eu trabalhava três turnos na
FACCAT e, nos fins de semana, fazia minha dissertação de Mestrado. Vez por
outra eu participava de reuniões em Porto Alegre, no Centro Administrativo do
Estado, na extinta SEDAI – Secretaria Estadual do Desenvolvimento e Assuntos
Internacionais.
Voltando de Porto Alegre eu ia
direto ao Campus da FACCAT onde atendia alunos de Trabalho de Conclusão em
Administração. Voltava tarde, depois das 22h30min, estacionava o carro na minha
vaga nos fundos do prédio, extremamente cansada. E ao desembarcar do carro, lá
estava a Ana, na janela do seu apartamento no terceiro andar, dizendo: “vem
tomar uma sopinha que eu fiz para te esperar!”
Não tenho palavras que
consigam expressar o meu sentimento naqueles momentos! Eu sentia o amor que a
Ana tinha por mim, ela e a sua filha Natália. E eu subia as escadas com ânimo,
sabendo que lá no terceiro andar estavam duas pessoas amorosas e um cachorrinho
barulhento fazendo festa para mim. Aquelas sopas da Ana são inesquecíveis assim
como ela, a Ana é inesquecível. Eu escrevi este texto para homenageá-la e para
demonstrar meu mais profundo agradecimento a ela que me acolheu, que me ouviu,
que me aconselhou e que compartilhou choros e risadas comigo. Hoje, raramente
nos vemos, mas eu sinto muitas saudades dessa minha amiga querida!
Neste momento eu ouso
questionar: quem já não teve uma Ana em sua vida? Quem de nós já não foi essa
Ana na vida de outrem? Amigos são irmãos, são pais, são mães que nós escolhemos
ou que nos escolheram. Amigos são aqueles anjos que estão, uns nas vidas dos
outros, para saborear os bons momentos ou para chorar juntos, quando os tempos
são ruins.
Que possamos ser mais
amorosos, mais pacientes e mais ouvintes das pessoas que nos cercam. Que este
mundo tenha mais Anas!
Posted by
Nara
at
12:04
3
comments





























