quarta-feira, 30 de maio de 2007

O fim de semana

Sábado passado, dia 26, nós alugamos um carro: um Dodge Caliber 2007. Eu tinha conseguido agendar uma visita à Stanton Farms, aquela fazenda de leite que o Iuri tinha visitado com um grupo de doutorandos da UWO há algumas semanas. Então, precisávamos de um carro, pois o sistema de ônibus municipal não cobre a zona rural de London.
Foi muito agradável sentir aquela sensação de "possuir" um carro, pois aqui, ou a gente anda de ônibus, táxi, a pé, ou de carona ... mas foi muito divertido ver o Iuri dirigindo aquele carro automático e tendo que fazer força para não usar o pé esquerdo (risos).
Desa vez eu não "pilotei" porque, além temer não controlar o pé esquerdo, no Canadá não é o carro que tem seguro, mas quem o dirige e, cada motorista deve pagar seu próprio seguro. Como a gente só ia ficar como carro por 24 horas, não valeria a pena esse investimento.
Depois de visitarmos a fazenda e sabermos um pouco mais sobre como eles produzem leite por aqui, fomos passear um pouco pela cidade. Fomos ao Sam's Club (um atacado para membros associados tipo o Macro) e... imaginem se íamos deixar de ir ao Wall Mart, logo em frente. Passamos também pelo Canadian Tire (uma loja que tem TUDO... a gente fica com vontade de contratar um navio e mandar um montão de coisas para casa - hehe!
À noite saímos para mais umas "bandas" pela cidade e fomos num pub chamado Jack Astor's Bar and Grill onde bebemos uma cerveja bem gelada!!!
Na manhã de domingo, devolvemos o carro e saímos com nossos amigos Zenon e Mary-Anne e mais um casal de amigos seus, lá de Manitoba: o Keith e a Marylin.
Fomos a um restaurante chamado Paragon, que fica bem perto de nosso antigo e futuro endereço, na Wharnclieffe St, esquina com a Oxford St. Foi um café da manhã /almoço.
À noite, fomos jantar na cassa de Zenon e Mary-Anne onde o Keith preparou umas pizzas maravilhosas. O Keith é muito divertido e um cozinheiro de "mão cheia".
Algumas fotos e vídeos do fim de semana, estão no meu webalbum, conforme endereço a seguir:
http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/FimDeSemana26E27DeMaioDe2007

National Agriculture Awareness Conference (minhas considerações)

Conforme eu havia dito participei da Conferência Nacional de Agricultura, realizada aqui em London - Ontário, na semana passada.
Antes de comentar sobre a conferência propriamente dita, gostaria de expressar um sentimento profundo de agradecimento a todos os organizadores e participantes desse evento. Eu tinha um pouco de receio de não conseguir me integrar por ser brasileira e não falar tão fluentemente inglês quanto os canadenses. Bem, eu não fui tratada como uma brasileira no Canadá, mas como "a brasileira" do evento. O fato de eu estar participando gerou curiosidade e simpatia das pessoas e, a todo momento, eu estava explicando o que faço no Brasil, por que estou no Canadá e as pessoas buscavam, de todas as formas, me apoiar e explicar coisas que eu não conhecia direito... Senti muito orgulho de ser brasileira e feliz por encontrar, nos canadenses, um povo tão hospitaleiro.
Agora sobre a conferência: O objetivo da conferência foi exatamente o que o nome do evento previa com a palavra awareness, isto é, conscientizar ou sensibilizar as pessoas sobre as questões da agricultura. A comunicação foi muito enfatizada , ou seja, é crucial comunicar à população urbana o que fazem e como fazem as pessoas numa comunidade rural. É unânime a crença de que se os próprios agricultores não tiverem orgulho por realizar uma das tarefas mais importantes desse mundo - alimentar a humanidade - ninguém lhes dará valor nem tampouco se preocupará em preservar e incentivar a atividade rural. Se não saírem às ruas, utilizando-se dos meios de comunicação disponíveis, os agricultores permanecerão isolados em suas fazendas, estereotipados como "seres inferiores", cada vez com menos gente para ajudar nas lides e com uma população que envelhece a cada dia. Como atrair os jovens para que permaneçam no campo? Como evitar que eles se rendam aos encantos da vida urbana? Essa parece ser uma realidade comum em qualquer lugar do mundo e também foi uma das questões levantadas na conferência. Haviam muitos jovens participando, a maioria são estudantes de cursos ligados à agricultura e pecuária (foto acima). Em geral, são filhos de fazendeiros que pretendem permanecer em suas fazendas e manter as atividades da família. Eles vão em busca de estudos, em busca de conhecimentos que possam lhes proporcionar melhores práticas e, conseqüentemente, melhor qualidade de vida nas propriedades rurais. Isso me lembrou das "casas familiares rurais" presentes no mundo todo, inclusive em Taquara (em fase de implantação). Nessas casas/escolas os filhos de agricultores têm oportunidade de estudar em cursos regulares, agregando conhecimentos modernos sobre uma atividade específica em agricultura ou pecuária, à sua escolha. Não creio que seja o suficiente, mas é um bom começo. Depois disso, é preciso disponibilizar o acesso aos cursos nas áreas de zootecnia, veterinária, agricultura e gestão de agronegócios, para motivar esses jovens fazendeiros.
Aqui no Canadá e também nos Estados Unidos (haviam palestrantes dos USA), existem programas que incluem aulas de agricultura nos currículos escolares - coisa que já havíamos comentado em reuniões do DRS, em Taquara - inclusive com aulas práticas. Os pequenos alunos são levados às fazendas e podem, além de ver como funcionam, realizar também algumas atividades e conversar com os fazendeiros. Num vídeo que foi apresentado por uma palestrante, pode-se ouvir declarações de crianças que ficaram impressionadas com o fato de que os fazendeiros não têm aquela "cara amarrada" que imaginavam. Uma menina diz: "os fazendeiros até riem bastante!"
E por falar em crianças: esse é o alvo. Todos os palestrantes falaram sobre as crianças como sendo o mais eficiente meio de comunicar o que fazem e como fazem os agricultores. As crianças levam a sério, não esquecem o que vêem e ouvem e, se acreditarem que aquilo é verdade, elas vão insistir com seus pais para que façam daquele jeito.
O assunto sobre a conferência ainda não se esgotou, mas vou deixar outros comentários para posts futuros.

A idéia é "celebrar a agricultura", pois ela merece ser amplamente comemorada.

E por falar em comemorar, na noite do dia 24 de maio, houve um banquete de confraternização para os participantes da conferência. Como era o aniversário do Iuri, eu comprei um convite para ele participar desse jantar, comigo. Contei para uma amiga que era o aniversário do Iuri e ela passou a informação para a Jan Robertson (presidente do evento).
Num dado momento, o mestre de cerimônia anunciou a presença de um australiano, de duas americanas e da brasileira Nara Muller, cujo esposo: Iuri estava aniversariando. Brincando, ele agradeceu ao Iuri por ter convidado todos para sua festa e convidou os presentes para cantarem parabéns.
Não preciso dizer que o Iuri ficou ruborizado, mas afinal, foi um aniversário em "alto estilo". Para o Iuri, que se dedica tanto aos estudos e às pesquisas, foi um banquete bem merecido.

As fotos e vídeos relativos à conferência encontram-se no link:
http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/NationalAgricultureAwarenessConference

sábado, 26 de maio de 2007

Quantas famílias sua propriedade pode sustentar?

Hoje fomos, eu e a Nara, à Stanton Farms. Eu já havia ido com uma visita da University of Western Ontario, e a dona da fazenda foi tão solícita quando eu disse que a Nara estudava o assunto no Brasil que acabamos voltando lá hoje.
A Stanton Farms é uma fazenda de leite, com aproximadamente 1000 vacas, 800 em lactação, e capacidade total para até 2000 vacas. É um negócio realmente impressionante. A Sandy, a dona da fazenda, disse que fazendas desse patamar são até comuns nos Estados Unidos, senão maiores. Da outra vez, o meu grupo, do Centro de Sustentabilidade, foi chamado, junto com a turma da engenharia, para conhecer o biodigestor, que está em implantação.
Como eu hoje estava com a Nara, perguntei a ela se as fazendas pequenas eram rentáveis aqui, pois afinal de contas, esse é o foco do programa em que a Nara está trabalhando no Brasil (pequenas propriedades de leite). A resposta dela foi interessante: ela disse que uma pequena fazenda até é rentável, mas só sustenta uma família, e os donos têm que trabalhar 24h por dia, 7 dias por semana...
Na Stanton, trabalham o casal e três dos quatro filhos. A outra filha está fazendo mestrado em Epidemiologia, após ter se formado em Ciências Animais na Universidade de Guelph. Ou seja, todos os filhos se interessam pelo leite. Segundo ela, foi isso que os motivou a expandir tanto. O casal tinha, quando mais novos, 50 vacas. Mas como os filhos se interessavam em continuar, eles expandiram a fazenda. "Se não tivéssemos filhos, não faríamos isso. Já estamos muito velhos." - disse ela.
Então, acho que montamos uma peça a mais no quebra-cabeças de manter os jovens produtores, as novas gerações, no campo. A pergunta é: quantas famílias sua propriedade pode sustentar? A lógica do casal Stanton é clara: se um filho casa, e tem filhos, a propriedade passa a precisar sustentar duas famílias, e não mais só uma. Se o casal de produtores rurais tem que trabalhar de sol a sol, todos os dias da semana, para manter a família e os filhos, como essa propriedade vai sustentar mais uma família?
Como o leite fluido é uma commodity barata, o negócio é ter volume e baixo custo. E é isso que as modernas fazendas norte-americanas (Estados Unidos e Canadá) buscam. A comparação é simples: a pequena propriedade é como a pequena loja, com poucos lucros (ou mesmo nenhum) e os donos trabalhando todos os dias para pagar os impostos e as contas. As grandes fazendas são como o Wal-Mart...
E eu que achava que visitar uma mega-propriedade não faria sentido... Do ponto de vista técnico, com seus computadores, grandes estábulos, biodigestor e toda a parafernália tecnológica, realmente a experiência da Stanton não ajuda muito. Mas do ponto de vista gerencial e administrativo, e da própria gestão da família rural, seu desdobramento e sua sustentabilidade no longo prazo, essa visita de hoje nos gerou uns insights bem interessantes.
Acho que a Nara vai querer postar suas impressões em um post separado.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Two Digit Temperature

Hoje de manhã, acordei pensando: "me sinto um cordeiro: do freezer para o forno".
Estou olhando no nosso blog, e está apenas 21°C. Mas a sensação de calor é insuportável. Já haviam me dito que o calor em London era horrível por causa da umidade. Estou começando a acreditar.
A Márcia Diehl está com uma mensagem de "viva o frio!!!" no MSN dela. Olhei de novo: 10° em Porto Alegre.
E me perguntei: que frio?
Aqui, o pessoal começa a comemorar a chegada do calor, em março ou abril, dizendo: "tomorrow, we will have a two digit temperature!". Felizes da vida, os 10°C simbolizam, para nossos amigos acostumados a ter neve pelo joelho, CALOR. E com o calor, a perspectiva de vida ao ar livre.
Instantaneamente, as propagandas na televisão e os flyers deixados em massa nas portas das casas começam a avisar: está chegando o calor.
Eu vi uma propaganda muito engraçada outro dia desses: cai a noite, e o cara lá no deck, lixando uma mesinha. A mulher chama: "Você vem para dentro?". Ele diz: "Sim". E se recosta na cadeira. A mulher vem na porta e pergunta: "Quando?". Ele responde: "Setembro...ish". Para mim, essa é a melhor representação do espírito canadense. Eles adoram cada segundo que podem passar ao ar livre.
Lembro uma vez, muitos anos atrás, que uma arquiteta dizia que muitas pessoas fechavam as sacadas dos apartamentos em Porto Alegre para ter uma nova peça na casa, ou aumentar a sala de estar. Afinal, as sacadas abertas só seriam usadas três meses, por causa dos "9 meses de frio de Porto Alegre"...
No Canadá isso seria um sacrilégio.
Lembro que, quando chegamos aqui, estranhamos muito as mesas nos fundos das casas. Umas mesas de madeira, com bancos compridos de madeira, todos cobertos de neve. Eles usam o espaço, e têm utensílios adequados para ficar lá... mesmo que seja por pouco tempo. E olha que o frio no Canadá não é o nosso "frio" de dois dígitos... positivos!
Bem, bati um papinho com a Márcia e descobri que "nevou" em São Joaquim. Deve estar horrível de frio mesmo! Aliás, descobri porque a gente sente tanto frio no Sul, mas isso vai ficar para outro post. Tenho que terminar umas coisas para a pesquisa, e vou encerrar por aqui.

terça-feira, 22 de maio de 2007

National Agriculture Awarness Conference

Hoje, às 4 horas da tarde, terá início a Conferência Nacional de Agricultura. Estou me preparando para ir até o local do evento. Espero aprender coisas novas e conhecer pessoas que possam trocar informações importantes comigo. Para quem quiser saber um pouco mais sobre a conferência e sobre a agricultura e pecuária no Canadá, o endereço é: http://www.naac-cnsa.ca/home/default.aspx . Nesse site se encontram os endereços de várias associações de produtores dos diversos tipos de agro-negócios. Dá para aprender bastante!!!
Essa conferência discute formas de conscientizar o público sobre a importância da atividade agro-pecuária. Por exemplo, essa preocupação por sensibilizar os consumidores canadenses vem crescendo entre as pessoas envolvidas com agro-negócios, inclusive da Associação dos Produtores de Leite de Ontário, me disse John, proprietário da fazenda de leite que visitei na semana passada. Atualmente, grande parte das frutas e legumes comercializados no Canadá é proveniente de outros países. O limão "taiti" que compramos por aqui às vezes é brasileiro e às vezes, mexicano. As maçãs vêm dos Estados Unidos e de outros países, as bananas vêm da Costa Rica e assim por diante.

Depois eu conto como foi a conferência, ok? Aguardem...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Hoje quase teve churrasco aqui em casa

Ontem acordei com dor nas costas, no meio da noite, e passei o resto da noite meio ruim. O passeio nas Cataratas de Niágara foi tão bom que nem lembrei de dor nenhuma. Antes de dormir, tomei um dorflex (relaxante muscular) e fui para a cama, feliz da vida com o passeio.
De manhã, ainda acordei com dor. Levantei, fiz uns alongamentos no chão da sala e melhorei um pouco. Aí lembrei que estávamos sem pão.

Fui para o mercado que tem a umas 4 quadras daqui, com nossa sacolinha de compras ecológica, para comprar pão. Ninguém consegue comprar só pão no supermercado, não é? Cheguei lá e lembrei do almoço. Como o CNPq pagou essa semana, achei que podia abusar um pouco e fazer um churrasquinho. Tem uma churrasqueira velha aqui no deck que o Zenon disse que a gente podia usar, então... Feliz da vida, comprei carne, salada, pão e até limão para a caipirinha. Teria saído uma, se eles vendessem vodca nos supermercados daqui, mas a lei de Ontario não permite...
E carvão? Bem, tinha várias opções. Peguei o mais barato, que era uma tora de lenha. Dizia que queimava 4 horas! Fiquei entusiasmado! Para 2 pessoas, que mais eu precisava?
Rumei bem feliz para casa. Quer dizer, mais ou menos feliz. O tempo tinha mudado, corria um vento frio, que parecia fazer minhas costas doerem mais. E eu com aquele peso todo na sacola...

Cheguei em casa, a Nara se assustou quando eu larguei aquela sacola pesada na mesa: "Que é isso?". "Pensei em fazer um churrasco no deck... Sei o quanto tu gosta de um churrasquinho, mas acho que hoje não vai dar!" - respondi.
Ela me abraçou e disse "Obrigado". Valeu a pena ter trazido aquela coisa pesada...
Resolvemos então fazer no forno. Comprei carne para uma família de leões... não estou acostumado a ter tão pouca gente para almoçar no final de semana... Então resolvi colocar só duas lingüiças de aperitivo, para a gente não perder a fome, e só um pedaço de carne. O resto será consumido ao longo das semanas seguintes (depois eu conto como).
A lingüiça ficou pronta, cortei ela em pedaços (não temos farinha de mandioca...) e abri uma lata de 500ml de cerveja que compramos outro dia. Ainda estava fazendo uma limpa no disco do meu computador e gravando um DVD com arquivos, para exclui-los depois. Então eu ia e voltava na cozinha... pegava lingüiça e cerveja cada vez. E a Nara fazendo os side dishes (acompanhamentos). E eu achando que ela estava também comendo lingüiça e tomando cerveja... Quando eu comi o último pedaço de lingüiça, ela disse: "Pô, comi só dois pedacinhos..."
Estraguei todo o cartaz que tinha feito buscando aquela tralha toda! Ela ficou bem decepcionada. Tudo bem, coloquei outra lingüiça no forno, ela comeu, mas ficou aquele ar de desconfiança... Até porque eu também tomei muito mais cerveja do que ela... Essas distrações, infelizmente, me são até comuns. Mas que fica parecendo sacanagem, isso fica!

Para completar, fui ler as instruções da tal lenha que comprei. O barato saiu caro! É apenas para lareira, eles advertem que não deve ser usado em churrascos! Vou ter que voltar lá para trocar.


Mas isso vai ser outro dia, quando estiver melhor das costas. Acho que vou procurar uma clínica de quiropraxia depois do feriado. Parece que elas não são muito caras aqui.

domingo, 20 de maio de 2007

Niagara Falls and The Blue People from Canada












Sábado, 19 de maio, fomos às Cataratas do Niágara com o Zenon e a Mary-Anne. No caminho, eu dizia que esse negócio de blog é muito estranho. Como qualquer pessoa escreve o que quiser, como confiar no que está escrito? Eu poderia dizer, por exemplo, que as pessoas no Canadá são azuis e acredita quem quiser. Rimos muito dessa história e de outras que fomos contando pelo caminho.
Pegamos um baita engarrafamento. Como era o sábado que dava início ao feriadão (dia 21 de maio, segunda-feira, é feriado no Canadá), e Niágara fica na fronteira com os Estados Unidos, vários canadenses estavam indo passar o feriado no país vizinho. Eles não precisam de visto de entrada, mas de qualquer maneira, tem que passar pela imigração na fronteira, o que sempre atrasa.
Passado esse ponto, entramos na cidade. É uma cidade bonita, preparada para o turismo. Vários estacionamentos (pagos, CAD 18 por automóvel) ao longo da "orla", e uma grande "rambla", como dizem os uruguaios, uma avenida larga e um bonito calçadão, na borda das cataratas.
A Mary-Anne estava excitadíssima para andar no "Maid of the Mist" (Donzela da Bruma), um barco turístico que chega até muito próximo da cascata (CAD 13 por pessoa). A empolgação era tanta que até a Nara, que estava um pouco receosa de ir, acabou embarcando. A sensação é incrível! O passeio é curto, mas vale cada centavo.
Como Niágara é um destino comum aos casais em lua-de-mel, registramos também vários deles. Eles chegam de limusine, desembarcam e fazem um passeio em uma charrete puxada a cavalos. Bem interessante.
No final, comemos um restaurante com vista panorâmica para as cataratas. E voltamos por volta das 5 da tarde, antes de acenderes as luzes. Eles têm holofotes que iluminam a cascata a partir das 9 da noite, até a meia-noite, nessa época, e fogos de artifício nos finais de semana. Mas estávamos bem cansados. Voltamos antes dessas coisas acontecerem.
Bom, pela foto do Zenon e da Mary-Anne e de outras pessoas, no início do post, dá para ver que os canadenses são mesmo pessoas azuis... hehehe!
Mais fotos e vídeos das Cataratas do Niágara em nosso album:
http://picasaweb.google.com/ prof.iuri/20070519NiagaraFalls

Saturday, May 19, we went to the Niagara Falls with Zenon and Mary-Anne. On the way, I said that blogs are unreliable, because you can post anything on it. For example, I could say that Canadians are blue people and believe it or not. We found this funny.
We got some traffic jams. Saturday was the beginning of the long weekend (May 21, Monday, is a Canadian holiday), and Niagara is on the border with US, many Canadians were going to spend the long weekend abroad. They don't need visas (as we Brazilians do), but must go trough customs, causing delays (and jams).
After that, we entered the city. Niagara Falls is a nice touristical destination. Many parking lots by the "shore", and a large street and a nice sidewalk help a lot the visitors.
Mary-Anne was quite excited to do the tour on the "Maid of the Mist", a tourist boat that comes close to the falls. She was so excited that even Nara, afraid in the beginning, decided going on board.
The feeling is awesome! The trip is short, but worth each cent.
As Niagara is a destination for "just married"s in the honeymoon, we took pictures of some of them. They arrive in a limo, and go for a ride in a old-fashioned carriage. Quite interesting.
In the end, we ate in a restaurant with panoramic view to the falls. And returned around 5 p.m., before the lights went on. They have some floodlights pointed towards the falls that go on at 9 p.m. and go off at midnight. Also some fireworks at the weekends. But we were tired and returned before these things happened.
Well, if you see the Zenon and Mary-Anne's picture in the beginning of the post, I can prove you that Canadians are really blue people... hehehe!
Pictures and videos from Niagara Falls in our web album:
http://picasaweb.google.com/ prof.iuri/20070519NiagaraFalls



Observações:

Tem umas webcams bem legais:
http://www.fallsview.com/Stream/HiResRefresh.shtml
http://www.fallsview.com/Stream/MaidOfTheMistCam.shtml

Além disso, quem quiser fazer o "passeio virtual" pelo Google Earth, aí vão as coordenadas:
43° 5'15.73"N 79° 4'21.40"W - Maid of the Mist - doca de embarque/desembarque
43° 4'59.68"N 79° 4'40.91"W - Restaurante onde a gente "jantou" olhando para as cataratas
43° 4'38.39"N 79° 4'33.06"W - Canadian Niagara Falls ou Horseshoe Falls (cascata da ferradura)
43° 5'6.43"N 79° 4'11.02"W - American Niagara Falls

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Dairy Farms

Hoje fui visitar duas Dairy Farms (Fazendas de leite) aqui em London: a primeira é onde mora a Cathy, gerente do Big Sisters of London e a outra é de um vizinho seu. O John, marido da Cathy me recebeu com muita alegria e com atenção, comum aos canadenses. Essa foto aí ao lado é na frente da propriedade de John e Cathy- a "Blantyre Farms". Blantyre, segundo o John, é o sobrenome do seu bisavô, que veio da Escócia e comprou essa propriedade. O John tem 55 vacas, sendo que 30 estão em lactação, atualmente. Todas as vacas são numeradas e também tem seus próprios nomes na Fazenda Blantyre. Olha a minha foto, ao lado do John Uruqhart, fazendo carinho na "Trixst". Todo o rebanho deles é de vacas holandesas.

Depois de visitar a sala de ordenha e saber um pouco como é o processo de manejo leiteiro que o John utiliza, ele me levou para conhecer a fazenda do seu vizinho, o Gerald. Esse segundo produtor tem 170 vacas no total, das quais, aproximadamente 130 estão em lactação, atualmente. Todas holandesas. É uma fazenda de médio porte, segundo o Gerald. Descobri algumas coisas interessantes a respeito da produção de leite nessas duas propriedades: ambos plantam milho, um pouco de aveia e outros volumosos, numa lógica de plantação rotativa - para não desgastar o solo. Eles fazem seu próprio feno e também a silagem, que é administrada durante o ano todo, principalmente no inverno, quando a neve cobre os campos. A maior parte do tempo, as vacas permanecem em confinamento, tendo a oportunidade de, no verão, permanecerem o tempo que desejarem no campo. Segundo o Gerald, na maior parte do tempo as vacas preferem ficar dentro do celeiro descansando. Ao lado, uma foto de um dos silos da propriedade de Gerald.
Outra coisa interessante que descobri é que os dois fazendeiros compartilham um empregado: o Tony, que ajuda a ordenhar as vacas.
A preocupação com o "conforto" das vacas é tanto que Gerald tem uma escova suspensa que parece um rolo de "lava carros"- conforme se pode ver na foto ao lado - onde as vacas têm oportunidade de coçar as próprias costas.
Percebi que os produtores de leite canadenses têm uma qualidade de vida bem superior à dos taquarenses. Para mim, isso fortalece ainda mais a ação da Estratégia de Desenvolvimento Regional Sustentável - DRS, empreendida em Taquara.

domingo, 13 de maio de 2007

O domingo

Um balão de gás enfeitou ainda mais a paisagem londrina neste domingo ensolarado. Num céu muito azul e sobre as árvores verdejantes da primavera canadense, o balão seguia, serenamente, o seu caminho.

Este foi um dia das mães diferente de todos os outros. Não almocei com meus filhos, nem com minha mãe, nem com minha sogra. Mas falei com todos por telefone, ou por e-mail, MSN, ou pelo blog. Ganhei flores do Iuri e muitos emails e scraps de amigas queridas :) Além disso, o Iuri e eu fomos comer um churrasco na casa de um novo amigo gaúcho que mora aqui em London: o Sérgio. Ele é professor do curso de Administração no King's College, que faz parte da University of Western Ontario. Foi um dia ao ar livre e lembramos muito daqueles agradáveis fins de semana na praia, com a família. O Sérgio é casado com a Cristina, uma carioca de Copacapana.
Além do casal anfitrião, estavam também a filha do Sérgio: Luciana, o filho da Cris: Rodrigo, mais um casal de paulistas: Fernando e Miriam e seus filhos: Mariana e Lucas. Tanto a Cris quanto a Míriam, fazem parte do grupo das mulheres brasileiras em London. Foi um dia muito agradável, nós sentimos um gostinho de Brasil e, principalmente, de Rio Grande do Sul.
Quando chegamos em casa recebemos um telefonema do Zenon nos convidando para conhecer Niagara Falls no próximo final de semana. Isso não é maravilhoso???

Na foto da esquerda, pode-se ver o Iuri tomando seu chimarrão. À sua esquerda: Fernando e à direita: Sérgio.

Na foto à direita: Sérgio assando uma picanha e algumas ligüiças.









sábado, 12 de maio de 2007

Trabalho voluntário

Na semana que passou eu comecei meu trabalho voluntário no Big Sisters of London. Terça-feira, dia 08 de maio, fui a uma reunião de inscrição para exercer trabalhos voluntários, na sede do Big Sisters. Funciona assim: as pessoas interessadas em trabalhar como voluntárias, entram em contato com a ONG e informam seu nome e telefone. Depois disso é marcada a reunião de inscrição. Eles chamam esse processo de "application".
Na reunião de terça-feira, estávamos a gerente geral, sra. Cathy Urquhart, eu e mais quatro potenciais voluntárias ao programa Big Sisters. A Cathy se apresentou e, em seguida, todas nós também nos apresentamos. A Cathy disse que estava nervosa por apresentar o programa ao grupo, pois não é professora e não está acostumada a falar em público. Disse que, pelo fato de eu ser professora no Brasil, ela ficara um pouco constrangida e estava vencendo uma barreira... isso foi engraçado, porque eu também estava vencendo uma barreira: afinal, tinha que me apresentar em inglês (risos), mas me saí muito bem. Todo mundo aqui, exceto eu, acha que eu falo muito bem inglês. Estou quase me convencendo disso.
A Cathy explicou como funciona a entidade, quais os programas que ela oferece às meninas e como a estrutura é mantida.
Ao final, cada candidata a voluntariado preencheu uma ficha de inscrição (form application) de quatro páginas e a reunião terminou.
O processo continua internamente, com a busca por informações de antecedentes criminais, consulta às referências pessoais indicadas e entrevistas.
Como os contratos para ser uma big sister devem ser de 12 meses, eu já estou fora desse programa. De qualquer forma, posso fazer outras atividades, como ajudar nos serviços burocráticos da entidade.
Então, quinta e sexta-feira, das 9h30 às 12 horas, eu pude colaborar bastante, o que me deixou muito feliz!
Já estou entendendo como são os processos internos da entidade e, além disso, tenho oportunidade de conversar com várias pessoas, algumas são funcionárias, outras são voluntárias.
Claro que agora, que estou me expondo mais, começam a surgir minhas gafes. :)
Sexta-feira, uma das minhas atividades foi grampear conjuntos de papéis que seriam encaminhados às mães e às big sisters das meninas que são orientadas pelo projeto. Grampeador em inglês é "stapler", então, quando uma das moças que trabalham lá, a Fern perguntou: "where are the stapled sheets?" (onde estão os papéis grampeados?), eu não ouvi direito - entendi "stapler" e fui correndo buscar o grampeador. Entreguei-o a ela, toda faceira, mas aí a sua colega: a Courthney, entregou-lhe os papéis. Pedi desculpas e quase morri de vergonha (hehehe).

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Dia das Mães

Domingo é o dia das mães, tanto aí no Brasil quanto aqui em London. Estou longe dos meus filhos, longe das minhas noras e longe da minha mãe. Também o Iuri está longe da sua mãe.
Claro que essa distância é só física. Felizmente, a tecnologia disponível nos permite estar perto de todo mundo, seja através do nosso blog, dos seus comentários, dos e-mails, do MSN, do Skype - com webcam e microfone - e do bom e velho telefone.
Hoje à tarde, ao ler o Panorama, vi um texto sobre as irmãs-mães, aquelas que ajudam a cuidar dos irmãos mais novos. Fiquei pensando no que é uma mãe e quantas mães a gente pode ter ou ser.
Pensei: a primeira mãe que temos, é a nossa mãe biológica, depois vêm as avós, as tias, as madrinhas, as sogras, as amigas mais velhas (às vezes até mais novas), as madrastas. Depois a gente mesma se torna mãe, tia, sogra, madastra... de vez em quando, a gente vira mãe das amigas mais novas (às vezes das amigas mais velhas).
Então, para homenagear as mães que me cercam, resolvi fazer um álbum de fotos e disponibilizá-las no site:
http://picasaweb.google.com.br/Nara.Maria.Muller/MEs

FELIZ DIA DAS MÃES!!!
Nara e Iuri

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Calorzinho londrino

O calor está chegando por aqui, na mesma proporção em que o frio está chegando aí no Brasil. Os termômetros marcam 22 C aqui em London e 12 C em Porto Alegre.
Ontem à noite, o Iuri e eu fomos a um barzinho muito legal: o Alibi.
O Iuri já tinha ido nesse barzinho, acompanhado do Zenon, no dia em que eu tive o encontro com as mulheres brasileiras. Escolhemos uma mesinha no pátio do bar, pois o ambiente interno, apesar de bonito e aconchegante, estava muito quente (para quem sofreu com a neve há pouco mais de um mês...isso aqui está o paraíso).
Comemos uma pizza e bebemos cerveja canadense.
Uma delícia!!! Principalmente para mim, que desde o dia 04 de março, quando saímos do Brasil, não tinha mais sentido o gostinho dessa bebida :)




sábado, 5 de maio de 2007

Cracking the Code of Cookies / Desvendado os tais Cookies...








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A comida aqui no Canadá é engraxada. Gordurosa talvez fosse a melhor palavra, mas "manteiguenta" é melhor ainda. Pelo menos, a comida que se encontra nos supermercados e restaurantes.

Talvez eu tenha me desacostumado ao gosto da gordura. Nos últimos dois anos, estou com o colesterol um pouco acima do limite, e o médico mudou minha dieta. Dois anos comendo margarina Becel Pro-active, queijo minas e peito de chester mudaram um pouco meu paladar.

Quando chegamos aqui e compramos as primeiras embalagens de granola, estranhamos muito o gosto. Era gordurosa. Então, faz umas três semanas que estou fazendo granola em casa. Qualquer hora dessas eu passo a receita.

Mas uma coisa que tem aqui que eu acho sensacional são uns biscoitos de aveia e passas. Eles têm um jeitinho de bolacha da colônia, um gosto maravilhoso quando se morde e se mastiga... mas no fim, tem aquele travo de manteiga... Além disso, tem uma textura meio "molhada", molenga, não faz "croc-croc".

Então, eu resolvi "quebrar o código" dos tais cookies. Baixei uma receita do Recipezaar, adaptei e hoje mandei ver. Ficaram crocantes e sem o travo de manteiga.

A receita:


  • 1 xícara de margarina (usei Becel)
  • 1½ xícaras de açúcar mascavo
  • 2 ovos
  • 1½ xícaras de farinha de trigo
  • 1 colher de chá de fermento químico
  • ½ colher de chá de sal
  • 3 xícaras de aveia (eu usei a mesma aveia grossa da Quacker que uso para a granola)
  • 1 xícara de passas de uva


  1. Eu liguei o forno a 180°C e tirei as grelhas.
  2. Como não temos (nem teremos...) formas para biscoitos aqui, forrei as grelhas do forno com papel alumínio
  3. Bati a margarina e o açúcar em uma bacia plástica (deve ter uns 2,5 l)
  4. Misturei os ovos e bati bem
  5. Adicionei a farinha, fermento e sal. Bati bem (que falta faz uma batedeira...)
  6. Misturei a aveia e as passas.
  7. Fiz umas porções, com a mão mesmo, e coloquei sobre as "formas" de papel alumínio, que estavam em cima da mesa. Não untar nem polvilhar. Não dá para fazer muito finas, acho, porque senão podem ficar duras.
  8. Assei 10-12 minutos. Elas ficam douradas. Melhor não esperar "secar" no forno, porque acho que ficam duras. Quando eu tirei, elas estavas douradas por fora e meio moles ao tato. Removi do forno e deixei secando fora.
  9. Depois de frias, elas perderam aquele aspecto "molhado". Tirei da "forma" e experimentamos.

Deixei a Nara experimentar e aguardei uns 2 minutos. Como não aconteceu nada de mais com minha cobaia, comi também. Ficaram crocantes, e sem o travo de manteiga. Mas ainda deliciosos!


The food here in Canada is greasy. At least, the food we buy at supermarkets and restaurants.


Maybe I am not used anymore to the taste of fat. In the last two years, I am eating low fat margarine, low fat cheese and low fat turkey breast. My taste is changed.

When we get here and bought the first packages of granola, we disliked the taste. It was greasy. Then, for about 3 weeks I am doing granola at home. Sometime I will provide the recipe.

But one thing that I like very much here is the oatmeal raisin cookies (why sometimes it is called "vanishing"?). I like very much the taste when I bite, and when I chew... but in the end, there is a strong taste of butter... Besides that, they are not crunchy.

Then I decided "crack the code" of the oatmeal raisin cookies. I downloaded a recipe from Recipezaar, adapted it today and "there you go!" They are crunchy and no butter taste.

The recipe:



  • 1 cup of margarine (I used Becel)
  • 1½ cups brown sugar, firmly packed
  • 2 eggs
  • 1½ cups all-purpose flour
  • 1 teaspoon baking soda (I actually used baking powder)
  • ½ teaspoon salt
  • 3 cups oats (I used Quacker Oats Large Flake)
  • 1 cup raisin


  1. Heat oven to 350°F
  2. As we don't have (and won't have) any cookie pans, I covered the oven grills with aluminium foils and removed from the oven.
  3. Beat together margarine and sugar until creamy
  4. Add eggs and beat well
  5. Add flour, baking powder, and salt; mix well.
  6. Add oats and raisins; mix well
  7. Drop some portions onto ungreased "cookie pan"
  8. Bake 10-12 minutes or until golden. Remove from the oven and let cool down
  9. After cool, remove from the "cookie pan".

I let Nara try and waited 2 minutes. As my guineapig didn't suffer anything, I decided eating it too. They are crunchy and no taste of butter. But still delicious!



Outono brasileiro

Enquanto aqui em London a gente vê, com muita alegria, a chegada do sol e do calorzinho primaveril, as altas temperaturas parecem relutar em abandonar os brasileiros. Prova disso é o fato de que, no feriado de 21 de abril - Tiradentes - muita gente se deslocou para o litoral gaúcho. E assim como nós aqui procuramos manter nossos familiares e amigos brasileiros a par do nosso dia-a-dia, com textos, fotos e vídeos, temos a satisfação de receber, em contrapartida, alguns vídeos e fotos de nossos familiares e amigos aí do Brasil.
É o caso das fotos e vídeos da galeria da nossa amiga Márcia Diehl, que nos permite ver meus pais, meu irmão e cunhada, além da própria Márcia e do Gustavo, curtindo aquele solzinho com mar azul e quentinho da praia de Imbé, no dia 22 de abril.
Vejam no link abaixo:
http://picasaweb.google.com/marciadiehl/ImbEmPlenoAbril

A Bicicleta

Assim que começou a sair o sol, eu comecei a ficar louco de vontade de andar de bicicleta por London. A cidade é plana e os motoristas são razoavelmente educados. Não tanto quanto os alemães, mas muito (MUITO) mais educados que os brasileiros.
Bom, fomos ver os preços das bicicletas aqui. Algo entre CAD 150-160. Nenhum absurdo, mas gastar esse dinheiro com algo que não vou poder carregar de volta... Não faz muito sentido.
Então descobri em um site de compra e venda de usados daqui (tem um nome impronunciável: KIJIJI) uma bicicleta bem legal. Veja a foto! Era apenas CAD 60! Liguei para a pessoa uns dois dias atrás da bicicleta.
Em um dia, não podia ir ver porque outra pessoa estava interessada. No outro, a pessoa parece que se comoveu pelo fato de que eu não tenho carro e veio aqui mostrar a bicicleta. Foi melhor, porque assim a Nara poderia ver e emitir uma opinião.
Uns 40 minutos depois, estacionou aqui uma van com um casal. Eles desceram a bicicleta e nos chamaram para ver. Quando eu cheguei na porta, lá em cima, e vi a bicicleta, gelei: era uma bicicleta de criança!
Que vergonha! Fazer os dois virem até aqui para nada! Bom, mas realmente eu não tinha visto que era uma bike pequena...
A Nara ri muito toda vez que se lembra da minha cara de decepção.

Os chineses não vão voltar... eu sim!

A maior população do doutorado aqui é de chineses. Aliás, o que tem de chineses estudando nessa universidade é um absurdo!
Outro dia desses ia caminhando para a universidade e pensando que a China iria se tornar uma superpotência intelectual, com esse monte de gente qualificada voltando para lá ao final de seus cursos... e aí me deu o estalo de perguntar.
Já perguntei para três chineses se eles voltariam para a China. Nenhum dos três volta. George, o chinês mais extrovertido do planeta, inclusive imigrou para o Canadá. Quase me obrigou a fazer o mesmo, de tanto que insistiu!
As duas chinesas com quem conversei me disseram o mesmo. A razão? Ora, dinheiro! Segundo elas, o salário na China é algo como CAD 35,000 por ano, enquanto o salário de um doutor em uma universidade canadense é, no mínimo, CAD 80,000. Perguntaram quanto um professor no Brasil ganha. Conta difícil.
Fiz uma conta pela taxa de câmbio. Se levarmos em consideração que a taxa é de 1.8, um professor canadense ganha R$144.000 por ano. Divide por 12, porque aqui não tem 13º, essas coisas, dá uns R$12.000 por mês. Tem que penar para ganhar isso no Brasil...
Mas esse professor não vai viver no Brasil, certo? Portanto, essa comparação não faz sentido. Tem que se recorrer ao recurso do PPC (poder de paridade de compra), ou seja, o que se compra efetivamente com esse dinheiro em outro país. Essa é uma conta bem mais difícil de fazer... A carne de gado mais barata que encontramos aqui (tirando a carne moída...) é 11 dólares por kg. Nunca uma carne custaria isso no Brasil! Um pacote de 2kg de arroz custa quase 3 dólares. Ou seja, a comida é muito mais cara aqui do que no Brasil. Por outro lado, mesmo com toda a conversão cambial, os eletrônicos aqui custam MUITO barato. Ou seja, dependendo do "mix" que uma família compra no ano, pode ser muito mais caro ou muito mais barato morar no Canadá...
Bom, vou encurtar o assunto: como ninguém compra só carne ou só monitores de LCD no ano, a impressão que eu tenho é que o PPC real x dólar canadense é de 1:1. Ou seja, uma família que ganha CAD 1,700 consegue consumir e manter o mesmo padrão de vida que uma família brasileira que ganha R$1.700. Que, no final das contas, é o que importa, não é?
Bom, com essa nova lente, vamos voltar ao caso do professor canadense x professor brasileiro. Se o canadense ganha CAD80,000 por ano, isso equivale a um brasileiro que ganha R$80.000 por ano. Como temos no Brasil 13,33 salários (décimo-terceiro + terço de férias), R$80.000 ao ano equivale a um salário mensal de R$6.000... Não acho que nossos professores no Brasil tenham nenhum motivo para debandar em massa para o Canadá, ficar longe de suas famílias e ter que agüentar esse inverno desgraçado...
Os chineses podem ficar, mas eu volto para o Brasil, e só volto para cá de vez em quando, para apresentar artigo em congresso científico!

Bolacha Maria

Achamos!!!

Ou melhor, foi o Iuri quem viu primeiro e me mostrou aqueles pacotes de bolachas Maria, na prateleira do supermercado Loblaws. São crocantes e fininhas como as nossas bolachas Maria brasileiras, embora sejam Marias espanholas.
Vou testá-las numa legítima torta de bolachas Maria e depois conto a vocês como ficou!

sexta-feira, 4 de maio de 2007

London, cidade fantasma

Bem, não estamos propriamente sozinhos em London, como o título pode sugerir. Mas vocês não acreditam o que saiu de gente daqui. O Zenon estava me dizendo que, nas férias de verão, os alunos todos cancelam os contratos de aluguel, tocam as coisas todas fora e vão para casa. No final do verão, voltam novamente e vêm procurar casas para alugar.
Por essa razão, inclusive, ele e a sua mulher estão pensando em parar de alugar para alunos e tentar alugar para clientes mais estáveis, como professores em ano sabático.
Nessa semana que passou, terminaram os exames. Imediatamente, as salas de aula que ficam próximas de meu escritório na universidade começaram a ser limpas e enceradas. Para entrar no escritório, quase que tinha que me esquivar daquele mar de cadeiras estofadas. Agora que tudo terminou, o prédio está deserto. A foto que abre meu post, da árvore que antes sempre tinha alunos lendo e trabalhando em seus laptops à sua sombra, ou mesmo brincando, agora mostra um campus vazio, quase triste.

Bem, terminados os exames, os alunos simplesmente atiraram fora suas coisas e foram embora para suas casas. A foto ao lado é só uma pequena amostra de coisas que se podiam ver nas calçadas de London. Cadeiras, mesas, sofás, armários... Absolutamente tudo.
Com os aluguéis entre 650 e 1000 dólares por mês, mais o valor da universidade, que não é barata, dá para entender porque os alunos vão e voltam. Deve dar uma boa folga no bolso dos pais... Eles entram em férias agora e só retornam em setembro... Têm perto de 12 semanas de aula por semestre, aqui, bem menos do que nós no Brasil e que os alunos norte-americanos. Meu orientador canadense diz que prefere acreditar que os alunos da Ivey são mais espertos que os outros...

A boa notícia é que achei uma ... impressora! Sim, estava vindo para casa da universidade e vi uma impressora no lixo! Olhei para ela, examinei. Faltava apenas o cabo de força. Levei para casa, pluguei o cabo de força do meu laptop, que é do mesmo formato... a impressora ligou. Coloquei um cabo USB ligando ela ao laptop da Nara. O laptop reconheceu-a, mas não tinha os drivers. Entrei no site do fabricante, baixei os drivers e os manuais da impressora, e mandei ver. Imprimi uma folha para testar. Não havia tinta no cartucho colorido, mas o preto está com tinta. Para resumir, fomos ao Masonville, compramos um cabo de força por 10 dólares, recarregamos o cartucho por 15 dólares e... impressora nova!

Coincidência ou providência Divina?

Sábado, durante o encontro com as mulheres brasileiras que vivem em London, uma delas, a Lia, sugeriu que eu procurasse um trabalho voluntário para tornar meu inglês mais fluente. Pensei bastante na possibilidade, pois gosto de ajudar pessoas, participar de campanhas ou trabalhos que tenham propósitos nobres.
Domingo o Iuri e eu saímos para caminhar, pois o sol estava brilhando sobre o céu de London. Fomos almoçar no Masonville Plaza, uma espécie de Shopping Center (aqui eles não chamam esses lugares de Shopping Center, mas de Mall).
Todo mundo conhece aquelas folhas de papel com alguma ilustração ou mensagem que as lanchonetes colocam sobre as bandejas de lanches, certo? Eu não tenho nem idéia de como se chamam, mas o Iuri sugeriu "tapetes de bandeja". Pois bem, durante o almoço, o Iuri observou no tapete da bandeja da lanchonete, que havia uma chamada para um Projeto chamado "Big Brother Big Sisters of Canada" que estava solicitando voluntários. Levei o "tapete de bandeja" para casa, entrei no site (www.sharealittlemagic.ca) e descobri o tipo de serviços que eles oferecem à comunidade: São orientações e acompanhamentos a jovens chamados: "little brothers ou little sisters", de 6 a 16 anos, cuja vida em família não lhes proporciona um bom desenvolvimento pessoal. Então os big brothers ou big sisters atuam como orientadores educacionais e vocacionais. Enfim, o trabalho consiste em dedicar três horas semanais a um jovem, sair para passear, ir a bibliotecas, levar para a própria casa e ensinar-lhe coisas que possam ajudá-lo a ter melhores perspectivas de vida.
Mandei o e-mail e, segunda-feira, a gerente de uma unidade do Projeto me respondeu, pedindo para ligar e marcar um horário. Fiz isso e marcamos para quarta-feira à tarde.
Quando cheguei à sede do Projeto Big Sisters, fui muito bem recebida pela gerente, Cathy. Ela me explicou que fazem contratos de 12 meses com as Big Sisters, então eu não poderia atuar nessa atividade, pois só vou ficar em London até janeiro de 2008. Entretanto, ela me questionou sobre o que eu fazia no Brasil então eu contei a ela sobre meu trabalho na FACCAT como professora de cursos de empreendedorismo para empresários de pequenas empresas e ela sugeriu que eu poderia trabalhar com ela, ministrando aulas de motivação para sua equipe, além de lhe dar dicas para melhorar seus métodos de liderança.
Mas o mais impressionante foi quando eu disse a ela que estava trabalhando num projeto para ajudar produtores de leite de pequenas propriedade a melhorar seus métodos de gestão. Falei da Estratégia DRS, das atividades das entidades parceiras e vi seus olhos brilharem! Ela me perguntou: "Você sabe onde eu moro?". Eu disse que não, afinal eu a estava conhecendo naquele momento. Ela disse que mora numa "dairy farm": uma fazenda de produção de leite. O marido da Cathy é produtor de leite há mais de 30 anos. Ela me convidou para visitar sua fazenda e mais duas propriedades vizinhas, contar-lhes sobre o meu trabalho no Brasil e obter informaçãos sobre as práticas da atividade leiteira no Canadá. Provavelmente o Iuri e eu faremos essa visita no próximo sábado, dia 12.
Esse encontro foi realmente inesperado para mim e para a Cathy. Ela própria disse: "Parece que Alguém mandou você aqui e nos colocou juntas!"
Eu tenho certeza que Alguém me mandou ir até lá...