Conforme eu havia dito participei da Conferência Nacional de Agricultura, realizada aqui em London - Ontário, na semana passada.
Antes de comentar sobre a conferência propriamente dita, gostaria de expressar um sentimento profundo de agradecimento a todos os organizadores e participantes desse evento. Eu tinha um pouco de receio de não conseguir me integrar por ser brasileira e não falar tão fluentemente inglês quanto os canadenses. Bem, eu não fui tratada como uma brasileira no Canadá, mas como "a brasileira" do evento. O fato de eu estar participando gerou curiosidade e simpatia das pessoas e, a todo momento, eu estava explicando o que faço no Brasil, por que estou no Canadá e as pessoas buscavam, de todas as formas, me apoiar e explicar coisas que eu não conhecia direito... Senti muito orgulho de ser brasileira e feliz por encontrar, nos canadenses, um povo tão hospitaleiro.
Agora sobre a conferência: O objetivo da conferência foi exatamente o que o nome do evento previa com a palavra awareness, isto é, conscientizar ou sensibilizar as pessoas sobre as questões da agricultura. A comunicação foi muito enfatizada , ou seja, é crucial comunicar à população urbana o que fazem e como fazem as pessoas numa comunidade rural. É unânime a crença de que se os próprios agricultores não tiverem orgulho por realizar uma das tarefas mais importantes desse mundo - alimentar a humanidade - ninguém lhes dará valor nem tampouco se preocupará em preservar e incentivar a atividade rural. Se não saírem às ruas, utilizando-se dos meios de comunicação disponíveis, os agricultores permanecerão isolados em suas fazendas, estereotipados como "seres inferiores", cada vez com menos gente para ajudar nas lides e com uma população que envelhece a cada dia. Como atrair os jovens para que permaneçam no campo? Como evitar que eles se rendam aos encantos da vida urbana? Essa parece ser uma realidade comum em qualquer lugar do mundo e também foi uma das questões levantadas na conferência. Haviam muitos jovens participando, a maioria são estudantes de cursos ligados à agricultura e pecuária (foto acima). Em geral, são filhos de fazendeiros que pretendem permanecer em suas fazendas e manter as atividades da família. Eles vão em busca de estudos, em busca de conhecimentos que possam lhes proporcionar melhores práticas e, conseqüentemente, melhor qualidade de vida nas propriedades rurais. Isso me lembrou das "casas familiares rurais" presentes no mundo todo, inclusive em Taquara (em fase de implantação). Nessas casas/escolas os filhos de agricultores têm oportunidade de estudar em cursos regulares, agregando conhecimentos modernos sobre uma atividade específica em agricultura ou pecuária, à sua escolha. Não creio que seja o suficiente, mas é um bom começo. Depois disso, é preciso disponibilizar o acesso aos cursos nas áreas de zootecnia, veterinária, agricultura e gestão de agronegócios, para motivar esses jovens fazendeiros.
Aqui no Canadá e também nos Estados Unidos (haviam palestrantes dos USA), existem programas que incluem aulas de agricultura nos currículos escolares - coisa que já havíamos comentado em reuniões do DRS, em Taquara - inclusive com aulas práticas. Os pequenos alunos são levados às fazendas e podem, além de ver como funcionam, realizar também algumas atividades e conversar com os fazendeiros. Num vídeo que foi apresentado por uma palestrante, pode-se ouvir declarações de crianças que ficaram impressionadas com o fato de que os fazendeiros não têm aquela "cara amarrada" que imaginavam. Uma menina diz: "os fazendeiros até riem bastante!"
E por falar em crianças: esse é o alvo. Todos os palestrantes falaram sobre as crianças como sendo o mais eficiente meio de comunicar o que fazem e como fazem os agricultores. As crianças levam a sério, não esquecem o que vêem e ouvem e, se acreditarem que aquilo é verdade, elas vão insistir com seus pais para que façam daquele jeito.
O assunto sobre a conferência ainda não se esgotou, mas vou deixar outros comentários para posts futuros.
A idéia é "celebrar a agricultura", pois ela merece ser amplamente comemorada.
E por falar em comemorar, na noite do dia 24 de maio, houve um banquete de confraternização para os participantes da conferência. Como era o aniversário do Iuri, eu comprei um convite para ele participar desse jantar, comigo. Contei para uma amiga que era o aniversário do Iuri e ela passou a informação para a Jan Robertson (presidente do evento).
Num dado momento, o mestre de cerimônia anunciou a presença de um australiano, de duas americanas e da brasileira Nara Muller, cujo esposo: Iuri estava aniversariando. Brincando, ele agradeceu ao Iuri por ter convidado todos para sua festa e convidou os presentes para cantarem parabéns.
Não preciso dizer que o Iuri ficou ruborizado, mas afinal, foi um aniversário em "alto estilo". Para o Iuri, que se dedica tanto aos estudos e às pesquisas, foi um banquete bem merecido.
As fotos e vídeos relativos à conferência encontram-se no link:
http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/NationalAgricultureAwarenessConference