Carteirinha de Ontário
"Yours to discover" ("sua para descobrir" -- ou, "me descubra") é o slogan de Ontário, a província em que vivemos aqui no Canadá. Realmente, há muita coisa que descobrir depois que se chega aqui...
Desde antes de chegarmos no Canadá, vínhamos nos questionando se devíamos comprar um carro. Meu orientador canadense, então, me havia passado um contato de um aluno do doutorado da Ivey que disse que não era necessário, o que de certa forma nos tranqüilizou. Ao chegarmos, com aquele frio todo e neve, começamos a pensar que um carro ajudaria muito, principalmente na hora de trazer as compras de supermercado. Além disso, um carro poderia servir para nos levar para passeios breves, aos finais de semana.
Por várias vezes, ficamos na dúvida de qual seria a melhor decisão. Discutimos muito, pesamos prós e contras, e procuramos muita informação, para podermos tomar a decisão acertada. Afinal, um automóvel usado, por mais barato que seja no Canadá, sempre é uma fonte de despesa, principalmente se tivermos que fazer qualquer tipo de manutenção. Mecânico custa CAD 60 a hora de trabalho! Qualquer manutenção aqui nos tomaria uma boa grana, o que não dispomos em grande quantidade. Além disso, não se pode comprar um carro sem fazer seguro. Não é como o nosso "seguro obrigatório", que custa uns 30 reais por ano, que se faz quando se paga o IPVA no Brasil. É seguro mesmo, com seguradora e tudo. E pelo jeito, nada barato.
Outro dia desses, um conhecido nos ofereceu um carro interessante: 10 anos de idade, alguns pontos de ferrugem, mas com a manutenção em dia, e a um preço legal (CAD 2000). Um bom negócio, enfim. Mas ficamos ainda na dúvida.
Semana passada, alugamos um carro. A Nara já fez um post a respeito. Fomos visitar uma fazenda de leite, e não havia como ir de ônibus. De documentação, foram necessários apenas o cartão de crédito e minha permissão internacional para dirigir (PID), expedida pelo DETRAN-RS. O aluguel não saiu muito caro: CAD 40 a diária, mais CAD 18 de seguro, mais impostos, CAD 65 no total. Mas a sensação de dirigir foi ótima! O trânsito aqui, apesar de ter umas regras diferentes, é muito gostoso de dirigir. Calmo, até.
Voltamos para casa encantados! E pensei: vou comprar o carro do conhecido. Mandei um e-mail para ele perguntando se já tinha vendido o carro, ele me ligou de volta e marcamos para eu ir à casa dele no dia seguinte. O carro era bom de dirigir e tudo. Estava decidido: esse carro seria nosso!
No dia seguinte, tirei o dia para ver o preço do seguro e fazer a transação. Descobri o seguinte: para fazer o seguro, precisamos ter carteira de motorista expedida por Ontário. Não servia a PID. Além disso, o seguro sairia uns CAD 150 só para terceiros. Se eu quisesse ainda ter cobertura para o próprio automóvel, ia para uns CAD 182 (uma diferença não muito grande, até). O problema é que esse seria só o meu seguro. Teria que ter outro para a Nara, caso ela quisesse dirigir. Bom, aí a coisa saiu do controle. Tirar 2 licenças de motorista de Ontário, fazer 2 seguros, mais as taxas de transferência (só para fazer uma placa de carro, que é do proprietário, e não do automóvel, aqui, custa CAD 150... imagina o resto). Mais o valor do carro, e ainda teríamos que tentar vender em pleno inverno... Resumo: cancelei o negócio.
Pelo fato de não querermos fazer carteira de Ontário, nosso problema está resolvido: não vamos comprar carro! Se precisarmos, vamos seguir alugando ou "dando um jeito", como vínhamos fazendo até agora.
Um comentário:
Está certo que a gente é meio "ontário" de vez em quanto, mas daí a ter carteirinha... fala sério - hehe!
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