sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Começa o ano letivo na UWO

Na América do Norte o ano letivo começa em setembro - um pouquinho antes do outono - e termina em abril - na primavera. Logo no início a gente estranha, mas depois se dá conta de que isso faz sentido: no Brasil as aulas também começam um pouquinho antes do outono e terminam na primavera, quase no verão.

Os alunos que tinham ido embora em abril, deixando para trás seus móveis, computadores e outros artigos pelas calçadas de London, agora estão voltando para iniciarem um novo período de estudos.

Ontem o Iuri e eu participamos de um seminário na Universidade de Western Ontário destinado aos professores nesse início de ano letivo.








Trote:


Logo ao chegarmos na Western (forma carinhosa como é chamada a universidade), encontramos os novos alunos distribuídos em tribos e fazendo a festa do início do ano letivo.

A gente pensa: aluno é igual em todo o mundo. Dá uma emoção de ver tanta euforia, tanta energia e a gente começa bem o dia, absorvendo um pouco daquela força.


O seminário:


Destinado aos professores da universidade, o seminário: "Perspectivas em Ensino", começou às 9 horas da manhã com as Boas Vindas do presidente da Universidade, dr. Paul Davenport. Aqui o Reitor ou Diretor Geral tem a denominação de Presidente. [Comentário do Iuri: às vezes CEO - qualquer semelhança com as empresas é mera coincidência...]


O Iuri recebeu o convite como pesquisador visitante e eu consegui autorização da coordenadora do evento para participar. Queria saber como eles trabalham aqui na Western.

Fiquei bem satisfeita com as palestras e painéis e gostei muito também de perceber que muitas coisas que eles apresentam como inovadoras, de certa forma, ou em certa medida, nós já fazemos no Brasil.

Por exemplo:

a) Proporcionar experiências práticas aos alunos, através de prestação de serviços voluntários nas organizações. A principal diferença, no caso da Universidade de Calgary (a palestrante era de lá), é que algumas turmas realizam esses trabalhos voluntários em países pobres. No nosso caso, essas experiências acontecem na própria cidade sede da universidade ou em municípios próximos a ela.

b) Aproveitar a disciplina para fazer pesquisa com a finalidade de ampliar conhecimentos existentes - ensinar e aprender - e publicar em periódicos reconhecidos nas áreas de conhecimento específicas. Muitos de nossos professores já despertaram para essas oportunidades.

c) Internacionalizar os currículos, ou seja, buscar experiências em outros países e agregá-las aos conteúdos curriculares do país corrente. Em geral, nossos currículos contém bastante experiências internacionais, e nossos alunos participam de intercâmbios com outros países. [comentário do Iuri: Muito embora eu considere que ainda somos "colonizados" culturalmente: usamos exemplos primariamente dos Estados Unidos - nunca soube de nenhum professor brasileiro que se utilizasse de um caso de sucesso do Uruguai ou da Argentina - quem dirá da Nigéria ou África do Sul]

Uma coisa que me chamou a atenção, por exemplo, foi o anúncio feito com muita alegria por um dos palestrantes, de que a Universidade de Western Ontario estaria implementando um sistema de "bolsa / pesquisa" para fomentar projetos que sejam apresentados e aprovados segundo certos critérios. Acho uma ótima iniciativa, assim como achei ótima a iniciativa da FACCAT - Faculdades de Taquara, ao implantar sistema semelhante no ano passado.

Fiz questão de compartilhar esses insights porque ouvimos tantas coisas negativas a respeito do Brasil - verdadeiras, é claro - que é bom nos darmos conta que também temos nossos valores. Há problemas, sim, e muitos. Mas também há iniciativas de pessoas de boa vontade que buscam alternativas para tornar mais positivo o nosso país.

[comentário do Iuri: concordo plenamente com a Nara, apesar de ter minhas críticas quanto à nossa "internacionalização" - acho que o Brasil é "apaixonado" pelas práticas de negócios norte-americanas e despreza profundamente o que acontece de bom no próprio país e nos países vizinhos. Acho também que esse desconhecimento se dá em outras áreas - basta ver os noticiários da noite no Brasil - apenas notícias brasileiras. Na seção "mundo", muitas notícias dos Estados Unidos, alguma coisa da Europa e absolutamente nada sobre a América Latina. Lembro que fiquei sabendo de uma guerrilha em um país vizinho pela BBC Internacional, pois nossos noticiários não haviam divulgado tal fato]

Algumas fotos e vídeos do trote universitário e do evento podem ser encontrados em:

http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/ComeODeAnoNaUWO

Um comentário:

gustavo uriartt disse...

Concordo em gênero, número e grau com o Iuri. Realmente a cultura de que nos EUA e Europa o furo é mais em cima, faz com que a gente se esqueça de boas coisas que acontecem aqui mesmo no Brasil (e diga-se de passagem de ponta) e nos Países da America Latina. Realmente é algo a se pensar e mastigar bem nesse final de semana. Nunca havia me dado conta...