quinta-feira, 15 de novembro de 2007

9 1/2 semanas...

Em 1986 (ou era 1987), vi no cinema o filme 9 1/2 semanas de amor... Cada vez mais, dizer coisas assim me faz sentir mais velho. Seria como dizer "fui na pré-estréia do Cidadão Kane (1941)".

Era uma história interessante, mas com um final trágico. No fim do filme, a moça descobre que o misterioso rapaz que a havia conquistado era, na verdade, um profissional especializado em conquistar moças, e vender as filmagens de suas cenas íntimas para a indústria pornográfica. Enfim, mais uma obra da paranóia cinematográfica, que vai desde essas coisas mais mundanas até os filmes de terrorismo e espionagem. A moral da história, em todas essas histórias, é que não deve se confiar em ninguém.

Felizmente, a vida não é bem assim. Talvez não vendesse tanto ingresso se virassem filmes, mas as histórias de (quase) todos nós tem mais de confiança, amizade e otimismo do que de traição, maldades e sofrimento.

Faltam hoje 9 1/2 semanas para irmos embora para casa. Ainda tem muita coisa a fazer nesse tempo. Às vezes, nem parece que falta tanto tempo e tem tanto a fazer. Mas é isso mesmo.

Sexta-feira (daqui a 2 dias) vou aos Estados Unidos (Phoenix, no Arizona), apresentar os resultados preliminares da minha pesquisa aqui. Dizia aquela propaganda antiga de cigarro (pô, outra velharia: sou do tempo que tinha propaganda de cigarro no Brasil), os homens se encontram no Arizona. Pois é: para economizar, vou ficar em um apartamento com mais 2 colegas. Parece que pediram uma cama extra. Espero que sim... Não quero voltar de lá falado!

Quando voltar, sigo firme na coleta de dados. Ainda não chegamos na quantidade de informações necessárias para fazer uma boa análise, então temos ainda que ligar para as empresas, convencer gerentes a responder, enfim, todas essas coisas "divertidas" que tem que se fazer para fazer pesquisa com questionários. Cada vez mais pessoas fazem pós-graduação, especialmente doutorado, e tem cada vez mais doutores que precisam pesquisar. Então, as empresas cada vez mais recebem questionários, e os gestores estão cheios de respondê-los ("Tenho vários aqui para responder, não vou responder esse" - disse outro dia desses um ex-possível respondente). Resultado: taxas de resposta declinantes em todos os lugares do globo. Eu estava explicando para o Eddie (marido da Zulma, que tem uma fazenda de produção de leite) mais ou menos assim: imagina que recolhes uma amostra do teu terreno para fazer análises (para determinar correção do solo, adubação, etc.). Se tenho poucas respostas, é como coletar terra apenas de uma parte da propriedade: não há como saber se as informações são representativas da propriedade inteira ou apenas de um pedaço, e errar a análise para todo o resto.

Depois ainda tenho de fazer umas análises desses dados. Essa parte até acho divertida. Tenho uns colegas que chamam "tortura de dados": vai batendo neles até que eles confessem alguma coisa. As vendas não seguem uma distribuição normal? Tira o logaritmo e vê no que dá... e assim vai indo. Tenho uma visão mais lúdica: gosto de brincar com os números. "É brincando que se dizem as grandes verdades" - diz o ditado.

Finalmente, ainda vou produzir um relatório para as empresas que responderam ao questionário. Tem ainda que sobrar tempo para comer, dormir e namorar a Nara... serão 9 1/2 semanas de muito, mas muito amor mesmo. Sim, porque ela tem que me amar muito para me agüentar. Fico impossível quando tenho que fazer esse monte de coisas em tão pouco tempo.

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