sábado, 29 de setembro de 2007

Bombeiros canadenses

Uma coisa que chama nossa atenção desde que chegamos aqui no Canadá em março é o constante som das sirenes dos caminhões de bombeiros. De longe já se pode ouvir o som característico e, quando se aproximam de um cruzamento, uma buzina em altíssimo volume, sinaliza que os motoristas devem abrir alas. Geralmente passa um, dois e às vezes três caminhões, seguidos de ambulâncias e, às vezes, de viaturas policiais.
Um dia, quando ainda morávamos na Richmond St, aconteceu um acidente na frente de nosso apartamento. Estávamos na sala de estar, quando ouvimos as sirenes características, que pararam de soar nas proximidades. Tivemos a oportunidade de assistir a um triste espetáculo com luzes e som. Um ônibus parado no seu "ponto", uma pessoa estirada na rua, uma camionete - provável responsável pelo atropelamento - e toda aquela parafernália para atender ao sinistro: um caminhão de bombeiros, uma ambulância e duas viaturas policiais que fechavam a rua, impedindo o tráfego de qualquer veículo automotivo. A história durou mais ou menos uns 45 minutos ou 1 hora - minha impressão é que a vítima estava morta - até que o ônibus foi liberado e ficou apenas uma viatura policial e a camionete (provavelmente para colher as últimas informações).
Apesar da tristeza que a cena provocou, ficamos impressionados com o atendimento de todo o setor de segurança da cidade.
Quando eu fui visitar a central de polícia com as meninas do Big Sisters of London, descobri que a central 911 fica localizada naquele prédio e, de lá, todas as chamadas são direcionadas para os respectivos departamentos: saúde, segurança e bombeiros.
Perguntei se haviam muitos incêndios em London, uma vez que os caminhões de bombeiros estão em constante atividade pelas ruas da cidade. A moça sorriu e disse que os bombeiros também atendem casos de acidentes de trânsito, animais em perigo, etc.
Eu sempre desconfio dessas construções norte-americanas, em geral - com muita madeira e isopor para conservar a temperatura interna. Aqui, todos os prédios têm que ter alarmes de incêndio instalados. Por que tanta preocupação?
Na semana passada minha amiga Nicee mandou um e-mail para todas as brasileiras de London, comunicando um incêndio na casa de sua vizinha. Segundo a Nicee, os proprietários perderam tudo o que tinham. Ela pediu orações pela família e também mandou umas fotos do sinistro.
As fotos falaram por si só, pelo menos para mim. Quatro caminhões de bombeiros modernos e super-equipados estavam ao longo da rua da Nicee e, mesmo assim, a casa ficou completamente destruída...
As fotos estão em: http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/IncNdioEmLondon

E as pinturas na paisagem continuam


Cada dia a paisagem fica mais bonita aqui no Canadá. Parece que nessa época do ano Deus gasta todo seu estoque de tinta vermelha e amarela misturando as duas para fazer outras tonalidades. Depois fabricará novo estoque para o próximo outono...
Em pouco tempo vai ficar tudo branco por aqui. Brrrrrrrrrr.
Na foto abaixo dá para ver o colorido até no matinho do chão, às margens do Rio Tâmisa, em London.










[Comentário do Iuri]
Parece que as árvores daqui fazem "luzes" em suas copas, para esperar o outono. Como a Nara...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Luzes renovadas


Hoje eu fui renovar as luzes dos meus cabelos e cortar um pouco as pontinhas queimadas pelo verão canadense.
É a segunda vez que fui a esse salão de beleza chamado Hair Masters, localizado no Cherry Hill Mal - um shopping do qual eu já falei algum tempo atrás. A cabeleireira: Jill me foi indicada por uma das brasileiras que reside aqui em London, a Alba.

Em maio deste ano, antes de ir ao Hair Masters e entregar minha cabeça para a Jill, fiz uma pesquisa sobre as cabeleireiras aqui de London. A Mary-Anne me indicou sua cabeleireira, dizendo: "Ela é portuguesa!" A Marlene, colega do Iuri aqui na Universidade de Western Ontario, indicou outras duas cabeleireiras e a Alba me sugeriu a Jill.
Eu pensei comigo mesma e falei para o Iuri: essa Jill trabalha do
Cherry Hill Mal e lá é um shopping freqüentado quase que somente por pessoas idosas... Fui até o Cherry Hill, mas a Jill não estava trabalhando naquele dia e, de dentro do salão de beleza, só saíam senhoras com seus cabelos curtinhos e pintadinhos... Eu estava começando a ficar apavorada. Liguei para as cabeleireiras indicadas pela colega do Iuri, mas achei os preços muito altos, além do que, não tinha ônibus que fosse até o endereço de uma delas. Quanto à cabeleireira portuguesa, também ficava muito distante e eu teria que tomar uns dois ônibus para chegar até lá. O preço também era meio salgadinho. O melhor preço era o do Hair Masters, no shopping dos "velhinhos". Além disso, ficava perto da nossa casa na Richmond St e também de nosso atual endereço.
O Iuri disse que eu devia apostar na Jill e então eu liguei e marquei um horário. Fui lá, gostei da Jill e me tornei sua cliente.
Acho bem interessante o sistema desse salão de beleza, o Hair Masters. São pelo menos 10 cabeleireiros, entre homens e mulheres e eles oferecem todos os tipos de serviços que um bom salão deve oferecer. O público alvo, em sua maioria senhoras idosas, entra e sai a toda hora, conduzindo ou sendo conduzidas por suas cadeiras de rodas e outros tipos de carrinhos. Lá dentro do salão, quando precisam se deslocar da sala de cortes e penteados, para a sala de tintura, permanente, ou lavagem de cabelos, são gentilmente conduzidas pelo braço, por seu (sua) cabeleireiro (a).
Na foto do início, estou já com meus cabelos devidamente cortados e "iluminados", em frente ao salão Hair Masters. Dentro do salão, de costas e de blusa marrom, minha cabeleireira.
A outra foto mostra uma parte da praça de alimentação do Cherry-Hill Mal e seu público alvo.

CARMA, uma boa idéia

A palavra "carma", em português, pode ter vários significados. Eu tentei localizar no dicionário online da língua portuguesa, para não pensarem que derivo toda minha sabedoria da Wikipedia, mas realmente não consegui. Então, na Wikipédia em português, carma, ou karma, é definido assim:

"Na visão espírita cada ser humano é um espírito imortal encarnado que herda o karma bom ou mau de suas encarnações anteriores."
Carma, também, pode significar o modo caipira, principalmente caipira mineiro, de tratar com os apressadinhos: "Carma, sô!".

No meu caso, aqui no Canadá, CARMA significa Center for the Advancement of Research Methods and Analysis (Centro para o Avanço dos Métodos de Pesquisa e Análise). É uma iniciativa bacaninha de um professor da escola de administração da Virginia Commonwealth University, nos Estados Unidos. Funciona assim: eles chamam para o campus dessa universidade um professor que é especialista em um tópico de pesquisa. Esse professor prepara uma apresentação de 60 minutos sobre um tópico bem específico e um jogo de slides em Powerpoint. Os slides são disponibilizados previamente, e essa apresentação é propagada em tempo real ("ao vivo"), via internet, para todas as universidades que "assinam" o serviço. Os alunos assistem em uma sala de aula, auditório, ou em seus próprios computadores. Enquanto assistem, podem mandar suas perguntas para o especialista por email. Ao final, se o moderador gostar da pergunta, o especialista responde.

Depois de passada a apresentação (bastante tempo depois), tanto o vídeo quanto os slides são disponibilizados na biblioteca virtual do CARMA, no site deles, para as universidades participantes. Duas unidades da Western "racham" o custo da inscrição nesse serviço: o departamento de Psicologia e a escola de Adminstração Ivey, à qual estou vinculado. Por esse vínculo, tenho acesso a esse material. Já assisti a alguns vídeos e materiais, e são todos muito bons. Mas assistir sozinho, tenho que confessar, é bastante chato. Talvez, apesar de tímido, eu seja muito social para os padrões canadenses, ou como dizia Vygotsky, o aprendizado é um fenômeno social, e se aprende na relação com o professor e os colegas, o que um vídeo muitas vezes não permite.

Aí veio uma idéia, também bacana, de um aluno do doutorado da Ivey. Ele entrou em contato com o pessoal do CARMA, que disponibilizou os vídeos para ele antes de serem colocados na biblioteca, e ele está montando sessões "ao morto", e convidando outros alunos para assistirem. Ele envia os slides para nós por email, vai quem quer, ele passa o vídeo do professor e no final, fazemos um debate sobre a "aula". Segundo esse aluno, a transmissão ao vivo tranca, dá problemas, e se ganha pouco em relação a essa modalidade, apenas a possibilidade de entrar no sorteio das perguntas que serão respondidas.

A primeira sessão em que participei foi nessa quarta-feira. Em outro post, descrevo mais carmamente como foi.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Vinho brasileiro

Na última terça-feira, quando cheguei à minha sala de aula de Temas Globais, uma colega se aproximou de mim com um pedaço do jornal canadense: Globe and Mail, que trazia um artigo sobre os vinhos brasileiros. "Vi esse artigo e lembrei de você" - me disse aquela senhora, sorrindo.
Antes de começar a aula, eu devorei o artigo cujo título: Finer than a dental-floss bikini (Mais fino do que o bikini fio dental), demonstra claramente como o Brasil é conhecido no exterior. O texto começa com uma pergunta: "Eles fazem vinho no Brasil?"Ao longo do texto, mais citações delatam a fama brasileira: "Apesar de sua bem conhecida reputação de lar do volleyball de praia e de floresta tropical, o Brasil tem solo rico e bem drenado e clima adequado à produção de uva".
O autor, Beppi Crosariol, comenta que as terras apropriadas para o plantio de uva estão no sul do Brasil, bem abaixo da floresta equatorial e do Rio de Janeiro, famoso por suas praias de fio dental. Beppi segue dizendo que, felizmente, essas terras se localizam em morros e ladeiras íngremes e, portanto, não são utilizadas para a prática do esporte brasileiro favorito: o futebol. Conforme o autor, os vinhos brasileiros começam a despontar com estilo moderno e refinado.
Os canadenses costumam usar a expressão: Good for you - bom para você - quando lhes contamos algo de bom que nos aconteceu, então eu vou adaptar a expressão canadense: Bom para nós, brasileiros, que estamos ficando conhecidos também por nossos vinhos.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Precisamos de presuntos!

Tá. Eu sei que a coisa mais idiota que a gente pode fazer em um país estrangeiro é traduzir as coisas parte por parte e tentar fazer sentido nelas. Acaba fazendo umas besteiras do tipo achar que "butterfly" é mosca da manteiga, porque tem butter e fly juntos!

Mas essa nós achamos muito engraçada. Na Dundas, quase esquina com William, tem uma funerária chamada Needham. Até aí, nada de mais, dizem os locais. O que tem de engraçado nisso? É o sobrenome do dono. A graça está no fato que que ham (presunto) é gíria no Brasil para defunto. Pô, uma funerária que se chama "Precisamos de presunto" tem que tirar onda!




Menos engraçado, e politicamente incorreto, é a onda que tiramos com o salão de beleza aqui perto de casa. Chama-se "Fresh Hair Design". Só em London que tem cabelereiro fresco! No dia em que estávamos tirando fotos do luminoso do salão para colocar no blog, passou uma moça na nossa frente e olhou com uma cara de espanto, tipo "de que vocês estão tirando foto?". Coisas de turista...



Adicionado por Nara:

Tem também uma rua com um nome indígena: Proudfoot - que, se fosse traduzido literalmente de inglês para português, significaria: Pé Orgulhoso.

Quero voltar!!!

Está terminando o verão aqui, e com isso, passamos da metade do nosso período de "exílio" voluntário. Não podemos nos queixar do verão aqui... mas como o Luís Fernando Veríssimo uma vez escreveu, os gaúchos, e especialmente os nascidos em Porto Alegre, querem ir para a praia no verão. De preferência, em Santa Catarina. E isso nós não tivemos.

Então, com o término do verão aqui, começamos a sonhar com a volta. Ver o que a gente vai levar embora, o que vai deixar aqui, o que vamos fazer na nossa casa, já que tudo foi "congelado" (figurativamente) para guardarmos dinheiro para nossa vinda para cá. E uma coisa que me ocorre sempre é que vamos voltar no final de janeiro... quer dizer: praia!!!

Hoje estava procurando uma coisa na internet e me apareceu essa bugiganga eletrônica (já aconteceu para vocês? procurar uma coisa na internet e achar outra totalmente não relacionada?). Uma câmera fotográfica digital que resiste à água! Imagina poder ir para a praia e levar a máquina... bem, para dentro da água, e tirar a foto daquela banha toda que estou acumulando em minha rotina diária, fisicamente pesada, de aluno de doutorado. E branco! Pensando bem... acho que não é uma boa.

De qualquer maneira, aí vai o vídeo do teste da câmera que encontrei:

domingo, 23 de setembro de 2007

O par de sapatos certo para um certo par de pés

Talvez por ser descendente de alemães, tenho pés largos e gordinhos, que parecem um pão caseiro. Meu irmão Miguel costuma chamar, carinhosamente, de "milha brot" - pão de milho em alemoês / brasileiro.

Por essa razão, sempre tive dificuldades em conseguir comprar calçados que fossem, ao mesmo tempo, confortáveis e bonitos - ou são uma coisa, ou são a outra.
Para ir a festas, por exemplo, sempre tenho que comprar sapatos bonitos, deixando de lado qualquer ilusão de que vá me sentir bem com eles. Geralmente, quando a festa começa a ficar boa, meus pés começam a doer e preciso optar entre tirar os calçados ou sofrer até a hora de ir para casa. Já, para o uso diário, procuro escolher os calçados confortáveis e "dane-se" a elegância.

Curiosamente, mesmo morando numa região de colonização predominantemente alemã e cujo desenvolvimento econômico advém da produção do calçado, dificilmente consigo encontrar os desejados calçados bonitos e confortáveis.

Um dia desses, o Iuri e eu fomos a uma loja aqui em London e eu vi um par de calçados que achei bonitos e, ao experimentá-los, percebi o quanto eram confortáveis e baratos. São mocassins e não sapatos de festa, mas são muito confortáveis e próprios para o dia-a-dia. Tudo de bom, pensei eu: comprei os sapatos de marca "Denver Hayes".

Ao chegar em casa fui examinar melhor os sapatos e, no solado deles estava impressa a sua procedência: Brazil.




O pior de tudo é que eu não sei quem é o fabricante, pode ser qualquer micro ou pequena fábrica de calçados, em qualquer lugar do Brasil. O que sei é que a marca é canadense. Eu já comprei vários mocassins no Brasil, mas é muito difícil encontrar algum tão confortável quanto esse aí - feito para o mercado exterior.
Talvez as mulheres estrangeiras sejam especiais para nossos fabricantes... Que pena.

Educação para o Agronegócio

Mania de professor... cheio de estandes de máquinas e implementos agrícolas no Farm Show em Woodstock, semana passada, e eu puxei a Nara para a gente conversar com o pessoal do estande da universidade de Guelph. Essa universidade provê, além de cursos superiores e de pós-graduação, cursos técnicos na área agropecuária.

Os professores que estavam lá eram do campus de Kemptville (www.kemptville.uoguelph.ca) e de Ridgetown (www.ridgetownc.uoguelph.ca). Falei com eles sobre a procura dos cursos técnicos e a empregabilidade dos alunos egressos. Um deles disse que há bastante procura pelos seus cursos, tanto por alunos oriundos do meio rural quanto das cidades. E quanto a colocação deles no mercado de trabalho, fiquei surpreso: o curso técnico em agricultura emprega 97% dos seus egressos! Outra surpresa foi que, além das óbvias colocações em fazendas e agroindústrias, um bom percentual dos egressos é empregada por bancos. Bancos? Sim, para negociar com produtores.

Não entendo porque nossos cursos técnicos do Brasil estão em crise. Vários desses cursos não têm alunos suficientes para viabilizar uma turma.

Na verdade, aqui me parece até um pouco o contrário. Já soube de pessoas, no Canadá, que obtiveram seu diploma universitário e, sem conseguir emprego, foram fazer curso técnico. Aqui um bom curso técnico, nessas instituições de ensino conceituadas, como Fanshawe College e University of Guelph, são de dois a três anos. Dito isso, eu já vi vários anúncios de outras instituições nos ônibus e no metrô falando em cursos de um ano "e você já sai empregado" (será?). Os cursos técnicos são chamados de college no Canadá - nos EUA a nomeclatura é um pouco diferente, ver essa discussão na página da Wikipedia. Aqui eles têm um foco prático muito grande, com muitas atividades em laboratório, em campo, e "co-op", ou seja, estágio. Estágio de verdade, não aquela atividade remunerada que, para algumas empresas no Brasil, parece servir apenas para contratar jovens sem pagar encargos sociais.

Talvez no Canadá, como no Brasil, haja instituições sérias e instituições pilantras, e cursos que sejam mais adaptados ao ensino técnico do que outros. Finalmente, soube também que nem todos saem do técnico e se empregam, mas isso também pode ser decorrência de outras deficiências, como falta de habilidades interpessoais e outras limitações. Habilidades estas que nós, das instituições de ensino superior, nem sempre conseguimos desenvolver.

They are out!

Sábado passado, dia 16, acordamos cansados mas felizes com nossas atividades de Woodstock. Não sou o principal interessado em agronegócios, mas achei muito interessante o que vimos.

Sábado tínhamos tudo o que precisávamos para montar os kits que seriam enviados às empresas canadenses: as cartas de apresentação assinadas, os questionários, o envelope de retorno pago, e os envelopes externos, devidamente etiquetados e selados. Era só "montar" os 504 kits... Lá fomos nós, eu e a Nara, para a Western. O vídeo abaixo mostra a Nara montando um dos kits. A palavra exploitation atrás dela é coincidência, não se trata de nenhum protesto velado (hehehe). Por volta das 5 da tarde, estava "pelada a coruja" - quer dizer, tínhamos terminado nosso trabalho.



Segunda-feira, finalmente, levei os questionários para o mailroom da escola, e eles foram despachados para seus destinos. A moça que aparece na foto é a Clarissa, que trabalha no setor, recebendo os questionários da primeira onda.

Para quem não conhece o método Dillman de coleta de dados, vale uma pequena explicação. Esse professor, o Dillman, escreveu um livro em 1978, que é o "padrão-ouro" para esse tipo de pesquisa, o Mail and Telephone Surveys: The Total Design Method. Em seu livro, ele propôs uma série de "padrões" que são seguidos, mais ou menos à risca, pelos pesquisadores da área: fazer uma carta de apresentação explicando para o respondente porque ele está recebendo esse questionário, etc, etc, e muito mais et ceteras. Então enviamos uma primeira onda de questionários e aguardamos um tempo. Para aqueles que não responderam, mandamos um cartão postal lembrando da importância de responder - como já tem quase 30 anos essa história, vamos mandar é fax mesmo. Depois, para aqueles que ainda não responderam, enviamos uma segunda onda de questionários. Ou seja, se mandam os questionários de novo.

O que fizemos semana passada foi enviar a primeira onda. Não parece muito, dado todo o processo exaustivo para arrancar as respostas dos ocupados executivos das empresas, mas para mim foi um grande passo. Significa que agora as decisões da coleta de dados já foram tomadas e entramos em uma "calha", onde apenas temos que executar a coleta, sem voltar atrás.

Bom, dado que houve também algum avanço tecnológico de 1978 para cá, resolvi dar uma "mexidinha" no método do Dillman e improvisar um pouco. Converti o questionário para a internet, usando uma ferramenta que a Ivey tem instalada, e coloquei um usuário e senha para cada respondente, que informei na carta de apresentação. Ou seja, o executivo recebe a carta e tem duas alternativas: responde o questionário em papel ou entra no site informado na carta e preenche o questionário via web. Também configurei a ferramenta da escola para quando o respondente preencher o questionário, mandar um alerta para meu email.

Quinta-feira recebi minha primeira resposta. Obviamente, nesse curto espaço de tempo, a resposta só poderia ser online. Por enquanto, tudo está funcionando.

Só me falta descobrir, ainda essa semana, como mandar automaticamente, via sistema, os faxes. Senão vou ter que imprimir os 500 lembretes e passar um por um pela máquina de fax...

Quinta-feira, depois de receber a resposta por email, avisei a Nara. Ela, muito acertadamente, sugeriu que fôssemos comemorar! Depois da saída do cinema (já havíamos combinado de ver Hairspray) fomos tomar uma pitcher de Blue Draught, a coisa mais parecida com chopp que tem por aqui.

Hairspray



Essa semana fomos ver Hairspray. É uma comédia musical, baseada em um musical homônimo da Broadway, de 1988. A história é razoavelmente simples: em 1962, uma adolescente "obesa" sonha em participar em um programa de dança e música jovem na rede local de TV de sua cidade, Baltimore.

A trama envolve o tema da discriminação, tanto com quem tem uns quilos "a mais" (do que o quê?) quanto com negros. Enfim, acho que já é um tema batido em si. Mas se todos os autores fossem pensar assim, talvez hoje estivéssemos apenas assistindo a "remakes" das tragédias gregas e de Shakespeare. Parece sempre ter espaço para um novo olhar sobre esses temas que nunca se esgotam, talvez por nunca se resolverem.

Para quem se liga no tema "educação" e no desafio de ter aulas interessantes, as cenas de escola da moça podem agitar uma boa discussão a respeito.

O enredo de Hairspray é leve, envolvente, e muito divertido. Despretensioso mesmo.

Independente de todos talento dos demais atores, eu gostei mesmo foi da atuação do John Travolta, no papel de... mãe gorda! Sim, o bonitão que fez "Embalos de Sábado a Noite" em 1977, 30 anos depois encarna (e bota carne nisso!) o papel de mãe da adolescente. É muito engraçado, como o trailer mostra.

Saímos leves do cinema e fomos comemorar... conto em outro post.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Aquarela

Uma das bonitas lembranças da minha infância é de quando chegava o mês de novembro e o céu ficava pintado de vermelho, ao entardecer. Os adultos diziam que era Deus esquentando os fornos do céu para fazer os docinhos de natal... São imagens e mensagens que guardo na memória como uma jóia preciosa e que me fazem reviver momentos, sentir emoções e até sorrir silenciosamente.

Hoje, estando na América do Norte e com o
outono chegando, já se pode ver as árvores
sendo lentamente "pintadas" por Deus.
Folhas vermelhas e amarelas começam a se mesclar com as verdes, ainda predominantes, mas já demonstrando
um certo cansaço.




Vendo esse colorido que começa a surgir devargarzinho, lembro da pintura vermelha do céu da minha infância e me sinto feliz por perceber a presença Divina em qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer situação.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Eventos de Agronegócios

Na semana passada, eu participei de alguns eventos agropecuários em Woodstock, uma cidade que fica há uns 50 quilômetros de London. O Iuri me acompanhou nessa empreitada. Alguns desses eventos foram organizados pela Ontario Large Herd Operators Group - LHO, uma espécie de associação de produtores de leite, cujo objetivo é oferecer educação em liderança e técnicas de gestão de negócios, informação sobre novas tecnologias, nutrição, saúde e conforto animal. A província de Ontário é conhecida por sua forte bacia leiteira, e a LHO tem uma comunidade bem ativa de associados, com rebanhos nem tão grandes assim como o nome pode fazer crer.

Entre os benefícios oferecidos, a LHO realiza viagens a outras províncias e países para conhecer as melhores práticas em fazendas de leite. Está sendo planejada uma visita ao Brasil, em 2008.

Foram três eventos que participamos: Exposição / feira (Farm Show), jantar com palestras sobre sucessão familiar em negócios lácteos e visitas técnicas a 5 fazendas de leite, consideradas modelos em novas tecnologias e manejo. Desses, apenas a exposição não era organizada pela LHO.

Farm Show - Quinta-feira:


A exposição / feira se parece com a nossa Expointer, realizada anualmente em Esteio, no Rio Grande do Sul. Algumas coisas que observamos diferenciam as duas feiras: a Farm Show é mais tecnológica, ou seja, não havia muitos animais em exposição e também não tinha bancas de artesanato. Na feira, uma coisa que chamou nossa atenção foi a oferta, a preços e condições acessíveis, de modelos alternativos para geração de energia elétrica em fazendas: os cata-ventos e os painéis coletores de energia solar.



Pudemos ver, também, o quanto o Canadá está investindo na produção de milho para geração de etanol, o que não nos parece uma opção apropriada, caso seja a única, uma vez que a monocultura dessa planta poderá causar o empobrecimento do solo...







Palestras:

Quinta-feira à noite, aconteceu o jantar com uma seqüência de 4 palestras sobre o tema "Sucessão Familiar em Fazendas de Leite". O primeiro palestrante, Peter Coughler, falou sobre o planejamento da sucessão; o segundo, Rob Gamble, falou sobre as taxas e impostos para os quais os fazendeiros precisam estar atentos e as estratégias de aposentadoria. O advogado Douglas C. Jack falou sobre as 10 armadilhas ou ciladas dos acordos de propriedade rural; e o quarto palestrante, Chris Buchner, um produtor de leite da segunda geração, contou a história da transição da sua propriedade e dos preparativos para a próxima sucessão.

Visitas técnicas:

O dia de sexta-feira foi dedicado às visitas técnicas às 5 fazendas de produção de leite: a Van Nes Dairy, a Van De Holm Farms, a Stanton Brothers, a Viewland Farms e a Wilmarlea Farms Dairy Barn.

Vamos precisar de outro post para descrever o que vimos nessas propriedades, desde as formas de prover conforto para o rebanho, até sistemas altamente modernos de biodigestores.

Saímos de Woodstock por volta das 6 da tarde e viemos para London.


Brasileiras:


Antes das palestras do jantar de quinta-feira, o mestre de cerimônias apresentou as delegações vindas de outras províncias canadenses e do Brasil (Iuri e eu). Isso foi muito engraçado porque na nossa mesa estava sentado um casal que ficou surpreso: ela, a Dorli, é gaúcha de Bagé e veio para o Canadá com 4 anos de idade. Quando saiu do Brasil, ela só falava alemão... nunca aprendeu português.

Durante o intervalo das palestras, um fazendeiro chamado Eddy veio até nossa mesa e disse que sua esposa é brasileira de Goiás e está no Canadá há 30 anos. Trocamos cartões de visitas e sábado saímos para jantar, o casal Eddy e Zulma e mais um casal de canadenses: o Robert e a Nancy.

Foi muito agradável!

domingo, 16 de setembro de 2007

Migrar para o Canadá

Preciso começar esse post com uma ressalva: essas são as minhas opiniões pessoais, como o resto do blog, e não representam a posição oficial de nenhum dos países envolvidos. Além disso, esse é um tema carregado de emoções e crenças, e respeito emoções e crenças dos outros, me reservando o direito de ter e expressar minhas próprias.

Inicialmente, minha idéia era fazer um comentário no post da Nara, em resposta à Taís, de Porto Alegre, que afirma que "só nos resta migrar" do Brasil para o Canadá (ver Temas Globais). Mas durante a composição mental de minha resposta decidi fazer um post, e não um comentário, dada a importância do assunto.

Concordo em parte com a Taís. O Tom Jobim uma vez disse que "a saída para o músico brasileiro é o Galeão", referindo-se ao aeroporto internacional do Rio de Janeiro. Para algumas profissões, realmente não há espaço em sua terra natal. Hoje, por exemplo, alguém que queira trabalhar em uma empresa de tecnologia de ponta na área de Internet, por exemplo, vai encontrar sua "Meca" no Vale do Silício, na Califórnia, US. Mas existem bons empregos na área de tecnologia da informação em outras partes do mundo.

Além disso, as coisas são dinâmicas. Quando Tom Jobim falou isso, não havia esse mercado interno para músicos como existe hoje no Brasil e a bossa nova estava em alta nos Estados Unidos, tanto que ele foi fazer parceria com o Frank Sinatra, uma celebridade indiscutível nos anos 1960. Hoje, a maior parte dos vôos internacionais nem partem mais do Rio de Janeiro, e sim de São Paulo, e o aeroporto GIG não se chama mais Galeão, e sim Antônio Carlos Jobim, e os americanos ouvem rap...

Dito isso, não tenho nada contra migrar do Brasil para lugar nenhum. Acho o Canadá um país sensacional, não fosse esse clima frio. Mas uma coisa é a pessoa migrar porque recebeu uma oferta boa, ou vem estudar neste país e acaba formando vínculos por aqui. Outra coisa é a pessoa migrar porque acha que vai sair do inferno para o paraíso. Essas coisas não existem, pelo menos não em nosso plano de existência. O Canadá é um país normal, com gente normal. Tem algumas coisas que são melhores que o Brasil, mas não é o paraíso.

Não sou imigrante, portanto não posso dar detalhes do processo. Mas posso dizer que, quem migra, não pode ter carro nos primeiros (longos) tempos. Isso parece um luxo no Brasil, mas aqui ficar sem carro no inverno significa tomar vento de -30, -40 graus na cara, durante o inverno. Uma perspectiva que, para mim e para a Nara, é incômoda, mesmo sendo temporária, mas pode tomar muito tempo e ser muito frustante para o imigrante.

Além disso, em certos círculos, algumas pessoas ficam bastante impressionadas como o nosso inglês é bom e pelo fato de falarmos duas línguas. Em outras circunstâncias, nosso inglês é insuficiente. Poucos empregos nos aceitariam "direto" com nosso nível linguístico. Isso que fizemos o curso de inglês completo nas melhores escolas de nossas respectivas cidades. Mas uma coisa é fazer curso de inglês no Brasil, e sair na porta e falar português até a próxima aula. Outra é falar com a moça simpática do restaurante que te pergunta "uaiobrau?" e ter que adivinhar se é torrada feita com pão branco ou pão integral, se é a torrada mais clara ou mais escura ou se queres o frango com carne branca (peito) ou escura (coxas)...

Outro dia desses estávamos vendo uma reportagem local, feita aqui em London, e entrevistaram taxistas. A maior parte imigrantes, como nos Estados Unidos. Um deles é engenheiro civil, formado pelo Sudão. O outro se queixou que o inglês dele não era bom o suficiente para trabalhar em uma fábrica e ele foi para o táxi. Conversei com taxistas nos Estados Unidos e não era muito diferente. Um era professor de matemática em seu país, na América Central, e foi dirigir táxi em Boston.

Conversamos com um empresário brasileiro que quer abrir uma filial aqui e ele vai ter que se associar com alguém que seja canadense ou pelo menos tenha um visto de residente, porque um estrangeiro não pode ter empresa aqui, segundo ele. Deve ser verdade. De quem o Canada Revenue Agency (a receita federal deles) iria cobrar o imposto de renda?

Além disso, tem a questão do diferencial. Para alguém que trabalhe na construção civil, como pedreiro ou eletricista, ou seja motorista de táxi, ou qualquer outra profissão que exija menor formação técnica, vir para o Canadá vai representar um salto de receita e de poder aquisitivo. Para pessoas com maior formação, tal salto não acontece. O Canadá, mesmo sendo mais justo socialmente do que o Brasil, é um país capitalista: ganha muito dinheiro quem tem a propriedade privada dos meios de produção, em larga escala, e sabe administrar tais meios. Os demais, os que só tem a força de trabalho para vender, os trabalhadores, os profissionais liberais, os pequenos empresários, esses ganham para a subsistência. Têm, talvez, mais conforto que no Brasil, mas não ficam ricos.

Então, antes de sonhar com o paraíso e acabar encontrando o inferno dentro de si mesmo, o jovem que pensa em emigrar do Brasil deve se fazer a pergunta básica: qual é meu objetivo? Ter uma experiência internacional e voltar para o Brasil para ter uma colocação melhor? Trabalhar definitivamente em outro país e ter uma vida melhor? Mandar dinheiro para os pais comprarem uma casa? Aproveitar uma oferta de emprego "dos sonhos"?

Depois de definido o objetivo, e se emigrar ainda for a resposta, avaliar o nível lingüístico, e ser bem realista nesse ponto. Experimenta ir a uma loja e pergunta a mesma coisa três vezes para o vendedor (diz, candidamente, "não entendi", bem devagar). Vais ter uma boa idéia de como as pessoas são pacientes com quem não domina a língua. Talvez os primeiros meses fora do Brasil não serão trabalhando, mas sim "investidos" em um curso de inglês. Pesquise antes de vir. Há bons "colleges" no Canadá que tem cursos de ESL (English as a Second Language ou inglês para estrangeiros).

E aí vem o terceiro e mais doloroso planejamento de todos: o financeiro. Ninguém pode acreditar que vai migrar para um país e arrumar emprego no primeiro mês, principalmente se ainda tiver que aprimorar sua língua. Então tem que dimensionar seu caixa para não passar fome, pagar o aluguel e o eventual curso. Trabalhar em um emprego "alternativo" pode ser uma opção para alongar o caixa. Se alguém quer vir trabalhar como engenheiro aqui, por exemplo, suportaria quanto tempo trabalhar de garçom ou taxista até atingir seu objetivo? Será possível conseguir fazer esse salto?

Enfim, certamente eu não ofereço a resposta definitiva quanto a essa questão da migração, mas meu objetivo com esse post é trazer um pouco menos de emoção e mais racionalidade para essa decisão.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Dia dos Pais 2

No Brasil, o Dia dos Pais é comemorado em agosto. A Nara já fez um post a respeito.

Mas eu queria fazer um post sobre o "meu" dia dos pais. Esse ano foi meu oitavo dia dos pais, primeiro longe da Sofia. Mas só agora consigo escrever a respeito sem engasgar.

Ganhei dois presentes.

Um deles foi poder conversar com a Sofia pelo Skype, com câmera. A mãe dela não tem computador em casa, portanto nossa comunicação é via SkypeOut, ou seja, eu ligo do meu computador para o telefone da casa dela, obviamente sem direito a webcam. Para poder vê-la, só quando ela vai para a casa dos meus pais. No fim de semana em questão, eles passaram na casa do tio dela, onde então pude conversar com ela pelo Skype do primo dela.



O outro presente foi um desenho feito pela Sofia, que ela me mandou por email. O desenho com que iniciei meu post.

Adorei os dois presentes.

Temas globais

Estou matriculada no curso: "Temas Globais", da Universidade de Western Ontário. Faz parte da lista de cursos de educação continuada oferecidos pela universidade. Serão 8 aulas, sempre às terças-feiras, das 19 às 21 horas durante os meses de setembro e outubro.
Com o título "Temas Globais", o curso iniciou ontem, 11 de setembro, com o tópico: Direitos Humanos. Para tratar desse tópico, o professor Rich Hitchens escolheu falar sobre o caso "Darfur", no Sudão, onde os "sobreviventes" da chacina promovida pelo governo sudanês vivem em campos de refúgio, em condições sub-humanas. Mais detalhes no site do professor Eric Reeves: http://www.sudanreeves.org/
No início da aula, o professor Rich pediu que cada um de nós se apresentasse ao grupo e contasse quais as motivações que nos levaram a fazer o curso. Fiquei impressionada com a falta de conhecimento sobre o mundo que têm os meus colegas canadenses e, segundo o professor Hitchens, os norte-americanos em geral. Meus colegas de curso, 8 mulheres e 1 homem, a maioria aposentados, estavam ali porque ouvem falar de problemas que afetam o mundo, mas não conseguem entendê-los. Muitos nem sabem onde a maior parte dos países se localiza no mapa, nem tampouco quais as causas de tanta discórdia entre os povos.
O professor explicou que o Canadá vem recebendo, em anos recentes, grandes contingentes de pessoas de diferentes etnias, principalmente chineses, indianos e árabes. Dessa maneira, é preciso que os canadenses comecem a conhecer o mundo, porque sua população está se tornando multi-étnica.
Quando eu me apresentei o professor Rich perguntou quantos idiomas eu falo: dois. Depois, repetiu a mesma pergunta a cada um dos colegas e nenhum deles conhece mais do que uma língua: a inglesa. Então ele disse que eu, como os outros povos, me diferencio dos norte-americanos por falar mais de uma língua. "Seu inglês, por exemplo, é muito melhor que o francês de qualquer um de nós aqui." - disse. O Canadá é um país bilíngue, inglês e francês são as línguas oficiais, mas a grande maioria de seus habitantes não.
Eu não conhecia muito bem a história do Sudão, mas lembro de ter acompanhado algumas notícias sobre a chacina de Darfur, assim como as outras guerras entre "irmãos" que acontecem no mundo. Parece que nós, habitantes de países, digamos assim, menos desenvolvidos, estamos mais preparados para enfrentar as mudanças que o mundo começa a nos impor.
Essa é a minha impressão...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Pesquisa com estudo de caso

Outro dia desses uma aluna de mestrado no Brasil me mandou um email pedindo informações sobre minha dissertação, porque ela vai estudar a ISO 14001 (norma ambiental) no Nordeste. Trocamos meia dúzia de emails a respeito, e ela me enviou seu projeto de pesquisa, depois de pronto.

Vi que ela iria fazer um estudo de caso, e sugeri algumas bibliografias para ela. Depois, achei interessante o fato da lista que enviei ter um exemplo para cada área da administração. Resolvi postá-la aqui no blog apenas para não perder a lista... Acho que vou usar ela como "padrão", da próxima vez que um aluno vier falar comigo sobre os tais "estudos de caso".


BONOMA, T. V. Case Research in Marketing: Opportunities, Problems, and a Process. Journal of Marketing Research, v.22, n.2, May, p.199-208. 1985.

MCCUTCHEON, D. M. e MEREDITH, J. R. Conducting case study research in operations management. Journal of Operations Management, v.11, n.3, p.239. 1993.

EISENHARDT, K. M. Building Theories From Case Study Research. Academy of Management. The Academy of Management Review, v.14, n.4, Oct, p.532. 1989.

WOODSIDE, A. G. e WILSON, E. J. Case study research methods for theory building. The Journal of Business & Industrial Marketing, v.18, n.6/7, p.493. 2003.

WILSON, E. J. e VLOSKY, R. P. Partnering relationship activities: Building theory from case study research. Journal of Business Research, v.39, n.1, May, p.59-70. 1997.

YIN, R. K. Case study research: design and methods. 3rd ed. Thousand Oaks, Calif.: Sage Publications, 2003. (Applied social research methods series; v. 5).

Esse último, do Yin, está traduzido para o português pela editora Bookman.

domingo, 9 de setembro de 2007

Fim de semana com os amigos de Toronto

Neste fim de semana recebemos a visita de nossos amigos Sheila e Júnior - que vieram lá de Toronto para passar o fim de semana conosco.

Júnior e Sheila são os amigos que nos receberam em sua casa, em Toronto, quando fomos assistir ao Fantasma da Ópera. O Júnior é sobrinho do Eloir e da Elizete Petry lá de Taquara (nossa saudosa cidade) e a Sheila é uma gaúcha maravilhosa, lá de Porto Alegre.

Eles trouxeram uma picanha "beeeeem gaudééééria" e farinha de mandioca, compradas no açougue português: "Nosso Talho", lá de Toronto.
Aproveitando que o sábado estava ensolarado e quente, tratamos de assar o autêntico churrasco gaúcho. O Júnior e o Iuri montaram a churrasqueira e prepararam o ambiente com mesa e cadeiras nos fundos de casa. Fizemos salada de batatas com maionese e farofa de cebola com farinha de mandioca. Ficou tudo uma delícia e nosso almo-janta foi acompanhado de muuuuita cerveja, é claro - hehe! Para sobremesa não podia faltar a "famosíssima" torta de bolacha Maria e para fazer a digestão, fomos tomar chimarrão num dos parques ao redor do rio Tâmisa, pertinho da nossa casa.

À noite, saímos para o centro e fomos tomar mais umas cevas no terraço do Baxter's bar, no centro de London. Hoje, depois do café da manhã, fomos passear no Masonville Mall e depois voltamos para casa para fazer o almo-janta. O cardápio de hoje foi camarões fritos com cerveja e coca-cola.

Nos divertimos muito e ficamos felicíssimos com a visita desse casal de amigos que conhecemos em junho, mas que parecem fazer parte de nosso círculo de amizade há muuuuitos anos.

Temos algumas bonitas fotos desse fim de semana em:

http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/VisitaDeSheilaEJNior

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Música romântica

Vocês nunca se perguntaram de onde saem aquelas músicas românticas que tocam nas rádios FM e, eventualmente, nas trilhas sonoras das novelas até gastar o sulco do disco? (esta denunciou minha idade, hein? hehehe)

Pois descobrimos uma coisa interessante. Essas músicas aqui não tocam nas estações de música da TV a cabo, nem nas rádios FM "normais". Elas fazem parte da programação das estações country.

Na programação da operadora de TV Rogers, a estação para esse tipo de música é a Country Music Television (www.cmt.ca). Na rádio FM, em London, a estação é a BX93 Country Favorites (www.bx93.com), cuja programação pode ser ouvida na internet.

Manequins diferentes

O Iuri falou, em outro post, sobre tamanhos "inadequados" de roupas e calçados, aos quais principalmente nós, mulheres, somos freqüentemente submetidas. Vou aproveitar para falar de uma rede de lojas aqui em London.
A loja tem nome de mulher: "LAURA" e fica num dos muitos e bem freqüentados shopping centers ou malls de London: o Masonville Mall.
Desde o início de nossa estada aqui, observamos essa rede composta de três lojas situadas no mesmo andar do mall: uma convencional: a "Laura Store", outra especializada em roupas para mulheres de estatura menor: a "Laura Petit" e a terceira focada em mulheres que vestem números maiores: "Laura Plus 14 +".
Muitas lojas como a SEARS, por exemplo, têm setores para atender aos diferentes tamanhos de manequins femininos, mas a LAURA, na minha opinião encontrou um meio mais "encantador" de atrair suas clientes.
As vitrinas são muito bem elaboradas e atraentes e as vendedoras têm, em geral, o mesmo tipo físico das clientes potenciais.
Segue o endereço para o álbum de fotos das lojas LAURA: http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/LauraStores

Você sabia que 70% das mulheres...

usam o tamanho errado de sutiã? - diz o flyer da Sears que a Nara veio me mostrar.

Fiquei pensando: de onde eles tiraram essa informação?

Meu próximo pensamento foi: deve ter um fundo de verdade nisso... todas as mulheres reclamam das roupas, sapatos e roupas íntimas que encontram nas lojas, embora tenham um prazer profundo em fazer compras.

Claro que pode ter algo de "comportamento do consumidor" aí, algo a ver com a insatisfação e processos psicológicos mais profundos. Também pode ser alguma falha no sistema de marketing dos fabricantes e varejistas, que não consegue entender as necessidades do grupo humano que mais movimenta o mercado da moda. Mulheres compram roupas e sapatos para si, para os filhos e maridos, sem falar das amigas do chá de fraldas.

Mas também pode ter a ver com minha área, operações. E de imediato me vêm duas possibilidades. Uma é do próprio planejamento da produção e da distribuição, e em última análise, da previsão de vendas, que não consegue prever quantas mulheres vão querer comprar um sutiã bege com bojo, tamanho 40, na loja Renner do shopping Iguatemi no dia 15 do mês que vem. É só imaginar o número de modelos, cores, tamanhos e pontos de venda para ver que o planejamento disso não é trivial.

Outra possibilidade, ainda dentro da área de operações, têm a ver com o projeto de produto. Na área da moda, sejam roupas, calçados ou lingeries, existe uma pessoa, o/a modelista técnico, que transforma as idéias do/a modelista criativo para os moldes. Em geral, o/a modelista técnico "ajusta" um modelo padrão. Para o sapato, o número 35, para a lingerie, o tamanho M. Essa peça-piloto é testada em um modelo humano, e ajustado até que fique confortável. Até aí, tudo bem. Na minha opinião, a porcaria começa a partir desse ponto. Uma vez aprovada a peça-piloto, o/a modelista técnico "escala" os modelos para os outros tamanhos, sem que sejam feitos mais testes nas vítimas maiores ou menores. A questão do teste até é menor. Minha dúvida é de onde saem essas "regras de escalonamento". Mulher nenhuma parece caber nelas.

Bem, dito isso, achei um vídeo bem legal que ensina uma forma alternativa de vestir sutiã, que inclusive pode ajudar as mulheres a saírem de situações difíceis:


quinta-feira, 6 de setembro de 2007

7 de Setembro - Independência do Brasil

Nossa homenagem vai para nosso querido país natal, que nesse dia 7 de setembro de 2007, completa 185 anos de sua independência.

Queremos homenagear a todas as pessoas que lutam para fazer do Brasil um lugar digno de sua grandeza natural.

A todos aqueles que plantam flores nas calçadas, mesmo que alguém as arranque e, num profundo ato de amor pela sua querência, persistem e plantam outra vez.

A todos os professores que procuram levar mensagens de amor à natureza e de responsabilidade sobre o futuro do país, às crianças que estudam nos mais remotos cantos desse gigante chamado Brasil.

A todas as pessoas que, mesmo parecendo sonhadoras e deslumbradas com pequenas coisas, perseguem seus ideias com obstinação e ternura para proteger nossa natureza e garantir a vida das futuras gerações.

Algum dia haveremos de lembrar o passado e dizer: "Conseguimos mudar o Brasil - este é o melhor lugar do mundo para se viver!"

Parabéns a todos nós, brasileiros!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

5 de setembro - 6 meses no Canadá - uma retrospectiva

Hoje fechamos 6 meses no Canadá e é difícil dizer se consideramos isso muito ou pouco tempo. Muito, porque estamos com saudades de casa, e pouco porque também conquistamos amigos aqui dos quais gostamos bastante.

É o caso do Zenon e da Mary-Anne (foto à direita) que, teoricamente só nos alugariam o apartamento, mas foram muito além disso.
Se não fosse por eles, aquele dia 5 de março teria sido ainda mais difícil - toda aquela neve atolando nossas malas e nossos pés e sem entender direito o que as pessoas diziam. Não tínhamos idéia de onde e como ir comprar as coisas básicas das quais precisávamos para sobreviver nesse lugar.


Alguns meses antes de virmos para cá, já tínhamos contactado com Mary-Anne, por e-mail, e ela nos informou o número do telefone do Zenon, dizendo: "Vocês vão chegar muito cansados da viagem. Eu não estarei em London, mas liguem para o Zenon que ele irá apanhá-los onde estiverem para mostrar-lhes o apartamento..."
Zenon nos apanhou numa espécie de café e mercadinho: o Sebastian. Nos levou para ver os apartamentos da Kensigton: este onde estamos agora - que precisava ser reformado - e o outro, para onde nos mudaríamos temporariamente. Mas não foi só isso: O Iuri disse que precisávamos abrir uma conta bancária e pediu uma sugestão de qual seria o melhor banco e tal... Zenon nos levou ao Scotiabank e nos apresentou para o gerente geral.
Depois o Zenon nos levou para supermercados e lojas a fim de comprarmos o mínimo necessário para podermos nos instalar no apartamento para o qual nos mudaríamos no dia seguinte. E quando chegamos lá, no dia 6 de março, nossas compras estavam nos esperando, pois Zenon já as tinha deixado no apartamento.
Alguns dias depois conhecemos Mary-Anne e nossa amizade foi inevitável.
Fomos convidados para o jantar de Páscoa na casa deles, compartilhado também com outro casal: Steve e Larissa, aqui de London.
Depois foi o passeio para as cataratas de Niágara, mais jantares e almoços na casa de Zenon e Mary-Anne.


Num desses jantares, conhecemos
os amigos Keith e Marilyn, de Manitoba (foto à esquerda) e a famosa vegetarian chicken pizza.
Em primeiro de julho, dia do
aniversário do Canadá,
conhecemos a mãe do Zenon
(foto à direita).








No início de agosto - já faz um mês
- fomos com Zenon e Mary-Anne
para Montreal, onde conhecemos Justine (mãe de Mary-Anne), Joseph (seu amigo), além de Ricky e Jan, que moram em Vermont - Estados Unidos.





Amigos brasileiros no Canadá:

Nos primeiros dias em London conhecemos a Nicee, uma brasileira que mora aqui há 10 anos e a partir dela, eu conheci um grupo todo de mulheres brasileiras que, por diferentes razões, imigraram para o Canadá.
Tem a Cláudia, uma gaúcha de Novo Hamburgo, já mora aqui há vários anos e lê nosso blog, diariamente. A Rozane, não é gaúcha legítima, mas é de coração - já morou lá há algum tempo - é outro doce de pessoa.

A Alba me indicou a cabeleireira que deixou meus cabelos tão bonitos, a Cris, que nos acolheu em sua casa para aquele churrasco maravilhoso no dia das mães e a Lia, que fala comigo pelo MSN.





Em Montreal conhecemos mais um casal de brasileiros: O Guilherme e a Ana que vieram buscar novas oportunidades nestas terras geladas.





Os amigos queridos de Toronto... Júnior e Sheila, gaúchos
como nós
- ele, de Três Coroas e ela, de Porto Alegre. Nos receberam
de braços e corações abertos em Toronto, quando fomos assistir ao Fantasma da Ópera.

Aliás, nesta sexta-feira, dia 7 de setembro, o Júnior e a Sheila virão nos visitar e na próxima semana eu vou contar as aventuras do fim de semana.





Para terminar este post, preciso contar o que aconteceu hoje: Pela primeira vez em 6 meses, uma pessoa me chamou pelo nome em plena calçada de London!!! Era a Ethel, uma senhora que trabalha lá no Big Sisters of London.
Parece pouco, mas para mim, que moro numa pequena cidade brasileira e estou vivendo num lugar onde ninguém me conhecia há 6 meses, ser chamada pelo nome na rua é maravilhoso!

Então, alguém me ajuda a definir se 6 meses no Canadá é muito ou pouco tempo??? Difícil, não?

A pesquisa do Iuri

No último sábado o Iuri e eu fomos à Universidade de Western Ontário, mais especificamente no setor de cópias, apanhar os questionários impressos e grampeados. Foram cinco caixas de questionários, uma com cartas de confirmação de recebimento e uma caixa com envelopes para resposta.
Foi emocionante transportar todas aquelas caixas desde o setor de cópias, através do pátio do Campus Universitário, até o escritório do Iuri, na Ivey Busines School. Usamos dois carrinhos daqueles especiais para transporte de pequenas cargas.
Como segunda feira foi feriado aqui no Canadá (dia do trabalhador), O Iuri teve a terça-feira e a manhã de hoje para concluir as ligações telefônicas para as empresas canadenses. Precisava completar alguns dados que estavam faltando para poder imprimir as etiquetas.
Hoje, finalmente, as etiquetas puderam ser impressas.

Passamos a tarde montando os kits: questionários, carta de
confirmação e envelope para resposta.
É um trabalho super operacional, mas apesar disso, me causa uma alegria muito grande por saber que disso depende a tese de doutorado do Iuri.

Vídeos que registram esses momentos emocionantes estão em:

http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/TrabalhoEmEquipe

terça-feira, 4 de setembro de 2007

E os filhos vão crescendo

Meu sobrinho Lorenzo já fica em pé, se apoiando nas coisas.

Algumas coisas a gente curte, outras nem tanto: quando minha filha ficou em pé, assim como o Lorenzo está fazendo, quase explodi de felicidade. Já quando eu levei ela ao supermercado e estava "dando sopa" um daqueles cobiçados carrinhos que a criança "dirige", fiz menção de sair correndo e pegar e ela me olha com aquele olhar constrangido e diz: "Pai, já tenho 6 anos!"... Cara, doeu.

Sempre parece que eles crescem muito rápido depois de um tempo, como o ano que parece correr para chegar ao fim, depois de setembro.

De qualquer forma, acho muito lindas as fotos que recebo dos dois juntos: como os priminhos se gostam! Essa do carro foi ótima. Minha irmã disse que parou o carro, em um acostamento do meio do caminho entre a casa de meus pais e a dela, para fazer essa foto. Achei lindo o detalhe das mãos dadas!

Bem, pelo menos ela ainda dorme quando o carro entra em movimento... algumas coisas não mudaram.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Sotaque canadense

Estamos ficando com sotaque canadense. Todos os falantes têm o sotaque característico de sua região, e muitos o carregam por toda a vida. Outros adquirem: é o nosso caso com o "inglês canadense/londrino".

O irmão mais novo da Nara, por exemplo, foi morar no Rio (lá se diz RIIU), e descobriu que o padre fala "por Crixto, com Crixto e em Crixto". Aqui, se diz "by Him, with Him, and in Him", o que dito rapidinho na hora da missa parece "baiRimuiRimiRim"...

Já conseguimos falar "Torondo" (Toronto), "Óraua" (Ottawa), "Landam" (London), "clóset" (e não clôset), bem como "OK, folks". Enfim, estamos ficando "uns brasileiros tipicamente canadenses", seja lá o que queira dizer isso. Na minha opinião, é importante falar assim, especialmente para não ser corrigido pelos locais, porque toda vez que um local te corrige, ele pára de prestar atenção no que estás dizendo para prestar atenção no como falas (mal).

Mas também é importante voltar para o Brasil e falar como brasileiros. Tive um professor do mestrado que havia feito o seu doutorado no Canadá e falou Óraua na aula. Fiquei um tempo (segundos) até decifrar o que ele havia dito (Ottawa). Resultado: perdi o que ele havia falado depois. Se as pessoas dizem "New York", nos Estados Unidos, não há porque dizê-lo assim no Brasil - fala Nova Iorque, pô!

Então, espero voltar ao Brasil e continuar falando "Tôrônto", "Ôtáua" e "Lôndres". Embora inevitavelmente acabarão saindo algumas besteiras, como kitchen sink ao invés de pia da cozinha e cabinets ao invés de armários. Hoje já nos vêm primeiro a palavra em inglês, mesmo quando estamos falando português entre nós.

Foi engraçado o dia em que disse para a Mary-Anne e o Zenon que estamos começando a falar com o sotaque daqui... Eles se olharam e perguntaram: "Nós temos sotaque?". Achei graça: neozelandeses e australianos têm sotaque? "Sim", disseram. Americanos têm sotaque? (claro que sim, parece que estão mascando chiclete, principalmente no sul do país) "Muito!", responderam. E os ingleses? "Esses têm um sotaque muito forte", disseram. Comecei a rir muito: eles "inventaram" a língua e têm sotaque, e vocês não! Parece a gente, no Brasil, que diz que os portugueses têm sotaque. Sotaque temos nós!

E eu que pensava que o único povo do planeta que acha que não têm sotaque é o gaúcho...

Moqueca de Peixe 2

Bom, gostaria de complementar o post da Nara com alguns detalhes técnicos da nossa janta (hehehe).

Fazia quase 20 anos que eu não fazia moqueca, acho... Da primeira e última vez, estávamos na casa dos pais do Tibério em Garopaba e "seu" Abade foi me dando as dicas, em uma de suas maravilhosas sessões de "relação capital-trabalho": ele entrava com o capital (comprava a comida) e nós (eu e o Tibério) com o trabalho. Era divertido.

Aqui, sem o "seu" Abade ajudando e com os ingredientes improvisados, o resultado foi, na minha opinião, insatisfatório. Todos gostaram, ou pelo menos elogiaram, como fariam pessoas bem-educadas que vão comer na casa de amigos. Mas eu tenho senso crítico e sei que podia ter saído melhor.

Tudo começou em um dia que Nara e eu estávamos passeando no Covent Garden Market, o mercado público de London, e vi uma lata de leite de côco para vender em uma banca de comida tailandesa. Pensei: "moqueca!" Daí a oferecer o prato experimental para meia dúzia de pessoas, para quem conhece minha insanidade como anfitrião, foi um pequeno passo.

Fui para a internet conseguir as receitas. Usei uma abordagem diferente dessa vez. Sou cliente de carteirinha do site Cybercook (http://www.cybercook.com.br/). Geralmente, batuco lá o nome do ingrediente ou da receita, vêm umas cinco ou seis diferentes, não gosto de nenhuma na íntegra, combino umas 2 ou 3 e sai alguma coisa a contento. Dessa vez fui pesquisar no Google. Não gostei muito do formato das respostas. Além disso, abri uma receita e fiquei com ela mesmo, não fazendo grandes mexidas.

Eu queria fazer uma moqueca e um pirão, para os quais não tinha nenhuma receita. Peguei a receita de moqueca no site do Olivier Anquier (ver aqui). Da receita dele, só não comprei o alho, que nunca uso, pois me provoca indigestão, e o azeite de dendê, por razões óbvias. Substitui o azeite de dendê por azeite de oliva... ficou uma receita ítalo-afro-brasileira. Comprei o "peixe branco do norte do Canadá", seja lá o que seja isso, por duas razões: ele era vendido inteiro, com cabeça e tinha um "corpinho gordinho", que me permitiria tirar postas de tamanho bom. Comprei também o camarão "tigre", cru e limpo.

Para o pirão, usei a receita de um site chamado Chef Online (ver aqui), que achei no Google. A receita não é das piores. Como na outra receita, apenas não comprei o alho. Tínhamos ainda farinha de mandioca que compramos no Açougue Nosso Talho, em Toronto (precisamos comprar mais...)

Bom, na hora de cozinhar tive que improvisar umas coisas. Tentei montar a moqueca no frigideirão, pois estava usando nossas 2 outras panelas, uma para o arroz e outra para o pirão. Isso deu uma camada inferior de tomate/cebola, uma camada de peixe e uma camada superior de tomate/cebola. Sem espaço para mais nada... Ou seja, não consegui usar o camarão. Pensando melhor, 1 kg de camarão para 1kg de peixe é um exagero. Forte como é o gosto de camarão, uns 300g para 1,5-2kg de peixe vai estar de bom tamanho. Para não perder a viagem, coloquei 340g de camarão no pirão, que ficou sem sal e com gosto de desinfetante, por causa do coentro em ramo. Na receita dizia um maço de 120g, mas eu não tinha balança e botei um ramo "padrão canadense", assim como veio do supermercado (lavei antes, é lógico). Outro exagero é a quantidade de farinha: 2 xícaras para 2,5 litros de água que ficaram fervendo 45 minutos! O pirão deu ponto com menos de uma xícara, acho (fui fazendo "a olho").

Lições aprendidas: voltar a usar o Cybercook e voltar a misturar as receitas até criar uma que preste. Erros que ainda vou continuar cometendo: substituir ingredientes e convidar pessoas para comer pratos experimentais. Como sempre digo, se ficar MUITO ruim, chamo uma pizza. Se ficar medianamente ruim, dali a 3 horas as pessoas já terão digerido. O menos importante, quando se vai comer na casa dos amigos, é a comida... o importante são os amigos!

Como disse o Keith (ver vídeo do post da Nara), foi o melhor prato brasileiro que ele já comeu na vida (e o único). Como nossos convidados nunca haviam comido moqueca antes, não têm parâmetro de comparação, mesmo. De qualquer maneira, na próxima vez, farei uma moqueca e pirão melhores. Se for depois de janeiro do ano que vem, com direito a azeite de dendê.

Moqueca de peixe / Sea food

[there is an English version of this post in the end]

Ontem à noite o Iuri e eu recebemos nossos amigos Zenon, Mary-Anne, Keith e Marilyn para jantar em nossa casa.

O prato foi uma típica comida brasileira à base de frutos do mar: moqueca de peixe, arroz, salada mista e pirão.

Essa foto à esquerda mostra o Iuri começando o processo de "descamação" dos peixes.

A janta ficou gostosa, mas o melhor de tudo foi a companhia dos amigos em nossa própria casa aqui em London. Nos divertimos muito.

O Keith fez um comentário sobre o Iuri estar cozinhando para tanta gente e o Zenon respondeu: "Ele está acostumado a cozinhar para 20 no Brasil". Geralmente somos só 12 lá em casa - risos.


Algumas fotos e vídeos legais encontram-se no endereço:

http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/JantarEmNossaCasaDeLondon


English version:

Last night Iuri and I received our friends Zenon, Mary-Anne, Keith and Marilyn in our house. They came for supper and Iuri made a popular Brazilian sea food: Moqueca de peixe, rice, salad and pirão.

The picture above shows Iuri taking off the scales of the fishes.

The supper was good but having our friends with us in our own house was the most important thing. We had a grate time!

Keith said something about Iuri had to cook for so many people and Zenon told him that Iuri is used to do that for 20 in Brazil. In fact we are used to cook just for 12 (laugh).

Some pictures and videos can be seen at:

http://picasaweb.google.com/Nara.Maria.Muller/JantarEmNossaCasaDeLondon

Labour Day

O Dia do Trabalhador, como se sabe, é comemorado no dia 1º de maio, no Brasil e outras partes do mundo. No dia 1º de maio de 1886, em Chicago, Estados Unidos, iniciaram-se uma série de protestos de trabalhadores para melhoria das suas condições de trabalho, que desembocaram em confrontos com a polícia, e finalmente morte de trabalhadores [ver artigo na Wikipédia a respeito].

Estranhamente, nos Estados Unidos, onde a tragédia aconteceu, o Dia do Trabalho (Labor Day) é comemorado em outra data: a primeira segunda-feira de setembro. A origem dessa data é completamente diversa: foi uma solicitação do Sindicato Central dos Trabalhadores, para que os trabalhadores tivessem um dia de folga. Começou a acontecer em 1882 e foi decretada como feriado nacional em 1894 [ver artigo da Wikipedia, em inglês].

O Canadá segue o padrão americano, e comemora a data na primeira segunda-feira de setembro, ou seja, hoje [ver o artigo da Wikipedia, seção sobre o Canadá]. Em geral, as aulas começam na semana seguinte ao Labour Day ("labour", com u mesmo: inglês canadense...), e esse final de semana é a última chance para os pais de crianças em idade escolar de "fugir da cidade".

Para os pais de filhos universitários, a missão é outra: mover seus babies em segurança para o seu novo habitat. Falamos com uma caixa do supermercado esse final de semana e ela disse que o movimento estava totalmente fora do comum nesses dias, com "tickets" de 300, 400 dólares. Eram os pais fazendo "o rancho", como se diz no Sul, para os filhotes. Como London é uma cidade universitária, víamos por todos os lugares os carros chegando com reboques (provalvemente alugados) com móveis velhos e colchões, para acomodar os estudantes em suas novas "casas" (algumas vezes, "pocilga" seria uma expressão mais apropriada para o estado que alguns estudantes deixam as casas onde moram... imagina um guri/guria que saiu faz dois meses do ensino médio e sempre morou com os pais passar a morar sozinho ou com outros estudantes da mesma idade!). Os pais super-preocupados em fazer compras de supermercado para os filhos e eles mais a fim de comer pizza e beber... hehehe.

A Ivey (escola de administração) já começou as aulas na semana passada, mas o resto da Western começa agora, quinta-feira. Até lá, todos os reboques e caminhões (sim, aqui motoristas "normais" podem dirigir pequenos caminhões baú) estarão alugados pelos pais, bem como todas as empresas de mudança, no esforço de trazer de volta para a cidade os alunos que saíram daqui em maio, de férias.

Nas próximas fotos em que mostrarmos o campus da universidade, talvez se tenha de volta aquele clima gostoso, de alunos circulando, que a gente sentia falta no verão.