Brownbag Seminar
Hoje fui a um "brownbag seminar" na universidade. A tradução literal seria "seminário do saco marrom", mas calma lá que não tem nada a ver com o que vocês estão pensando. Acho que o "saco marrom" tem relação com aquele saquinho de papel marrom que a gente vê nos filmes americanos, em que eles carregam o almoço para o parque. Deve ser.
Funciona assim: o seminário vai das 12h à 1h, e inclui um lanche leve (o "almoço" - aqui se come pouco no almoço). A gente chega na sala, que tem uma grande mesa de reuniões, e uma mesa auxiliar, ao lado, com bandejas com sanduíches, biscoitos (cookies), refrigerantes, sucos e água. Cada um se serve e senta à mesa. Aí começa o seminário. Pontualmente às 12h, para meu espanto...
Hoje foi assim: um dos pesquisadores da universidade enviou um artigo para ser publicado na conceituadíssima revista Administrative Science Quarterly. Ele recebeu os comentários do editor e 3 revisores anônimos. Então ele enviou o artigo (umas 45 páginas em espaço duplo) e os comentários (21 páginas, espaço simples) para uma lista de e-mails, da qual eu já faço parte, que inclui os alunos de doutorado daqui da universidade.
Todo mundo leu o artigo e os comentários e foi lá ajudar o autor. Como funcionou a dinâmica: como todos já haviam lido, ele (o autor) só comentou os pontos principais, "de boca", sem Powerpoint nem nada. Depois os presentes tentaram contribuir, esclarecendo pontos que ficaram omissos no texto e oferecendo sugestões, tanto do ponto de vista da teoria quanto da metodologia. Estávamos em 10 pessoas na sessão. Desses, uns 3 pareciam professores, e o resto eram os alunos de doutorado.
Foi uma coisa muito impressionante, pois não sei como seria entendido em nossa cultura uma sessão desse gênero. Primeiro, não sei até que ponto um aluno de um programa de doutorado brasileiro exporia aos seus colegas as mazelas e críticas recebidas ao artigo (os avaliadores foram bem rígidos na avaliação do artigo dele). Depois, não sei se os colegas ficariam à vontade para contribuir, e se alguém aqui, com a agenda pesada que se tem no Brasil (não sei como é no Canadá ainda) teria tempo ou disponibilidade para ler com atenção tanto o artigo quanto os comentários a ponto de fazer o tipo de sugestão que eu ouvi hoje.
A sessão terminou, para meu espanto, pontualmente à 1hora. Voltaram todos a seus afazeres.
3 comentários:
Me parece saudável...em todos os aspectos. Desde comer pouco ao meio-dia, até discutir e comentar o trabalho do colega em clima de descontração (imagina se no "brownbag" alguém leva um Scoth...). Penso que no Brasil existe uma mentalidade de "comer o fígado" com ou sem saco marrom, do colega de Doutorado. Sempre me pareceu um querendo ferrar o outro, mais do que trocar idéias e contribuições. Me corrija se estiver errado.
Iuri,
Estas correto quanto ao brown bag: saquinho de papel marrom com o lunch. Na companhia onde trabalho fazemos brown bag meetings com o presidente e VP's. Os funcionarios de todos os niveis, 6-8 de cada vez, sao convidados e tem a oportunidade fazer perguntas diretamente a cada executivo e tambem expor opinioes. O resultado tem sido excelente: muitas ideias sao colocadas em pratica apos estas reunioes. Nao tenho experiencia com esta 'tecnica' fora da admin de empresas, porem acho que o principio e' o mesmo.
Best regards,
Jane
Jane,
Como somos um curso de administração de empresas... talvez tenhamos copiado a prática do "brownbag seminar" das empresas... hehehe!
No Brasil, não conheço nenhuma empresa que use, até porque a CLT (lei trabalhista) exige que todo trabalhador de 8h diárias tenha pelo menos 1 hora de almoço... esse tipo de prática poderia levar a ações trabalhistas de todos os tipos, como, por exemplo, obrigar a trabalhar na hora de almoço, não pagar pelo trabalho, e por aí vai.
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