terça-feira, 16 de outubro de 2007

Sustentabilidade na produção de leite

Introdução

O Iuri e eu temos compartilhado quase todas as nossas experiências educacionais e culturais aqui no Canadá. Quer dizer: eu o ajudo com os trâmites operacionais da sua pesquisa, além de, em alguns momentos, ler seus textos e ouvir suas descobertas e suas dúvidas (às vezes até dou uns palpites). Eu também estou participando com o Iuri dos Seminários de Sustentabilidade, coordenados pela doutora Tima Bansal, da faculdade de Administração da Universidade de Western Ontario. De sua parte, o Iuri tem me acompanhado a eventos ligados à produção de leite e também em visitas a fazendas. Seu objetivo é conhecer o que tem sido feito por aqui, para gerar energias alternativas e "verdinhas". Eu não posso deixar de mencionar que ele atua como meu motorista particular e fotógrafo - risos.

Biodigestores:
Em maio visitamos uma das três maiores fazendas de leite de Ontário: a Stanton Brother's Farm. Essa fazenda, com apoio do governo de Ontário, está implantando um projeto de biodigestão dos dejetos orgânicos - foto à esquerda. A idéia é captar, além dos dejetos produzidos na fazenda, também a produção de dejetos da cidade de London (laticínios vencidos, por exemplo), pois estima-se que a capacidade do biodigestor da Stanton Farms será muito superior ao que ela própria poderá produzir de matéria orgânica. Os proprietários acreditam que, quando o projeto estiver concluído, poderá fornecer energia para além da propriedade.

Cataventos - Windmills:

O Canadá, assim como o resto do mundo, está preocupado em produzir energia aproveitando o que a natureza provê, causando-lhe o menor dano possível. Assim, temos visto os cataventos - foto à esquerda: como os que temos em Osório, no Rio Grande do Sul, além dos biodigestores da Stanton Farms, ou os aquecedores de água, que utilizam o calor produzido pelo leite recém colhido, durante o seu processo de resfriamento.

A Hydro, empresa de energia elétrica do Canadá, tem um programa de incentivo à produção de energias renováveis. Significa que os fazendeiros que produzem energia elétrica, utilizando fontes alternativas como os biodigestores, cataventos, coletores solares, etc., obtêm descontos proporcionais em suas contas mensais de consumo da Hydro. Mais informações sobre esse sistema podem ser obtidas no site da própria companhia de geração de energia elétrica canadense: http://www.hydroone.com/en/electricity_industry/renewable_tech/

Aquecimento de água:

Outra coisa interessante que eu vi nas fazendas de leite aqui em Ontário, é o sistema de pré-aquecimento da água necessária para a limpeza dos equipamentos e da sala de ordenha.
Normalmente, a água utilizada para esse fim precisaria ser aquecida através do uso de energia elétrica ou caldeira. Entretanto, muitos fazendeiros utilizam um equipamento (trocador de calor), um processo extremamente simples, mas eficiente. Após a ordenha, o leite está a uma temperatura de 37º C e é direcionado, através de tubulações, para dentro desse trocador. Em outro ponto acontece a entrada de água fria que circula provocando a troca de temperatura de ambos os líquidos. O leite sai à temperatura de 10º C e segue para o resfriador para atingir à temperatura ideal de conservação: de 2 a 4º C. Já a água sai aquecida (morna) e precisa de menos energia elétrica para entrar em ebulição, tornando-se adequada à limpeza e higiene que a atividade exige.

O diagrama à direita (tirado do site Answers.com) mostra como funcionam esses trocadores de calor.

Um dos fazendeiros que visitamos utiliza a água que sai do trocador de calor para alimentar o rebanho. Ele diz que as vacas gostam de beber água morna. Mais adiante vou fazer um post sobre "conforto animal" e, sem dúvida, voltarei a mencionar essa preocupação em dar às vacas, o que lhes agrada...

Sobre sustentabilidade, era isso o que eu tinha para relatar, mas deixo o link para o álbum de fotos e vídeos que explicam um pouco mais essas práticas de geração de energia:

http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/TCnicasDeSustentabilidade

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